Lembro-me de ela explicar a matéria, mas eu tinha dificuldade em perceber as aplicações práticas daquilo. Uma das regras era a negação da implicação: "se A implica B, então não B implica não A." Mais tarde, quando vim estudar para os EUA, a negação da implicação aparecia muitas vezes no que eu estudava e o seu poder impressionou-me. É uma maneira muito fácil de ver a validade dos argumentos de alguém.
Kevin Currier, o meu professor de Microeconomia II, uma vez disse uma coisa óbvia na aula, mas que até então me tinha passado completamente ao lado. Dizia ele que, frequentemente era impossível testar a teoria directamente em economia, mas que podíamos testar as hipóteses derivadas das implicações da teoria.
Se as hipóteses das implicações fossem rejeitadas, então também podíamos rejeitar a teoria. Já não rejeitar implicações, permite-nos concluir que ainda não era desta que rejeitávamos a teoria, ou seja, que havia suporte empírico para a manter. A análise estática comparativa é uma técnica que permite derivar hipóteses testáveis e que é muito do agrado do Dr. Currier. Num livro sobre o tópico que ele escreveu, deu o seguinte exemplo:
Se um governo de esquerda se materializar, iremos, mais uma vez, ter oportunidade de testar muitas teorias. Mas julgo que aceitar as conclusões é que vai ser mais complicado...
Duas coisas:
ResponderEliminar1) se A implicar B, se obtivermos B não aprendemos NADA sobre A. Como indica, se obtivermos o contrário de B, então podemos assumir que A é falso, mas apenas existe criação de informação neste caso.
2) o principal problema é que estamos a testar simultâneamente com o resultado o próprio modelo/relação (A implica B). Se acreditarmos no modelo, então sabendo ~B podemos concluir ~A. No entanto existem vários níveis de imprecisão possível: sobre a medição de B, sobre a valoração de A e sobre a validade da implicação. Logo, "aceitar as conclusões" não será necessariamente neutro.
Aceitar as conclusões implica ter noção do limite do conhecimento; não me parece que implique eliminar a dúvida. O que eu acho estranho é que se repudiem as conclusões completamente, como se a realidade fosse completamente negável.
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