domingo, 1 de agosto de 2021

Pobre falhada

Este fim-de-semana, não se pagam impostos em algumas compras por causa do regresso às aulas. É para ajudar os pais com as despesas com os filhos. Apesar de não ligar muito, acabei por sair e ir às compras porque precisava de comprar umas sandálias. Fui ao centro comercial aqui perto de casa e havia bastante gente; diria que apenas 20% das pessoas estava com máscara, mas os empregados estavam quase todos. 

Pode ser birra minha, mas acho uma grande inconsciência ir ao local de trabalho destas pessoas e não usar máscara. E ainda por cima, os empregados usam máscara durante horas a fio para poderem ganhar a vida, logo que desculpa temos nós de não usarmos durante os pouco minutos que lá vamos estar? Obviamente, também nos estamos a proteger a nós próprios, logo faz mais sentido ainda usar.

Acabei por comprar bastante mais do que planeava: três pares de sandálias, dois pares de calças de ganga, um conjunto calça-blusa de andar por casa, uma túnica, uns óculos de sol, e um conjunto saleiro-pimenteiro feito em Portugal em forma de repolho (acho que é da Bordallo Pinheiro, mas sob a marca da revista Southern Living). 

De manhã, fui ao cabeleireiro pintar o cabelo e, depois das compras, passei pela Barnes & Noble e comprei um livro de culinária chamado Ruffage. Durante as minhas compras, deixei o Julian no hotel para brincar com os outros cães e aproveitei para comprar um cartão de 10 sessões.

No total, gastei mais de $1500, o que até nem é mau de todo, pois temos de ajudar a economia. Para além disso, dizia eu a um colega meu de trabalho que nunca tive tanto dinheiro nas poupanças como agora. É no que dá passar 15 meses a trabalhar de casa e a sair pouquíssimas vezes. Bem sei que é muito dinheiro para Portugal, mas não vivo em Portugal não é verdade? E se tivesse talento para ser pobre, não tinha saído. Digamos que sou uma pobre falhada...

 

4 comentários:

  1. Em suma, sais de casa para comprar um par de sandálias, compras três, juntas dois pares de calças de que não precisas, mais outra roupa e trastes, e torras 1500 dólares. Uma pessoa vem aqui e fica escandalizada com este exemplo de delírio consumista.

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  2. A comparação entre o que pretendia comprar e o que comprou recordou-me o que um amigo meu, certo dia, me contou. A esposa dele fora com a filha a uma superfície comercial porque queria comprar um casaco azul para a miúda. Antes do casaco, viram uma camisola que ficaria muito bem com um casaco azul e compraram-na. Depois, viram umas botas e compraram-nas. E mais um vestido, e mais umas calças, e mais nem me lembro já o quê - tudo comprado em função do casaco azul que ainda procuravam. No fim do dia, a única coisa que não encontraram a gosto foi... um casaco azul.

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  3. "Bem sei que é muito dinheiro para Portugal, mas não vivo em Portugal não é verdade? E se tivesse talento para ser pobre, não tinha saído. Digamos que sou uma pobre falhada..."

    - "Credo c'a cagança c'a menina tem! Mas isso é imentes nã se cansa!" [Expressão madeirense evocada por Lila Mata quando publicou o seu texto n.º 451]. Nota: a versão transmontana é mais elegante: "Vós tendes cagança!" enquanto a de Coimbra é menos dizível, porque se associa com emigrantes dos anos 60. O Inconsciente é tramado!

    Agora, a sério. Um dia, comprei vários trambecos perfeitamente inúteis em que só tinha mexido porque me fizeram lembrar feiras rurais que visitei quando era adolescente e de que não me apercebi na passagem de caixa, porque estava a conversar com amiga de longa data que ali aparecera do nada.

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    1. Isidro, percebo que não perceba, mas eu tenho de dar este tipo de detalhes para que as pessoas tenham noção do custo de vida nos EUA. É claro que muita gente diz que é caro demais, em Portugal é mais barato, etc. e tal. Mas essas mesmas pessoas também se queixam dos baixos salários em Portugal. Nunca me queixei dos baixos salários americanos, aliás porque eu nunca me importei de viver anos a fio com férias menos boas, enquanto acumulava experiência para progredir na carreira. Isso é outra coisa que ouço os amigos portugueses queixarem-se: não há progressão na carreira.

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