quarta-feira, 8 de julho de 2015

De onde vem tamanha sobranceria?

Poderemos estar à beira de um acordo na Grécia. A Grécia está quase de joelhos, porque sem o acordo pode ser o caos. Vejo muitos conterrâneos alegres com isso.

Tanta sobranceria é totalmente deslocada. Se os ventos mudarem em Portugal, também nós estaremos daqui a uns tempos a pedir mais apoios e perdão de dívidas. Aliás, bastava o programa do BCE não ser aplicado a Portugal para as nossas taxas de juro estarem bem, bem lá em cima. E, se assim fosse, não estaríamos a cantar de galo, a nossa dívida estaria numa trajectória bem insustentável. Ou seja, estaríamos também a pedir mais empréstimos e perdões de dívida. 


Algum silêncio solene é devido, nem que mais não seja porque ainda não nos livrámos desse destino.

8 comentários:

  1. Caro LA-C,

    É uma reacção muito humana, do género "eu posso ser pobre, mas tu és mais pobre que eu!" (substitua-se pobre pelo que se quiser).

    Sempre achei que a posição portuguesa deveria ser de serena neutralidade - sim o programa (aparentemente e com alguns "ajustes" mais ou menos voluntários) funcionou connosco, mas isso não implica que funcione na Grécia, isto não é one-size-fits-all. Como país intervencionado deviamos pura e simplesmente abstermo-nos das decisões e apenas votar quando existir uma unanimidade. Escolhemos outro caminho, que deploro - mas não fico admirado.

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    1. Funcionou connosco, mas houve uma grande componente de sorte. Nós nunca chegámos a fazer as reformas previstas no programa de ajustamento e note-se que é por causa da ausência de reformas que a Grécia é tratada mal. Ou seja, se tropeçarmos vamos ser tratados da mesma forma como se tratam os gregos.

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    2. Estamos a ser maltratados!, basta observar mais de perto (micro)

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    3. Sim, Rita. Mas exactamente por existem uma conjugação de factores externos ao programa em si é que deviamos estar calados.

      A blogoesfero pro-Governo (que, ainda por cima, é da minha área política) andou ontem toda entusiasmada com uma intervenção do ex-PM Belga, Guy Verhofstadt, no Parlamento Europeu e dirigida ao Tsipras.

      O que ele diz tem razão: que os Gregos têm de reformar o país, de o transformar numa economia moderna, etc. Mas os tipos que lá estão, estão há SEIS MESES. Nos últimos 5 anos, com governos Pasok ou Nova Democracia, nunca ninguém achou por bem dizer isso no Parlamento Europeu. Kick'em when they're down!

      O Syriza é um pária político. Pior só se tivessem eleito o Aurora Dourada. E, como tal, não é "dos nossos" (sejam os Socialistas, sejam os do Partido Popular Europeu) e não pode ser permitido terem folga. É política da mais rasteira.

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    4. Desculpe mas não podia estar mais em desacordo consigo. O programa não funcionou connosco, a não ser que o único critério que considere seja o facto de termos acesso a financiamento da dívida pública nos mercados. Mesmo que esse seja o factor que considera como definidor de sucesso seria bom que tivesse em conta que o facto de termos acesso ao financiamento deve-se muito mais à política do BCE de aceitar a dívida portuguesa como colateral do que as tristes medidas de austeridade impostas.

      Por outro lado se olhar para indicadores que na minha opinião realmente medem o sucesso do programa como:
      - PIB
      - emigração
      Estes indicadores mostram que o programa foi um desastre completo e que todos as previsões feitas aquando do acordo não foram minimamente cumpridas, sendo os resultados muito negativos. Alás foi a constatação deste facto que levou à demissão do ministro Vítor Gaspar, que assumiu claramente que os multiplicadores que tinham sido utilizados nas previsões aquando da assinatura do MoU eram demasiado optimistas.

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    5. Desculpe mas não podia estar mais em desacordo consigo. O programa não funcionou connosco, a não ser que o único critério que considere seja o facto de termos acesso a financiamento da dívida pública nos mercados. Mesmo que esse seja o factor que considera como definidor de sucesso seria bom que tivesse em conta que o facto de termos acesso ao financiamento deve-se muito mais à política do BCE de aceitar a dívida portuguesa como colateral do que as tristes medidas de austeridade impostas.

      Por outro lado se olhar para indicadores que na minha opinião realmente medem o sucesso do programa como:
      - PIB
      - emigração
      Estes indicadores mostram que o programa foi um desastre completo e que todos as previsões feitas aquando do acordo não foram minimamente cumpridas, sendo os resultados muito negativos. Alás foi a constatação deste facto que levou à demissão do ministro Vítor Gaspar, que assumiu claramente que os multiplicadores que tinham sido utilizados nas previsões aquando da assinatura do MoU eram demasiado optimistas.

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  2. Meu caro Aguiar Conraria, conhecendo a direcção editorial e grande maioria dos seus opinadores a tal sobranceria que o meu caro ali lê não será de enternecimento!?
    Eu, sinceramente, não leio ali nada de sobranceiro!! Leio um relato coincidente com o de outros meios de informação, insuspeitos, tal como o DN, de antipatia para com o actual governo Grego e insuspeitos de qualquer simpatia para com o actual governo Português!!

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