domingo, 25 de dezembro de 2022

Ainda o Elliott

As fotografias desta tempestade são quase de outro mundo. Há zonas nos EUA que estão em situação bastante grave, com pessoas sem electricidade e sem água, como é o caso de uma antiga colega minha que se mudou para Denver, na Carolina do Norte, mas felizmente tinha lareira a gás. 

O país recebeu bastantes avisos com antecedência e há planos de emergência para lidar com os picos na procura de energia, mas mesmo assim esta tempestade é bastante mais severa do que o normal. Talvez se compare com o inverno de 1983, só que desde então as casas são muito maiores, há mais casas, e até muito mais aparelhos que ligamos à electricidade e à rede de gás. Perante esta crise, fico feliz de não ter montado a árvore de Natal, nem de ter colocado luzes na casa. 

Em algumas cidades, há uma lista de voluntários que se comprometem a reduzir o consumo de energia para criar folga para os restantes, mas quando isso não funciona, a rede entra em modo intermitente, os chamados rolling blackouts, em que a energia é desligada por um período de tempo rotativamente. Em Memphis, os rolling blackouts foram introduzidos para reduzir a carga energética em 5-10%; tinham duração média de 30 minutos e terminaram a meio da manhã de Sábado. Talvez seja essa a razão de eu ter estado sem electricidade na Sexta-feira.  

O Luís perguntou acerca da temperatura da minha casa. No Inverno, o termostato normalmente está nos 19,4℃, mas nos 45 minutos em que estive sem energia, a temperatura desceu para os 16℃, apesar de ter a lareira ligada. Claro que não chega a ser desagradável sequer e tive bastante sorte porque há pessoas que estão há mais tempo sem electricidade e não têm fogão, nem lareira a gás. 

Por coincidência, hoje terminei de ler o livro "The Laws of Simplicity", do John Maeda, onde numa página quase no fim ele se refere às ideias de Ivan Illich: "The lesson I've taken from Illich's work is that while technology is an exhilarating enabler, it can be an exasperating disabler as well." E, efectivamente, as nossas casas perderam alguma autonomia e nós também perdemos alguma capacidade de lidar com a vida pré-teccnologia.    

Feliz Natal a todos!

1 comentário:

  1. Feliz Natal! Obrigada por voltar aos textos diários, que leio com prazer.

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