sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Morrer e escrever

Acho que, em Portugal, segundo o critério de Bukowski, eu teria de morrer brevemente: as coisas repetem-se muito frequentemente. Não me interessa repetir erros.

Nasci em 72. Cresci a ouvir a minha mãe contar-me uma história pós-1974. O meu pai dizia à minha mãe algo como: "Quando ela crescer, pode ser tudo o que quiser. Não irá fazer diferença ser rapariga, nem de onde vem." Ouvi aquilo tantas vezes que acho que interiorizei um país de sonho, dinâmico, cheio de alternativas e oportunidades--eu fazia parte do sonho.

Hoje, esse país de sonho está mais longínquo do que quando nasci. Parece que as crianças de Portugal irão ter um país de pesadelo. Não há sonho que resista a tanta mentira, falta de carácter, e corrupção.

1 comentário:

  1. Sofisma, "sophistry" - em Inglês esta palavra tem mais impacto - define bem o tom geral da vida pública portuguesa. Há na "ditosa pátria" de Camões grandes mestres nessa técnica outrora reputada - e refinada por mestres como Protágoras - seja na política, no jornalismo ou na florescente indústria do "kommentariat" (alguns praticantes misturam algumas dessas actividades, ou vão alternando entre umas e outras).

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