(fotos tiradas de um post sobre "rapazes e bonecas" - em alemão)
A empresa fez esta mudança sem dramas, mas algumas pessoas ficaram chocadas. Se bem entendi os comentários nos jornais online (também, quem me mandou ler?!), teme-se que os miúdos dêem todos em homossexuais, por terem liberdade de escolher entre um pequeno pónei e um transformer.
Nestas discussões fico sempre muito impressionada com a falta de confiança na Natureza. Até parece que a homossexualidade tem um tal poder de sedução que nos obriga a orientar e vigiar permanentemente as nossas crias, para que elas não cedam à "tentação dos maus caminhos".
Podia continuar a brincar com esta história, mas o caso é sério. Deixando de lado a questão do condicionamento para corresponder a determinados papéis predefinidos, quero chamar a atenção para a vida emocional dos nossos rapazinhos. Para os proteger, era importante evitar ao máximo a classificação "para meninas". Na nossa sociedade, infelizmente, um rapaz que se interesse por coisas de meninas é cruelmente ridicularizado. Um miúdo tem de pensar duas vezes antes de pedir "um brinquedo de meninas" na caixa do McDonald's. Uma miúda pode usar jeans à vontade, um rapaz não pode usar vestidos. A miúda pode jogar à bola (agora já nem é maria rapaz, é apenas desportiva), o rapaz não pode brincar com bonecas. Não quero dizer com isto que os rapazes devam ser obrigados a brincar com bonecas, mas que, simplesmente, não deviam ser obrigados a preferir determinado tipo de brinquedos só porque é isso que se espera deles e não têm coragem de assumir que gostam de outros. Qual é o problema de um rapaz experimentar saias, maquilhagem, pintar as unhas? Se quiser fazer isso, qual é o problema? O caminho para a maturidade passa pela escuta de si próprio, e não pelo acomodamento a formas predefinidas.
Como se dizia antes: menino ou menina? Não interessa! O importante é que tenha saúde.
E por falar em saúde: tanta conversa sobre os brinquedos do McDonald's, e ninguém informa que aquilo não é alimentação decente para ninguém, e muito menos para as nossas crianças?!
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A propósito de rapazes e bonecas: conheço um miúdo a quem a mãe deu um boneco de pano quando tinha três anos. Era o "Peterle", e ficaram grandes amigos. Ora, um boneco de pano que acompanha um rapazinho para todo o lado, acaba por se estragar. Ao fim de uns anos o Peterle já estava todos remendado e meio careca. Quando o infantário organizou uma pajamas party para os miúdos que passavam para a escola primária, o rapazinho quis levar o seu Peterle. Temendo que ele fosse gozado por levar uma boneca, para mais naquele desgraçado estado de conservação, a mãe perguntou-lhe:
- Achas mesmo boa ideia levar o Peterle?
- Tens razão - respondeu ele, depois de pensar um bocadinho. Os outros meninos podiam ficar com inveja.
Por falar em rapazes pintarem as unhas, houve uma grande polémica nos EUA há uns anos por a Jenna Lyons ter pintado as unhas ao filho de cor-de-rosa choque. A Fox News deliciou-se com a Jenna; a comunidade gay deliciou-se com a Fox News. E viveram infelizes para sempre...
ResponderEliminarPela resposta final do menino, imagino o historial de brincadeiras que já haviam decorrido entre ele e... a boneca. (seria o brinquedo, insuflável?)
ResponderEliminarVários teóricos do "género" têm estado baralhados na medida em que confundem a linguagem com as atitudes. Às vezes parece-me que nem sequer aprenderam a diferença.
ResponderEliminarRita,
ResponderEliminare que se diz da filha dos Brangelina? A miúda recusa-se a usar saias, quer o cabelo curto, e pede para lhe chamarem John.
Aquela família arranja sempre maneira de nos agitar os neurónios.
Bartolomeu,
não entendi nada do seu comentário.
Isidro,
pode desenvolver um pouco? Parece-me muito interessante.
A ideologia do género é um atalho para a ideologia da liberdade e é por isso que tanto é usada como espantalho para evitá-la como limitada à linguagem politicamente correcta, de modo a esvaziá-la. Tanto acontece por perversidade como por ignorância ou simples incompetência.
EliminarÉ o que se passa no caso das refeições de palha que vão ter para toda a gente a solução que sempre tiveram comigo - quando me perguntavam se era para menino ou menina, eu pedia que me mostrassem as opções e era perante estas que escolhia, renunciava, dizia que pusessem qualquer ou nenhum, porque o seu destino imediato era quase sempre o lixo.
É que, por muito que existam preferências médias, e na moda, entre os meninos e as meninas não é possível ter brinquedos para cada grupo, porque trata-se de uma escolha individual (a questão da liberdade a que me referi mais acima) que, como é bom de ver, é exercida directamente ou através da família, não podendo empresa nenhuma usurpá-la, como bem sabe qualquer gestor criterioso e ético.
Ora bem! :)
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