sexta-feira, 15 de julho de 2016

Nice



Justamente quando sentia um grande alívio por termos chegado ao fim do campeonato europeu de futebol sem ataques terroristas, acontece esta tragédia em Nice.
Não sei se aquele homem foi movido por algum problema psiquiátrico (como, em 2009, o holandês Karst Tates, que atacou do mesmo modo durante uma festa popular), ou pelo ódio fundamentalista.
Em todo o caso, esta chacina mostra a nossa vulnerabilidade.

Fazer o quê? Fazer o que fazem os habitantes de Bagdad todos os dias: continuar a viver a nossa vida.


20 comentários:

  1. Se isto tivesse sido nos EUA, certamente estaríamos aqui a debater a facilidade com que naquele país se atribuem cartas de condução de pesados.

    Quanto às motivações do autor, até a polícia começa pelas suposições mais óbvias, e decerto os problemas do foro psiquiátrico não serão a primeira.

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    1. Sim. Porque, aliás, há dezenas de miúdos nos EUA que, todos os anos, levam os pesados dos pais para a escola e os utilizam para chacinar os colegas.

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    2. Você percebeu muito bem onde eu queria chegar, meu caro.

      Aquando de incidentes semelhantes nos EUA, tem havido uma certa tendência a centrar o debate na questão da posse de armas naquele país, em vez de no fenómeno do terrorismo islâmico (a começar pelo inquilino da Casa Branca). Mas isso não é apenas em relação aos EUA: há quem procure sempre outras explicações, de que a Helena Araújo é aqui um bom exemplo.

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    3. Geraldo, que disparate de argumento. Qual é a percentagem de mortes com armas nos EUA que é um acto de terrorismo islâmico?

      Ah, espere, acabei de reparar que diz que o "inquilino da Casa Branca" faz parte do fenómeno do terrorismo islâmico.

      OK, OK. Já entendi. Deixe lá, não se canse.

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    4. Eu sei que, se somos mal percebidos, o defeito é normalmente nosso, e não de quem nos lê, por isso devo esclarecer que em parte alguma eu disse que o inquilino da Casa Branca faz parte do fenómeno do terrorismo islâmico. Apenas disse que, aquando de incidentes desse tipo nos EUA, o referido inquilino tem tendência a centrar-se na questão da posse de armas, como se fosse essa a principal questão nessa matéria.

      Quanto à sua pergunta no primeiro parágrafo, a seguir a qualificar de disparate uma coisa que eu não disse, eu não falava das mortes com armas nos EUA, geralmente consideradas, mas sim dos atentados islamistas. Mas, mais uma vez, devo ter sido eu que me expliquei mal.

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    5. O Geraldo acha que morrer às mãos de um cristão é infinitamente mais tolerável do que morrer às mãos de um islâmico, logo os EUA devem criar leis e procedimentos que impeçam mortes às mãos de muçulmanos, mas que não violem o direito dos cristãos usarem as suas armas para matar outros cristãos. Pode ser que quando o Geraldo visitar os EUA lhe saia a sorte grande e seja alvejado por um cristão. Ainda no outro dia um pai atrapalhou-se com a arma e matou o filho a tiro. Ainda bem que era cristão, assim a morte é perfeitamente legítima...

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    6. O Geraldo não acha nada disso, e fica até admirado como pode ser tão mal interpretado e as suas opiniões tão deturpadas, especialmente depois de ter explicado - pela segunda vez - o que queria dizer.

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    7. «Pode ser que quando o Geraldo visitar os EUA lhe saia a sorte grande e seja alvejado por um cristão.»

      Hesitei antes de comentar directamente esta parte do texto. E não vou fazê-lo. Direi apenas que, nos EUA, se chama a isto "hate speech", mesmo que não seja o "hate" a motivar tal coisa, o que, obviamente, não creio. Fico, digamos, "flabbergasted". It is sad when people talk faster than they think.

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    8. Na parte dos EUA onde eu vivi chamava-se a isto ironia. Mas não se deve usar com qualquer pessoa, só com as que tenham capacidades intelectuais para entender.

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    9. Felizmente, Helena Araújo, tendo a natureza provido a minha pessoa de - digo sem modéstia - alguma ironia e as capacidades intelectuais suficientes para, pelo menos, não dizer disparates e saber ler o que os outros escrevem, também me apetrechou do senso suficiente para saber distinguir entre a ironia e o despautério.

      O seu conceito de ironia é bastante bizarro, diria eu. Mas tente imaginar que eu sou um simples habitante de Bagdad. Talvez, então, entenda melhor a minha estupefacção, já que o seu extremoso sentir pelo infeliz povo dessas paragens já adquiriu proporções de lenda.

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    10. Devo ainda dizer que, por uma questão de educação e comiseração, nunca me referi às suas capacidades intlectuais.

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    11. Não era "hate speech"; era um teste de lógica. Estava a ver se a tua opinião era invariante às tuas consequências pessoais. Se vieres aos EUA, sabendo que vais ser atingido a tiro, será que é relevante a religião de quem dispara a bala? Se a tua opinião é indiferente a seres atingido a tiro e à religião de quem dispara, então respeito-a. Se não é, então não merece o meu respeito, pois desejas que os outros vivam numa situação de risco que tu próprio não queres assumir. Era só...

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    12. Eu nem vou responder a tal questão, de tão absurda que é - além de estar fora do tema que eu debatia. A minha resposta deveria ser evidente, menos para ti, que decidiste que eu acho que "morrer às mãos de um cristão é infinitamente mais tolerável do que morrer às mãos de um islâmico". Recuso-me a submeter-me a este tipo de inquérito enviesado. Não entro nesses jogos. Nada do que eu disse te permitia tirares a absurda conclusão que tiraste, pelo que a pergunta que agora fazes, sendo filha dessa absurda conclusão, não merece, sequer, a dignidade de uma resposta.

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    13. Estimulado pelo post da Rita "Um país de medrosos" (coisa diferente de "um país de merdosos", claro), volto a este tema, embora a contra-gosto, com a minha especial homenagem aos "medrosos" Zuricher, Tiro ao Alvo, iv, NG, Isabel PS e outros que pela omissão não se sintam discriminados. Faço-o também para completar o meu desmantelamento daquilo que a Rita designa por "lógica", mas que, de facto, não passa de sofisma e má-fé.

      Portanto: eu disse que, aquando de atentados terroristas islâmicos nos EUA, o Presidente Obama, em vez de se concentrar na questão fundamental nesses casos - o terrorismo islâmico (expressão que ele até foge de usar) - tem uma nefasta tendência a centrar o debate na questão da posse de armas nos EUA (debate perfeitamente legítimo claro, mas no devido contexto). Vai daí, a Rita, num assomo daquilo a que ela chama lógica (na verdade, puro sofisma), e que faria Aristóteles dar voltas na tumba, concluíu que eu acho que "morrer às mãos de um cristão é infinitamente mais tolerável do que morrer às mãos de um islâmico, logo os EUA devem criar leis e procedimentos que impeçam mortes às mãos de muçulmanos, mas que não violem o direito dos cristãos usarem as suas armas para matar outros cristãos". Isto é, claro, um completo e absoluto desconchavo. Como a Rita é uma pessoa notoriamente inteligente, este argumento só pode ser causado pela má-fé. Desde logo, que eu saiba, o direito à posse de armas, nos EUA, não se limita aos cristãos - judeus, budistas, muçulmanos, zoroastrianos, confucionistas, ateus, agnósticos, pagãos, todos têm esse direito.

      O que eu acho é que a Rita, como a generalidade de certas classes bem-pensantes, se recusa a aceitar a existência do fenómeno do terrorismo islâmico como tal - no que, diga-se, está neste blog muito bem acompanhada pela sua amiga berlinense - ou, se o aceita, tem para com ele uma atitude relativista que a faz compará-lo ao - e até inseri-o no - problema da violência armada nos EUA, como se este obedecesse a uma trama e a uma ideologia.

      E, do alto da sua (a)moralista burra, ainda lança reptos a quem, de boa-fé, se limita a expressar opiniões, enquanto que vai expressando o desejo que, «quando o Geraldo visitar os EUA lhe saia a sorte grande e seja alvejado por um cristão», coisa que o Geraldo descreveu como "hate speech" e a sua (dela) amiga berlinense achou tratar-se apenas de fina ironia, só ao alcance de pessoas intelectualmente dotadas (como ela, claro, a referida "Berliner").

      Por isso tudo, eu concluí a minha anterior intervenção dizendo que a abstrusa pergunta-desafio, que ela me colocou, não merecia a dignidade de uma resposta.

      E com isto me despeço, com o meu verdadeiro nome, e sem recurso a "heterónimos", pessoanos ou não. Foi um prazer, enquanto durou e enquanto o diálogo foi honesto (a maior parte dos autores do blog são honestos no modo como conversam com os comentadores, devo ressalvar).

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  2. Geraldo Geraldes, o comentário sobre "se fosse nos EUA" é piada, não é?
    Quanto às motivações do autor: porque é que para si é um problema o facto de, enquanto não há mais informações por parte das autoridades competentes, se apontarem várias motivações possíveis?

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    1. O meu "problema", se tal se lhe pode chamar, é ver o esforço de certas pessoas em procurarem outras explicações que não a que está à vista de todos. Elas lá sabem porquê.

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    2. As explicações estão à vista de todos os que confundem Obama e terrorismo islâmico, não é?
      Pois, pois.

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    3. https://blasfemias.net/2016/07/15/precisa-se-2/

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  3. «Fazer o quê? Fazer o que fazem os habitantes de Bagdad todos os dias: continuar a viver a nossa vida.»

    Desconstrução textual: Se os iraquianos aguentam, nós temos de aguentar também. Dar mais relevo a Nice que a Baghdad é, como diria Edward Said, "orientalismo".

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  4. "Lavar a cabeça a porcos é perder tempo e sabão."

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