Há alguns antecedentes de uniões
monetárias na história europeia. Podíamos começar pelos casos da Alemanha e
Itália no século XIX. Mas talvez esses não sejam os melhores exemplos, porque
coincidiram com o nascimento de dois Estados. Uma analogia interessante é a
união monetária austro-húngara, a partir de 1867. A monarquia dual dos Habsburgos
permitia a livre circulação de bens e capital e havia um único banco central.
Havia completa autonomia fiscal de cada um dos seus constituintes. Existiam múltiplas nacionalidades,
mas havia um exército comum. Antes da I Guerra Mundial, tanto a Áustria como a
Hungria geravam défices consideráveis. Todavia, sem grande dificuldade, estes
eram absorvidos pelos mercados obrigacionistas internos e internacionais. Com a
guerra tudo se alterou. Verificou-se um brutal aumento da despesa e do
endividamento e, em consequência, da inflação, ainda que de forma assimétrica
dentro do Império. No final da Guerra, a desintegração política levou quase de
imediato à desintegração da união monetária, começando com a decisão da
Jugoslávia em se separar em Janeiro de 1919. Seguiram-lhe os passos os checos e
os austríacos. Em Setembro de 1919, o Banco central Austro-Húngaro foi “liquidado”.
Outra experiência é a União
Monetária Latina (1865-1927), que incluía a França. Bélgica, Suíça, Itália,
Estados papais e, mais tarde, a Grécia. Não havia um banco central, mas havia
uma motivação de unificação política, e já se falava na altura numa “Comissão
Europeia” e num “Parlamento Europeu”. As coisas começaram a correr mal com o
laxismo fiscal dos italianos (e sobretudo do estado papal), cujos custos eram
muito elevados para os outros membros da União. A Guerra franco-prussiana de 1870 foi fatal. A
coisa manteve-se até 1927, porque se considerava que os custos da sua
dissolução seriam demasiado elevados.
Mais recentemente, três uniões
monetárias sobreviveram apenas uns anos após a separação de anteriores uniões
políticas: entre os 11 membros da Confederação de Estados independentes da
antiga União Soviética; entre os membros da antiga República Federal da
Jugoslávia; entre a República Checa e a Eslováquia.
Moral da história? As uniões
monetárias entre Estados soberanos desintegram-se quando as exigências da
política orçamental nacional se tornam incompatíveis com as restrições impostas por
uma única moeda internacional.
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