Há dias, citando o historiador
Niall Ferguson, escrevi aqui que esta história dos refugiados ia acabar mal.
Ferguson evoca o inflexível mercado laboral europeu como uma das causas
desse potencial final infeliz. Ao contrário do que se passa nos EUA, os que não
nasceram na Europa ganham muito menos e apresentam taxas de desemprego muito
superiores ao resto dos europeus. Este é um ponto essencial deste problema. Mas
não é o único.
Vem isto a propósito das graves
cenas de violência sobre mulheres ocorridas em várias cidades alemãs na
passagem de ano, em especial em Colónia. Das coisas mais surpreendentes nesta
história é o manto de silêncio que se abateu sobre os media. É lamentável esta
autocensura. Continuamos a saber pouco sobre o assunto, mas há fortes indícios
de que havia dezenas de árabes, norte-africanos e refugiados envolvidos nas
cenas de violência (incluindo violações) sobre dezenas de mulheres: "Entre
os primeiros arguidos, contam-se dois alemães, um americano e 25 árabes", escreveu hoje António Barreto no DN. Ora, isto parece ser um enorme embaraço
para os “progressistas”, e leva os media e os comentadores a preferirem abafar
o assunto, com medo de serem acusados de racismo ou xenofobia.
Michel Hourllebecq, no seu
magnífico “Submissão”, descreve uma França islamizada num futuro próximo. Ao
contrário do que muita gente escreveu, o principal alvo do escritor francês não
é o islamismo. É o oportunismo e a cobardia intelectual e cívica das elites
francesas, incluindo políticos, académicos e jornalistas. Mohammed Ben Abbes,
líder do partido “Fraternidade Muçulmana, chega ao poder aproveitando-se dessa
cobardia.
O perigo mais imediato que paira
sobre a Europa não é a islamização, é a ascensão da extrema-direita (centro e
norte da Europa) e da extrema-esquerda (sul da Europa). O silêncio, o medo de
chamar os bois pelos nomes, a incapacidade em tomar medidas duras e sem
contemplações para os infractores - sejam eles brancos ou negros, cristãos ou
muçulmanos - é um pasto fértil para estes partidos medrarem. Tarde ou cedo,
alguém dará voz às vítimas de histórias como a de Colónia. E é muito mau deixarmos
esse papel de porta-voz aos Le Pen deste mundo. Não querer ver, abafar, sacudir
para debaixo do tapete, fingir que não se sabe, calar, porque se corre o risco
de ser chamado “racista”, é meio caminho andado para o desastre. Da cobardia nunca
nasceu nada de bom.
Boa tarde-noite
ResponderEliminarLi, com a atenção que merece este seu escrito, que coincide em decalque com aquilo que eu penso sobre a situação. Se bem que a magnitude potencial que começa a surgir é mais preocupante do que estes assaltos e abusos com as nossas mulheres, incitados por normas de crenças que estão desfasadas de alguns séculos da nossa vida comunitária actual.
Isto promete ser o principio de um temporal que vai desabar irremediavelmente.
Sem lhe pedir autorização, copiei e editei no meu espaço VIVENCIASDEVIRELLA, facto de que, já depois do abuso cometido, lhe apresento o meu pedido de desculpas.
Respeitosamente o cumprimenta
Albert Virella
Não é nenhum abuso, ora essa, esteja à vontade. Cumprimentos, José Carlos
EliminarNa condenação de grupos que realizaram violações colectivas em dois paises, nos quais foram proporcionalmente condenados, as sentenças omitiram o móbil indicado pelos criminosos.Que cada um imagine porquê.
ResponderEliminarQuem lê o texto de José Carlos Alexandre fica com a ideia de que negros e muçulmanos são tratados de forma mais benévola pelos sistemas mediático e judiciais europeus do que brancos e cristãos. Essa é precisamente a história que extrema-direita e extrema-esquerda nos têm contado para granjear votos e popularidade. Mas a verdade é que toda a evidência científica demonstra o exacto contrário: os menos representados são os mais penalizados pelos sistemas judicial e mediático. E talvez esse seja um dos principais rastilhos da violência dos nossos dias.
ResponderEliminarhttp://barometro.com.pt/archives/1179
https://obsessivamente.wordpress.com/2016/01/11/a-historia-mal-contada/
Caro Pedro Morgado o que nos vem aqui dizer ou parte do absurdo, em sede de revista, naquele sentido em que ocorre a demonstração da "maior penalização por pertença étnica" de erros na condenação e avaliação de provas ou graduação das penas por parte dos tribunais, ou parte de uma errada valoração do que será uma maior penalização!!
EliminarSe concluir, como concluem os estudos que invoca(e refiro-me apenas aos dados objectivos), pela desproporção entre o universo de indivíduos pertencentes a minorias éticas residentes em Portugal e o universo prisional não deverá concluir, necessariamente, que o são por dolo de julgamento, em Tribunais que seriam dessa forma movidos por preconceito étnico (note que idêntica desproporção vai encontrar em todo o ocidente étnico, a Europa, EUA, Canadá, Austrália). Pode muito bem concluir que, de facto, haverá, entre as minorias étnicas, que o forem (Note-se que o problema será mais expressivo entre os indivíduos de origem africana e de etnia cigana, uma vez que há minorias étnicas onde a delinquência é apenas residual e excepcional como são exemplo os indivíduos de origem cantonesa e goesa, entre outras), aí uma maior proporção de delinquentes e de delinquência!!
Haverá, caro Pedro Morgado, um específico preconceito do sistema judicial que apenas se dirige a algumas específicas minorias étnicas?
Haverá alguma distorção da cultura específica de algumas minorias étnicas face à manifestação dos bens jurídicos penalmente protegidos?
Não percebi o sistema mediático. A que país se refere com aquela coisa da extrema esquerda e extrema direita?