quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Cada cabeça, sua sentença

A Bloomberg tem uma reportagem especial acerca de como os casais gerem e pensam a sua vida financeira. É apenas uma colecção de histórias recolhidas nos EUA. No final, falam de relações poli-amorosas com uma pessoa de uma firma de advogados e, a certa altura, dei-me conta que nunca tinha pensado nestas coisas.

Pensava eu que era uma mulher moderna porque, há 18 anos, tive dois namorados simultaneamente. Não faço ideia como aconteceu, não foi uma coisa propositada, mas também não andei às escondidas de ninguém. Dava muito jeito: com um havia uma vida social muito activa, com o outro havia conversas mais estimulantes. Uma vez, os meus amigos perguntaram aos namorados, à minha frente, porque é que eles me partilhavam sem armar bronca e eles disseram "Because it's Rita". Depois acabaram o curso ao mesmo tempo e foram à vida. Foi um grande choque ir de dois para zero, repentinamente.

Na entrevista, dizia-se que o enquadramento legal tem, mais ou menos, 20 anos de atraso relativamente às dinâmicas sociais. O que virá daqui a 20 anos, pergunto-me.

7 comentários:

  1. Sobre uma proibição americana da Poligamia Bertrand Russel escreveu que foi perdida a oportunidade histórica de saber se esta se restringiria aos ricos ou se também seria atractiva entre os pobres. E, indo pelo lado dos paradoxos, a poligamia parecia-lhe favorecer as mulheres enquanto a monogamia parecia-lhe favorecer os homens.

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    1. A poliandria é uma forma de poligamia. Num comentário separado adicionarei algo mais, de modo a abranger também o comentário da Isabel e a acertar melhor no ponto do seu postal.

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  2. Só conheço uma família com um homem e duas mulheres (e 4 filhos ao todo). Não faço ideia como é o enquadramento legal. À vista, funciona tudo perfeitamente, tanto quanto estas coisas se vêem de fora. A única concessão que lhes conheço à moral social vigente, é o miúdo mais pequeno ter andado num colégio diferente dos 3 irmãos mais velhos, que são filhos da outra mulher (um colégio de jesuítas, aliás). Uma amiga que os conhece melhor do que eu está convencida de que as duas mulheres têm uma relação amorosa entre si, se não não funcionaria (acho que um dia passou pelo quarto deles e só viu uma grande cama ou qualquer coisa assim, mas já não me lembro dos promenores). Não escondem nem exibem a sua organização familiar, são simplesmente uma família como as outras, encantadora, aliás.

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  3. "o enquadramento legal tem, mais ou menos, 20 anos de atraso relativamente às dinâmicas sociais. O que virá daqui a 20 anos, pergunto-me."

    - Respigo uma discussão sobre a notícia de certo contrato de casamento, escrito entre uma mulher e dois homens e, noutro continente, entre um homem e duas mulheres:
    «(...)
    CRG
    Porque não?
    O casamento é ou não um contrato plurilateral?
    Na época em que o "one night stand" começa a ser aceite e generalizado porque não aceitar o casamento trilateral ou pentalateral. Desde que a escolha seja livre, o que é que impede a forma comunitária de casamento?
    Vou pôr a questão de outra forma.
    Quantos anos demora o uso "contra legem" a transformar-se em costume?
    Quantos anos é que demora a excepção a tornar-se a norma?

    MIS
    Existem mais sociedades aderentes á poligamia que ao casamento homossexual.

    CRG
    MIS: A minha pergunta é mais ampla. Implica a poligamia sem limitações de género. Não me refiro a um homem com várias mulheres ou uma mulher com vários homens.
    Refiro-me à contratualização do "Swing" nos mesmos moldes do contrato de casamento.

    MIS
    Por mim será sempre mais natural a poligamia (independentemente do género) que a homossexualidade, independentemente da contratualização (1 dia, um ano e uma vida) ou qualquer outro aspeto legal que possa assumir.

    CRG
    MLM: É possessiva. Tudo bem. Os possessivos só celebrariam contratos bilaterais. A lei é geral e abstracta.

    VT
    CRG, partilho plenamente as opiniões que aqui expôs.
    Ninguém deve ser dono de quem quer que seja; homem ou mulher, marido ou esposa. A presunção de que só se consegue amar uma pessoa é uma mera falácia propagada pela sociedade puritana. O mesmo se aplica quanto à atração sexual.
    Quantos dramas se evitavam se não estivesse tão profundamente enraizado na cultura ocidental este conceito de monogamia e exclusividade de parceiro sexual?

    VT
    JP, nesta questão (e noutras sobre a mesma temática) a cultura vigente é a da posse, do ciúme, do egoísmo. É também a cultura e um certo tipo de medo. Do medo da perda de quem amamos, independentemente do facto desse/dessa não nos amar.

    JP
    Mas, CRG, face à lei vigente, perspectiva um casamento com mais de 2 partes?

    CRG
    Com a evolução das novas formas de convivência, porque não?
    Tudo depende da revolução das mentalidades.
    As actuais regras necessitam apenas de retoques legislativos tal como sucedeu com o divórcio.
    Notem: Não estou a defender esta ou aquela via, apenas constato pela observação da história recente, que os filhos dos nossos filhos terão uma vivência diferente da nossa. (até parece que estou a parafrasear Mao-Tse-Tung)

    JP
    Contudo, hoje, "isso" tem conteúdo normativo.

    TLdM
    Por muito à frente que sejam as mentalidades das próximas gerações, não consigo perspectivar o casamento entre mais do que duas pessoas ... serei conservadora, mas é assim que penso.

    CRG
    É por essa razão que, com a evolução das mentalidades, e admito perfeitamente legalização futura de novas formas de comunidade familiar.

    JM
    Casar-me com 2 mulheres...hum...bem, os aspectos positivos seriam a "dobrar"...mas os negativos também…não me parece boa ideia...

    CRG
    TLdM, Há 1/2 século alguém perspectivava o divórcio nos moldes em que está hoje consignado na Lei?.
    Há 50 anos o rapazinho que tivesse sexo com uma rapariga era obrigado a casar e vice-versa.
    E, se fosse militar e não casasse ia para a cadeia.
    As jovens (que se tinham deixado "desgraçar") eram expulsas da casa paterna até ao casamento.
    (...)»

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