domingo, 9 de outubro de 2016

A extrema-esquerda norte-americana

Muito foi dito e escrito sobre o fenómeno Bernie Sanders. Que era um fenómeno extraordinário, que estava a mudar o panorama da política mainstream norte-americana, trazendo a “verdadeira” esquerda para o centro do debate, que era mais um sintoma das consequências da hiperglobalização.

Mas, na verdade, e olhando objectivamente para os factos, Sanders de especial não teve nada. Desafios à liderança do Partido Democrata pela esquerda são a norma, e não a excepção. São sempre mal-sucedidos porque são movimentos de homens brancos liberais. A causa da sua derrota é sempre a mesma e não é um complot dos new dems brancos e privilegiados. É bem mais parcimoniosa e salta aos olhos em qualquer estudo eleitoral demográfico. A causa da derrota das facções mais esquerda é mesmo a sua incapacidade de conquistar o voto latino e o voto afro-americano. Isto faz com que não consigam ganhar nunca a maioria do voto popular democrata. Sanders não foi excepção. A única excepção foi Barack Obama, em 2008, que, pelas suas características pessoais, conseguiu juntar, ao voto branco, o voto afro-americano.

Eu não pertenço à extrema-esquerda, mas se pertencesse estaria agora, no rescaldo de mais um fracasso, a fazer uma pergunta óbvia, mas fundamental. Porque é que a extrema-esquerda norte-americana não consegue conquistar o voto das minorias étnicas? Porque perde repetidamente o voto daqueles que, segundo a sua própria visão do mundo, mais beneficiariam com a sua chegada ao poder? A resposta a esta pergunta tem um significado político importante.

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