Em
Portugal, apesar dos progressos, continuamos a ter um “Estado patrimonial” muito
forte, para usar a famosa expressão de Max Weber. Ou seja, as elites políticas
vêem o Estado como uma forma de enriquecimento pessoal. A esquerda radical, com
razão, não se tem cansado de denunciar a corrupção, a promiscuidade de
interesses públicos e privados, etc.. Mas essa mesma esquerda, se pudesse, nacionalizava
tudo. Supostamente, dessa forma, os ganhos seriam equitativamente distribuídos
pelos trabalhadores e consumidores, em vez de ficarem nas mãos dos capitalistas
exploradores.
Se
confundir o Estado com o governo é um erro, tratá-los como entidades
completamente distintas é também um absurdo. É neste segundo tipo de erro que a
esquerda cai.
A
esquerda gostaria que as empresas (pelo menos, as “estratégicas”) estivessem
nas mãos do Estado. O problema é que o Estado não tem mãos, quem tem mãos são
os indivíduos. A esquerda fala como se o governo pudesse ser incompetente ou corrupto, mas o Estado, vá-se lá saber porquê, estivesse naturalmente investido de
nobreza e dignidade e pairasse sempre acima das fraquezas e dos vícios humanos. Infelizmente, o Estado não é nada disso. O Estado são pessoas, muitas vezes escolhidas
e nomeadas pelo tal governo “incompetente e corrupto”.
Uma coisa que me dá a ideia é que por norma a direita gosta do governo (isto é, de "líderes", de "decisores", de "grandes homens", e até de manuais de História centrados na história política) mas não gosta do estado, e a esquerda gosta do estado mas não gosta do governo (mesmo o que os marxistas chamam "abolição do Estado" parece-me sobretudo "abolição do governo", com um Estado a funcionar em piloto automático).
ResponderEliminarMuito interessante este teu comentário, Miguel.
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