Não há
nenhum Estado ideal universal. O Estado ideal depende sempre do tempo e do
lugar. O que funciona hoje pode não funcionar amanhã; e o que funciona na Finlândia
pode não funcionar aqui. É por tentativa e erro que devem ser feitas as reformas
necessárias. Os passos devem ser lentos e curtos, de modo a se poder voltar atrás
em caso de erro. Como dizia Clarice Lispector, é mais importante a direcção do
que a velocidade.
Um dos
problemas de ver o mundo com lentes ideológicas é a dificuldade em perceber que
não há nenhum modelo que se aplique em todo o lado e que seja eterno. Infelizmente,
a esquerda, e em especial a portuguesa, sempre que se levanta um problema
qualquer sobre a sustentabilidade (desculpem lá o palavrão) do Estado social, reduz
tudo a uma grande conspiração. São as grandes potências, as grandes multinacionais,
os media e os seus comentadores avençados, a funcionarem em rede (como sugere
Antonio Negri, um dos gurus da esquerda radical), que nos querem iludir e enganar.
Pode haver alguma verdade nessa “narrativa”, mas escapa-lhe o essencial. As
circunstâncias mudam. A tecnologia, a demografia, a situação internacional são
forças poderosas que nos ultrapassam e que obrigam as sociedades a adaptar-se, se não quiserem morrer ou ficar para trás. A esquerda portuguesa devia seguir
mais a velha máxima do mestre keynes: "When
the facts change, I change my mind. What do you do, sir?”
Quando diz que "[u]m dos problemas de ver o mundo com lentes ideológicas é a dificuldade em perceber que não há nenhum modelo que se aplique em todo o lado e que seja eterno", isso aplica-se também à direita, não?.
ResponderEliminarQuando diz que "[u]m dos problemas de ver o mundo com lentes ideológicas é a dificuldade em perceber que não há nenhum modelo que se aplique em todo o lado e que seja eterno", isso aplica-se também à direita, não?.
ResponderEliminarSim, tem razão, o Luís também me fez essa crítica no facebook, e até roubo um comentário que lá vi a este post de um senhor chamado Carlos Duarte e que subscrevo: "Quando as pessoas perdem qualquer noção de pragmatismo e se cristalizam em dogmas, não vale a pena. E tanto faz ser o Marx ou o Mises, vai dar tudo ao mesmo."
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