Diz o povo, essa mítica entidade, que tantas vezes vai o cântaro à fonte que um dia lá deixa a asa.
E diz bem, como ilustra a história de D. Fª, padeira na vila de r e rival de D. Vª, padeira na vila de g, de quem também se pode dizer que a história é. D. Fª e D. Vª já deram a volta ao dia em competição pela fama da padeira mais adiantada, levantando-se D. Fª às cinco da manhã para cozer o pão, e D. Vª às quatro e meia, e D. Fª às quatro, e D. Vª às três e meia, e D. Fª às três e um quarto, esperando desorientar a antagonista, e D. Vª às duas menos um quarto, que não é mulher para se desorientar assim tão facilmente e logo pelas artimanhas de uma matrafona daquelas, e D. Fª às duas, e D. Vª à uma e trinta e cinco acrescentando dois tabuleiros de croissants, que não é mulher para se deixar ficar, e assim por diante, ou melhor, e assim para trás. Pois de tanto adiantarem a hora de cozer o pão, e de tanto recuarem pela madrugada, noite cerrada, lusco-fusco, tarde, sol do meio dia, manhã, aurora, madrugada, as padeiras rivais tornaram-se nos primeiros seres humanos a realizar a tão almejada e paradoxal viagem no tempo. Ainda que limitada a andar para trás, a viagem no tempo das padeiras atiçou as brasas da esperança entre a comunidade, científica e não só, de que venha a ser possível andar para a frente. Falta o método, já que não é claro que seja eficaz e praticável inverter a direcção daquele posto em marcha pelas padeiras. Quanto a estas, e aqui está a moral do provérbio que serviu de abertura a esta notícia, de tanto se adiantarem acabaram persistentemente atrasadas. As populações das vilas de r e g abdicaram entretanto dos hidratos de carbono.
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