segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Quedas

“Quando eu caía, uma grande quantidade de mulheres corria, cacarejando e lamentando-se como um grupo de galinhas-mães desoladas. Era muita gentileza, e agora aprecio essa solicitude, mas, na época, ficava ressentida e muito embaraçada com tal interferência. Porque elas partiam do pressuposto de que nenhum acontecimento rotineiro quando se anda de patins – um graveto ou uma pedra -, se teria colocado entre as rodas dos meus. A conclusão era inevitável: Eu caía porque era uma pobre e impotente aleijada.
Nenhuma delas gritava com raiva “aquele perigoso cavalo selvagem derrubou-a!” – o que, Deus o perdoe, era a verdade. A minha queda do cavalo foi como uma horrível visita fantasmagórica aos meus velhos dias de patins. Todas as pessoas lamentavam em coro: «Aquela pobre menina caiu!»”

Erving Goffman, in Stigma – notes on the management of spoiled identity

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