Um blogue de tip@s que percebem montes de Economia, Estatística, História, Filosofia, Cinema, Roupa Interior Feminina, Literatura, Laser Alexandrite, Religião, Pontes, Educação, Direito e Constituições. Numa palavra, holísticos.
sábado, 12 de novembro de 2016
O campeonato até agora...
A mesma coisa aconteceu com o Brexit, onde muita gente votou a favor porque não pensava que iria ser esse o resultado -- estavam a contar que um número suficiente de outros votassem a favor porque assim o previam as polls, logo descontaram o risco da opção que não queriam. Isto também é consistente com os resultados das eleições portuguesas, onde muitos dos que votaram em branco, ou não votaram, ou votaram em partidos menores, como forma de protesto, acharam mal que o PS tivesse formado uma Geringonça.
Resumindo e concluindo, é preciso investigar se as polls se tornaram uma variável explicativa do resultado final da eleição. Parece-me também que o voto de protesto, quando a opção não-favorita é má, pode acabar por ser um tiro nos pés.
Análise do dia seguinte
Já têm dois modelos de partida: o de Nate Silver que acerta em uma e falha a outra e tem em conta todos os escândalos e suspeitas de ambos os candidatos porque é continuamente actualizado com novos dados, ou seja é um modelo dinâmico; o modelo das chaves, que acertou nas duas vitórias, mas ignora toda dinâmica de escândalos e suspeitas e se concentra em treze chaves básicas e é essencialmente um modelo estático.
sexta-feira, 6 de maio de 2016
Contem comigo...
terça-feira, 12 de abril de 2016
Inacreditável...
Se os meus modelos tivessem erros desta magnitude, eu não teria emprego...
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
Proposta
P.S. Note-se que a Fitch apenas ameaçou; ainda não baixou o rating...
sábado, 18 de abril de 2015
Fraude e abuso de crianças
Quando nós usamos um cartão de crédito, a informação da transacção é enviada para um computador que usa as características da transacção como inputs num modelo para determinar se deve ser aceite. Há vários tipos de modelos para fazer isto, uns mais sofisticados do que outros: modelos de variáveis dependentes limitadas, modelos de Markov escondidos, redes Bayesianas, etc. (Nos links incluí alguns papers como exemplos, mas muitos mais há.) Uns calculam a probabilidade de o cliente pagar o crédito ao banco, outros computam a probabilidade de a transacção ser fraudulenta, etc. A literatura está cheia de estudos destes modelos para efeitos de fraude de cartões de crédito.
Tenho especial carinho pelos modelos de variáveis dependentes limitadas porque são poderosos e relativamente fáceis de construir e usar e aplicam-se a muitas áreas, por exemplo, podem ser usados para determinar os factores de risco que afectam a probabilidade de uma criança ter excesso de peso. Talvez, já se tenham apercebido do que eu estou a pensar. Um modelo deste tipo poderia ser construído para identificar os factores que contribuem ou que estão associados a uma criança estar em risco de ser vítima de violência doméstica. Bastava digitalizar toda a informação dos casos de crianças que estiveram sob a alçada da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, ou outra entidade, e analisar os dados.
Poder-se-ia construir vários modelos: risco no espaço de um mês, risco no espaço de três meses, etc. Risco pode ser definido como uma hospitalização da criança, abuso sexual, morte, etc. Quando a CPCJ recebia uma denúncia, demorava-se uma ou duas semanas a recolher informação acerca da criança e bastaria fazer os inputs das características da criança e da sua família e ter-se-ia uma estimativa de risco, o que permitiria priorizar os casos.
Os modelos deste tipo também teriam uma outra vantagem: permitiriam identificar quais as características que aumentam o sucesso da intervenção, quer dizer, que factores é que estão associados a um nível de risco mais baixo: será que o ideal é fazer uma visita ao domicílio no espaço de um mês após receber a queixa, ou é mais eficaz mandar chamar a família ao gabinete, ou pedir a intervenção do Ministério Público quando se reúnem certas condições, etc. Análises deste tipo também seriam importantes quando se está a formular legislação porque permitiriam ao legislador fazer leis mais eficazes para a protecção de menores.
Os modelos não devem ser a única forma de orientar a acção destes serviços. As profissionais que lá trabalham poderiam ter uma percepção de risco para uma criança muito maior do que o que o modelo indicasse, o que deveria aumentar a prioridade do caso, mas quando os serviços têm recursos escassos e muitos casos, um protocolo de acção que use estes modelos seria bastante benéfico, que o digam as empresas que oferecem cartões de crédito aos clientes.
quinta-feira, 9 de abril de 2015
Três mil milhões de anos
Eu fiquei um bocado parva quando li a coisa dos três mil milhões de anos. Como é que se calcula uma coisa destas? Só usando uma distribuição probabilística teórica é que isto acontece. Notem o contexto disto: o homem existe há, talvez, sete milhões de anos e, em 2014, saiu-nos a sorte grande na variação dos yields dos certificados de tesouraria americana, um país que foi fundado em 1776. Se o evento não tivesse acontecido, continuaríamos a presumir que a probabilidade teórica é uma boa indicação de risco?
Pergunto-me como é possível estes bancos enormes, que têm dinheiro para comprar bons cérebros, continuarem a invocar os resultados de distribuições teóricas, quando foi exactamente essa uma das causas da má gestão de risco que nos levou à crise de 2008. Não seria melhor presumir que a probabilidade deste milagre nas yields dos certificados de tesouro seria muito mais alta do que a distribuição teórica indicava? OK, OK, talvez no contexto da idade do universo isto faça mais sentido, especialmente porque muitos dos cérebros de Wall St. vêm das ciências duras e dizem sempre que nós, economistas, temos uns modelos fraquitos.
quarta-feira, 18 de março de 2015
It's getting hard...
Robert Shiller, 18/3/2015
We must, nevertheless, acknowledge the irony of it all. We got into a mess because many people, many of whom were not economists, were playing with econometrics, making predictions outside of sample and assuming that the confidence that they had in the predictions was the same as if they were in-sample predictions. And because they were so damned wrong, the market crashed so hard that they fundamentally changed the behavior of the market. Now we are back to square one: we do not have enough data of this new behavior to learn how it works. We have computer power and tools, but not enough usable data.
The thing is, if you push the data in physics, even if you screw up, you're not going to fundamentally change the laws of the universe. If you push the data in economics, if you screw up, you can fundamentally change the behavior of the agents. In economics, you walk on egg shells, so it is best to slow down and be humble.