Lógica

O artigo do LA-C no Observador, hoje, concluí assim:

No fim, e confirmando-se que este é o plano B, as principais críticas que se podem fazer não são ao orçamento em si, mas à forma como se lá chegou, com diversos e constantes avisos das instâncias europeias, que mantêm Portugal no foco das notícias internacionais, contribuindo para manter os mercados e agências de rating desnecessariamente nervosos. Tudo somado, confesso que não consigo deixar de admirar a capacidade política de Costa que conseguiu que PCP e BE votassem a favor de um orçamento destes. E isso também contribui para a nossa credibilidade internacional.

Fonte: Observador

Discordo da conclusão. António Costa não merece a admiração de ninguém; merece sim que alguém lhe pergunte exactamente porque é que ele é Primeiro-Ministro. Se nos apresenta uma solução PàF para o Orçamento, porque é que não se disponibilizou a apoiar a PàF? O que é que ele traz de novo à mesa? A credibilidade de Portugal seria muito maior se o PS estivesse disposto a apoiar o orçamento PàF, do que ter um orçamento dependente do BE e do PCP. Mas isto não é nada que eu não esperasse. Em 9 de Dezembro escrevi aqui:

Qual a melhor estratégia para o PS? Será (a) cumprir os 3% de meta de défice ou (b) não cumprir a meta do défice? É óbvio que a estratégia óptima é a (b): não cumprir o défice, culpar o PSD/CDS/PP da derrapagem nas contas, e assim permitir que o país continue sob vigilância do procedimento dos défices excessivos, o que daria uma desculpa ao PS para não aquiescer às exigências de despesa do Bloco de Esquerda e do PCP [...].

Ou seja, continuamos com um governo PàF no que diz respeito à gestão do orçamento. Afinal, também o PS sabe adoptar o programa dos outros; o que apresentaram era só para fazer de conta que havia alternativa.

Fonte: Destreza das Dúvidas

Para chegar ao Orçamento PàF, o PS impôs aos contribuintes os custos do Banif e privatizou os seus lucros, enquanto que a PàF tinha tido agilidade suficiente para gerir o Banif sem este custo. O BE acha que Bruxelas se submeteu a Portugal; mas, efectivamente, Portugal submeteu-se mais uma vez a Bruxelas depois de voluntariamente criar uma crise de confiança no país, assustar os investidores estrangeiros, e aumentar a dívida pública. Se isto é o melhor que António Costa pode fazer, então tenho de concluir que Pedro Passos Coelho era preferível, pois conseguiu o mesmo com um custo muito menor.

O país está a ser gerido para benefício do ego de António Costa e isso é um risco que era perfeitamente dispensável dadas as incertezas da economia mundial. Como também escrevi aqui a 9 de Novembro: a PàF domina estocasticamente o governo PS/BE/PCP. Não há nenhuma razão lógica para apoiar este governo.