quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O futuro agora

Aos indignados por causa dos títulos dos jornais portugueses referentes à diversidade do novo governo, gostaria de apontar um coisa: se não fossem esses títulos, nenhum de nós estaria a falar dos cegos, ciganos, e cidadãos de cor de Portugal, dos seus direitos, e das suas lutas diárias para tentar construir uma vida num país onde ainda não há verdadeiramente igualdade de oportunidade para todos. Todos nós somos responsáveis pelo estado actual da situação. Censurar os jornais não ajuda.

Mas não se acomodem, não pensem que por estas pessoas estarem no governo o problema está resolvido. Isto é uma batalha numa longa guerra. Convivam com pessoas doutras raças e etnias, capacidades, orientação sexual, estratos sociais diferentes, etc. Certifiquem-se que os vossos filhos têm amigos que são tão coloridos como a humanidade. Ensinem os vossos filhos a serem tolerantes e prestáveis. Sejam pró-activos em vez de reactivos. Façam o futuro acontecer mais depressa!

9 comentários:

  1. "Aos indignados por causa dos títulos dos jornais portugueses referentes à diversidade do novo governo, gostaria de apontar um coisa: se não fossem esses títulos, nenhum de nós estaria a falar dos cegos (...)"

    Ó Rita, fala por ti, eu não preciso destes títulos e acho fantástico que não percebas que o problema não é o uso dessas palavras. Houve várias notícias que referiram que íamos ter uma ministra negra e que uma das Secretárias de Estado era cega e que não levantaram sururu nenhum. Não tens sensibilidade para perceber o que é um uso apropriado das palavras?

    E o que queres dizer com censurar jornais? Censurar como sinónimo de criticar? Se é isso que queres dizer, então claro que sim, prova disso é que o Negócios mudou o título. Censurar no sentido usual que se dá a censura quando se fala de liberdade de imprensa? Então, não, não acredito que alguém relevante tenha defendido a censura dos jornais.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. "(...) não acredito que alguém relevante tenha defendido a censura dos jornais."

      A não ser, noutro contexto, os advogados de Sócrates.

      Eliminar
  2. Já agora, o título original do Negócios era
    "Uma economista, um sociólogo e uma cega ao lado de Vieira da Silva"
    e passou a ser
    "Uma economista, um sociólogo e uma jurista cega ao lado de Vieira da Silva".

    Uma palavra fez toda a diferença, deixou de ser um título grosseiro (nem politicamente incorrecto era) para passar a ser um título bem-educado e bem mais informativo, dado que, afinal de contas, uma pessoa sempre gosta de saber quais são as qualificações dos nossos secretários de estado.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mas a jurista cega especializa-se na inclusão de cegos na sociedade; dizer que ela é cega diz muito mais do que dizer que é jurista. Quando eu vejo "cego", não penso imediatamente numa coisa grosseira. Aliás a ACAPO é Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, não é Associação das Pessoas Cegas e Amblíopes de Portugal.

      Eliminar
  3. Costa chama cega e cigano para o Governo. Título de uma notícia do CM isto é uma vergonha, além do mais nas entrelinhas subrepticiamente tenta-se fazer passar uma mensagem com este título. Já agora http://www.publico.pt/portugal/noticia/o-que-fez-o-segundo-governo-de-passos-privatizou-a-tap-e-deu-milhoes-as-misericordias-1715687. As Misericórdias que no Norte essencialmente são uma coutada do CDS estão salvas, o Governo só ter durado 15 dias não foi o suficiente para que deixassem de "prestar serviços" até 2020. O apoio social que devia ser canalizado diretamente (na sua maioria) do Estado para o indivíduo passa a ter intermediários pelo meio, o que diminui a transparência e aumenta as hipóteses de desvios. No caso da saúde existindo um SNS porquê a necessidade destes contratos celebrados com as Misericórdias que aumentaram exponencialmente no último Governo. Mas tudo bem vamos partir do pressuposto que o SNS não é auto-suficiente e é necessário contratualizar com entidades externas. Então qual foi a pressa,desta vez, isto não poderia ter sido deixado para o futuro Governo, não parece ser um assunto de resolução muito urgente. Sabe muito o CDS (o Mota Soares e o Leal da Costa).

    ResponderEliminar
  4. Ah sim, esse título era parvo. Já o do Correio da Manhã, que está a pôr vários amigos meus com um ataque de nervos ("Costa chama cega e cigano para o Governo"), dá-me um certo gozo (e deve ter dado mais ainda à redacção). Imagino que o Público teria escrito " Costa chama invisual e autarca de etnia cigana para o Governo", mas prefiro assim.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Os títulos do público:
      - "Ana Sofia Antunes é a primeira secretária de Estado cega"
      - "Francisca Van Dunem, a primeira mulher negra a chegar a ministra"
      - "De que cor é esta ministra?"

      Numa primeira pesquisa, não encontrei nenhum título com referência à etnia do Carlos Miguel.

      Eliminar
    2. A referência à etnia é do Correio da Manhã. A minha última frase refere-se a um título imaginário e mais politicamente correcto teria escrito caso resolvesse mencionar a etnia do Carlos Miguel.

      E já que estamos nisto, eu subscrevo o teor do post da Rita (tal como eu o entendi): lá pessoas em posição de chefia com alguma deficiência há com certeza, embora eu de facto não esteja a ver nenhum imediatamente ministeriável (mas pode ser ignorância minha); agora alguém preto (negro, de cor, à escolha, de preferência do próprio), não estou de facto a ver mais ninguém. E isso é que devia merecer reparo, não o facto de esta particular Procuradora, de muito boa fama, ir a ministra. Uma andorinha não faz a primavera, e uma Van Dunem muito menos.

      Eliminar
  5. "a um título imaginário e mais politicamente correcto que o Público teria escrito"

    ResponderEliminar

Não são permitidos comentários anónimos.