segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Too close to call



O meu artigo tem três dias mas as sondagens de ontem confirmam o meu prognóstico. Corrida muito apertada, nenhum dos dois candidatos descolará facilmente. Aguardemos pelos próximos debates mas duvido que a tendência seja muito favorável a Clinton ou a Trump. Too close to call for another five weeks.

3 comentários:

  1. A ler o seu artigo ocorreu-me a descrição de Ian Kershaw dos acontecimentos que colocaram Hitler no poder.
    Conforta a certeza que nem os EUA vivem tempos de humilhação pós derrota nem o Congresso em Washington tem os adoradores do Reichstag naquela época

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  2. O seu artigo na "Sábado" é um exemplo de sobriedade e rigor. Não trompeteia as suas preferências, sejam eles quais forem (o que nem interessa, para o caso).

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  3. Nem mais!
    «(...)
    a ideia de uma vitória fácil e por larga margem de Clinton foi ventilada pela própria comunicação social norte-americana, principalmente aquela que mais se vai lendo na Europa.

    A premissa errada foi querer entender esta eleição como uma escolha clássica e unidimensional esquerda-direita.

    Se Clinton faz o centro e Trump nem o pleno dos republicanos consegue mobilizar, então o universo de votantes de Clinton deve rondar os 2/3 enquanto Trump estará no 1/3.

    Mesmo que uma parte do eleitorado de Sanders fique em casa ou vote na candidata da esquerda mais radical, e outra parte do eleitorado conservador prefira a abstenção ou vote no candidato libertário, os números supostamente seriam claros.

    Para mais, Stein (Verdes) não consegue passar dos 2% enquanto Johnson (Libertário) tem vindo a consolidar os seus 8% (aliás parece subir um pouco mais sempre que comete uma gaffe, primeiro não sabia o que era Alepo, mais recentemente sobre o governo terrorista da Coreia do Leste).

    Todos os lideres democratas, incluindo Sanders, juram apoios a Clinton enquanto todos os dias há novos lideres republicanos (incluindo a família Bush) a proclamar que não votarão Trump.

    PORTANTO, NA DIMENSÃO ESQUERDA-DIREITA, ESTA ELEIÇÃO DEVERIA SER BASTANTE FÁCIL PARA CLINTON. MAS NÃO É.

    A COMPLEXIDADE DESTA ELEIÇÃO DERIVA DE UMA SEGUNDA DIMENSÃO RELEVANTE, O VOTO A FAVOR OU CONTRA O ESTABLISHMENT, O VOTO PELA MUDANÇA OU PELO STATUS QUO.

    SEGUNDO TODOS OS ESTUDOS DE OPINIÃO, CERCA DE 2/3 DOS AMERICANOS QUEREM MUDANÇA E APENAS 1/3 SE DIZ SATISFEITO COM OS ATUAIS EQUILÍBRIOS POLÍTICOS.

    Ora é nesta dimensão que Trump tem uma enorme vantagem sobre Clinton. Trump representa mudança. Ninguém sabe que tipo de mudança, não há um programa coerente de mudança. Mas há mudança. Na linguagem, no estilo, na abordagem. Clinton, por muito que os seus apoiantes se esforcem, é a candidata do establishment. E representa o pior do establishment. Uma carreira de mais de trinta anos em Washington, com todos os compromissos e as cumplicidades inerentes, perseguida por vários escândalos em matérias sensíveis, exposta pelas inevitáveis mudanças de opinião de quem anda nas televisões há três décadas, simplesmente não consegue ser o rosto de qualquer mudança.

    CONSEQUENTEMENTE, SE CLINTON GANHA NA DIMENSÃO ESQUERDA-DIREITA E TRUMP GANHA NA DIMENSÃO MUDANÇA-STATUS QUO, A ELEIÇÃO TORNA-SE IMPREVISÍVEL.
    (…)»
    [Too close to call (Nuno Garoupa) 30-09-2016 in eua2016.sabado.pt]

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