sexta-feira, 27 de julho de 2018

Souvenir

All I need is
Co-ordination
I can't imagine
My destination
My intention
Ask my opinion
But no excuse
My feelings still remain

~ OMD, Souvenir


Acabaram os iogurtes cá em casa e ainda não me apeteceu ir comprar mais, logo hoje de manhã dei um pulo ao Starbucks para tomar o pequeno-almoço antes de ir para o trabalho. Bem sei que não é saudável e custa dinheiro, mas de vez em quando apetece uma pequena extravagância. Para além disso, os baristas do Starbucks devem pensar que eu sou meia-maluca e eu gosto de os divertir: peço o café numa caneca de cerâmica, o croissant num prato com talheres, mas os talheres não podem ser de plástico, e dispenso o recibo. Há lá um rapaz que já topa a minha loucura e faz-me estas pequenas indulgências sem sequer eu precisar de pedir tudo.

A playlist que estava a tocar estava cheia de souvenirs da minha infância e juventude, como um tema dos Orchestral Manoeuvres in the Dark chamado isso mesmo: Souvenir. Para mim, OMD estará sempre associado com Lisboa porque passei algumas semanas de verão em casa da minha tia quando o tema "Enola Gay" era muito popular, ou seja, no Verão de 1980. Isto passou-se quando ainda não sabia falar inglês, mas aquilo entrou-me no ouvido e eu ficava fascinada a ver o teledisco.

Um outro tema que me agradou foi o Under Pressure de Bowie e Freddie Mercury, mas sobre esse não me recordo de nada especial que me tenha ocorrido. Antes de eu sair do Starbucks, começaram a tocar os The Cure que me recordaram de um amigo que eu tinha em Oklahoma. Ele era uns 7 anos mais novo do que eu e conhecemo-nos na residência onde eu costumava passar o Verão -- eu estava a fazer o mestrado e ele era um estudante de mérito em Física. Como nos demos bem, quase todas as semanas íamos tomar o pequeno-almoço, ao Sábado, no restaurante Perkins pois gostávamos ambos de panquecas. Também servia para meter a conversa em dia.

Isto foi mais ou menos na altura em que eu comecei a namorar com o meu futuro marido e ele tinha acabado de se separar de uma namorada, logo muitas das nossas conversas eram mesmo sobre relações amorosas, coisas que nos agradavam e desagradavam nos parceiros, etc. E depois havia a música: eu andava bastante interessada em Tori Amos, que vi em concerto duas vezes esse Verão, e também tinha ido à Lilith Fair em Oklahoma City; ele tinha duas bandas das quais gostava muito: os Depeche Mode e os The Cure. Quando completou 21 anos, comprámos um jogo de copos de vinho e ele ficou com dois e eu outros dois. Não sei o que nos levou a comprar os copos em conjunto, mas achávamos que não fazia sentido ter quatro copos, dois era suficiente.

Depois ele terminou o curso e eu fui viver para fora da Universidade e acabámos por perder contacto, mas sempre achei que tínhamos uma amizade muito gira. Era acima de tudo de camaradagem, de pessoas que ainda estavam na escola e tinham uma vida cheias de incógnitas pela frente.


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