quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Ontem, no Observador

Durante estes 50 dias, o Presidente da República comportou-se como as minhas filhas. A mais nova, tal como Cavaco, quando é obrigada a fazer o que não quer, arrasta os pés muito devagarinho. É assim todas as noites quando tem de ir para a cama. São 10 minutos a fazer um percurso que demora meio minuto. Já a minha filha mais velha, sete anos, quando não quer fazer uma coisa, costuma, à primeira, gritar que não faz. Depois, torna a dizer o mesmo, mas com uma voz mais suave e, claro, insiste mais uma vez que não quer fazer, já muito baixinho. Depois, lá se conforma e faz o que tem a fazer, murmurando para si mesma contra a injustiça de que é alvo. Também ela me faz lembrar Cavaco a gerir esta crise. Num primeiro discurso, quando indigitou Passos Coelho, falou muito grosso dando a entender que se recusaria a indigitar um governo com o apoio de partidos que fossem contra a NATO ou contra as regras do Euro. Num segundo discurso, quando deu posse a Passos Coelho, voltou a dizer o mesmo, mas de forma mais suave, ficando a ideia de que poderia mesmo dar posse a Costa num futuro próximo. Finalmente, ontem, quase conformado, mandou uma lista de perguntas, voltando a insistir nos mesmos temas, mas deixando claro que faria o que tem a fazer. Já hoje, tomou devida nota das respostas e “indicou” Costa como primeiro-ministro. As minhas filhas não fariam melhor.

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