quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Explicado como se tivesse catorze anos

Sou o segundo melhor aluno da turma. O Pedro teve melhores notas. Não muito melhores, mas um bocadinho melhores. O Paulo, a Catarina e o Jerónimo têm notas mais fracas, mas andamos todos juntos na escola, e por isso merecem o mesmo respeito.
Na minha escola, o delegado de turma costuma ser o que tem melhores notas, embora o regulamento diga que deve ser eleito por maioria. O professor indicou o Pedro, mas a Catarina, o Jerónimo e eu votámos contra e eu fui escolhido para delegado de turma.
Na minha escola, o delegado de turma vai ao baile com a São, mas a minha mãe não me deixa ir sozinho. Nem me atrevi a pedir ajuda à Catarina e ao Jerónimo, porque eles são contra o baile de finalistas.
Fui pedir ao Pedro, que era o namorado da São, para me levar, fazer companhia e guardar o lugar enquanto danço com a São, e ele disse-me que não ia. O Pedro é um estúpido, Um revanchista, ressabiado e vingativo, é o que ele é. Vou fazer queixa à minha mãe.

9 comentários:

  1. Agora é só arranjar um exemplo em que o Pedro não ajudar o narrador vai impedir que se atinja um resultado que tanto o Pedro como o narrador querem atingir.

    Estilo - "o delegado de turma é que tem que ir ao sitio em que vai haver o baile para abrirem as portas (o porteiro, compreensivelmente, não abre a porta para qualquer um); mas a minha mãe não me deixa ir sozinho. Nem me atrevi a pedir ajuda à Catarina e ao Jerónimo, porque eles são contra o baile de finalistas.

    Fui pedir ao Pedro, que até gosta tanto ou mais do que eu de bailes de finalistas, para me levar, e ele disse-me que não ia (e assim este ano não vai haver baile). O Pedro é um estúpido, Um revanchista, ressabiado e vingativo, é o que ele é. Vou fazer queixa à minha mãe."

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    1. Nem que tenham um objectivo comum (neste caso, ir ao baile de finalistas) isso não significa que o Pedro esteja disposto a partilhar a São com o narrador. Até porque a São pode não querer dançar com o narrador. E a vontade da São também conta.

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    2. No modelo indicado pelo Miguel Madeira, não é indicado se a São vai dançar com o narrador. Apenas que ele quer ir ao baile, e o Pedro também.

      Notem que eu compreendo perfeitamente o "butthurt" (com o perdão da expressão) e compreendo que o Pedro prefira ter um prejuízo pessoal para inflingir um prejuízo noutro (q.v o texto de Cipolla "allegro ma non troppo"). E acho perfeitamente aceitável que o Pedro resolva fazer "greve de bailes". Não tenho a certeza é que a São considere que ele está a fazer a melhor escolha.

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    3. Não se pode omitir a São nesta história, porque já não seria a mesma história.

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    4. Conhecem o filme que se chama "Música no cu da São"?

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    5. Conheço o filme e também aquela música dos Clã, o "Sopro do cu da São". :)

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    6. Mas a "punch line" desta história é tão boa, que quando o NAJ ma disse eu chorei a rir.

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  2. Ora, a meio do ensino secundário, o Pedro foi eleito delegado de turma por larga maioria.

    No entanto, disse Director de Turma, "temos de repetir a votação" em que, de resto, seria eleito, igualmente por maioria, o António que, segundo a experiência comum, era sempre um líder em quaisquer actividades extra-escolares. Com ele, ninguém ficava de fora.

    É que o Director de Turma, homem inteligente, atento a todos os pormenores, mais formador que professor, entendeu depressa que não seria bom habituarem-se a votar em quem supunham estar mais bem visto na direcção, antes em quem, verdadeiramente, depositavam maior confiança - o finalmente eleito era um líder voltado para as pessoas enquanto o primeiro era apenas um líder técnico que todos entendiam quando não percebiam os professores.

    Tudo viria a decorrer muito bem sob a a orientação do António.

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