segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Economia da carne

Em 2012, houve uma grande seca nos EUA, em que parte da área de pasto ficou comprometida. A consequência dessa seca foi um aumento do abate de bovinos, inclusive a redução do rebanho que é mantido para reprodução, e um aumento dos preços de carne de bovino. A produção de bovinos é onde se encontra um ciclo produtivo de maior amplitude: demora seis semanas para produzir um frango, mas uma vaca demora dois ou mais anos. Agora pensem no que é recuperar o rebanho bovino da seca de 2012. Antes de se conseguir produzir uma vaca, precisamos de produzir uma vaca mamã, ou seja, a primeira prioridade é produzir vacas reprodutoras e só depois do rebanho reprodutor recuperado é que se começa a produzir animais para o abate. Só neste ano é que a produção de carne de vaca demonstra uma recuperação mais completa, o que alivia os preços, que durante os últimos quatro anos se mantiveram altos.

Estou aqui a ler uma newsletter e dizem-me que o aumento do consumo de proteínas tem a ver com a melhoria do nível de emprego e o final da eleição americana que foi muito renhida e estou a pensar que isso é irrelevante. O fundamental que está a afectar o consumo de carne é o haver mais carne de vaca no mercado, o que baixa o preço dessa carne de vaca e também de proteínas substitutas, logo aumenta a quantidade consumida. É perfeitamente possível aumentar a quantidade consumida em resposta a um choque favorável da oferta -- uma expansão da curva da oferta --, sem que a curva da procura se modifique. No entanto, as preferências dos consumidores continuam a ser importantes: ainda anda tudo maluco com dietas ricas em proteínas. Apesar das dietas Atkins e South Beach já terem passado de moda, as pessoas não chegaram e reduzir o consumo de carne para períodos pré-dieta, e a dieta paleolítica ainda está em voga; mas nada nos últimos dois meses modificou estas preferências.

26 comentários:

  1. É como dizem os brasileiros, quem manda no preço do boi é a vaca.

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  2. O problema nao esta (nem vira a estar outra vez) nos pastos nem no ciclo reprodutor mas sim na produtividades das areas araveis e na ineficiencia intrinseca do sistema digestivo dos ruminantes versus monogastricos a transformar racao em proteina.

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    1. O que tu disseste não faz qualquer sentido. Em 2012, o sistema digestivo das vacas era o mesmo de que em 2011. Porque é que mataram tanta vaca em 2012 e não as mataram em 2011?

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    2. 1 - Os ruminantes sao intrinsecamente menos eficientes a transformar racao em proteina. O feed conversion ratio de um bovino de carne e tipicamente sempre acima de 1:6 com 1:7.5 ou 1:8 muito usual. O feed conversion ration de uma broiler actualmente e inferior a 1:2.
      2 - A racao animal continua a ser o maior custo de qualquer unidade pecuaria.
      3 - Desde que a China aumentou os seus habitos de consumo e aumentou o seu consumo de proteina animal, especialmente porcinos e ovinos, a spare capacity global na producao de cerais diminuiu muito.
      4 - As colheitas de 2008/08, 2010/11 foi ma em 2012/13 foram piores que o esperado reduzindo - Milho, soja (ou trigo na Europa) sao os principais actores, actualmente com a falta de slack no sistema basta um falhar para por pressao no sistema inteiro.
      5 - Falta de cerais leva a um aumento do preco da racao. As especies que primeiro sofrem um aumento nos custos de producao sao os ruminantes devido ao FCR.
      Em conclusao:
      O problema nao esta (nem vira a estar outra vez) nos pastos nem no ciclo reprodutor mas sim na produtividades das areas araveis e na ineficiencia intrinseca do sistema digestivo dos ruminantes versus monogastricos a transformar racao em proteina.

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    3. O consumo de ração pelas vacas matrizes é marginal ou inexistente. No custo final do kg de carne, a proporção do custo da alimentação na engorda é menor nos novilhos do que nos frangos ou nos suínos. Por isso, os monogástricos sofrem mais com o impacto da subida do preço dos grãos. Como dizem os brasileiros, o frango é milho com penas. Vá lá ver os últimos resultados da BRF.

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    4. 1 - Vacas matrizes nao tem como funcao produtiva primaria a producao de carne e por isso a proporcao de racao concentrada e inferior, no entanto,
      1.1 - se os seus productos (novilhos de engorda) deixarem de ter procura (por exemplo porque se reduziu a procura de carne de vaca devido a um aumento de preco impulsionado por um aumento dos factores de producao, nomeadamente racao; ou porque, por exemplo, os custos de producao, nomeadamente racao, aumentaram mas os agricultores nao tem capacidade negocial para aumentar o preco do seu produto final sendo obrigados a reduzir producao) entao havera menos vacas matrizes em producao.
      1.2 "marginal ou inexistente" - em que contexto exactamente? onde geograficamente? Esta afirmacao e um perfeito disparate em paises com climas temperados humidos (como por exemplo o Norte da Europa) - os pastos nao crescem no Inverno - e em regioes com climas temperados secos (como e o caso da orla Mediterranica) - os pastos so crescem na Primavera e Outono.

      2 - A proporcao do CUSTO da alimentacao de ruminantes e inferior que nos monogastricos porque geralmente sao produzidos sistemas menos intensivos mas:
      2.1 - Continua a ser o principal custo de producao nos bovinos, tal como em qualquer especie pecuaria - isto deveria ser obvio, acho improvavel que ache este conceito confuso, suspeito fortemente aqui de uma tentaiva de obfuscacao, adiante...
      2.2 - O custo global por kg produzido continua (muito) superior a um monogastrico. - FCR como explicado acima
      3 - Os pastos, para sua informacao, proporcionam 30% da producao global de carne de bovino, e com tendencia a decrescer.

      Nas Americas sim, o milho e o cereal de base para a racao, na Europa e o trigo.

      Sugiro ao NG um pouco mais de humildade no tom dos comentarios e muito mais tempo a consultar fontes de informacao, porque os seus conhecimentos neste tema sao, como demonstrado, muito deficientes.
      Dito isto, nao quero deixar de notar pela positiva, que pelo menos agora se socorre de um pouco mais de numeros e dados para argumentar. E um principio.

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    5. "se os seus productos (novilhos de engorda) deixarem de ter procura (por exemplo porque se reduziu a procura de carne de vaca devido a um aumento de preco impulsionado por um aumento dos factores de producao"

      Infelizmente, o que determina o preço é a relação oferta/procura, não é o custo de produção. Se o preço dos vitelos é elevado o criador retém matrizes, se o preço é baixo reduz o seu número. Simples. Na engorda, se a relação preço da carne/preço da ração é favorável, aumenta o período de engorda e a quantidade de kg de carne produzidos por animal, aumentando a oferta e pressionando um novo ciclo de baixa de preço, e vice-versa.

      "marginal ou inexistente" - em que contexto exactamente?"

      Todo e qualquer um. Excepto nos meses secos do clima mediterrânico, para quem não dispõe de forragens conservadas. E mesmo nesse perído, sempre com ingredientes à base de subprodutos da indústria de alimentação humana, nunca grão. É inviável alimentar uma vaca de carne com cereal.

      "Continua a ser o principal custo de producao nos bovinos"

      Sim. Mas repare. Numa engorda, os principais custos são o animal à entrada e a alimentação. Por exemplo, um vitelo, entra com 250 kg e sai com 500 kg, o custo da ração afecta apenas 50% do peso final. Um leitão entra com 20 kg e sai com 100 kg, 80%. E um frango entra com 50g e sai com 2kg, 97,5%. Todos são afectados pela volatilidade das cotações de cerais, mas os monogástricos em primeiro lugar.

      "Os pastos, para sua informacao, proporcionam 30% da producao global de carne"
      Sim. Depende da região. No Brasil, por exemplo, é 90%.
      Decresce, certamente, na mesma proporção em que o custo da terra aumenta. Mas há muitas terras que não servem senão para pastagem.

      Sem o actual 1 bilião de cabeças de bovinos no planeta, a cada dia, 30 milhões de toneladas de erva deixariam de ser transformadas em proteína de elevado valor biológico para alimentação do homem, e dos cães e gatos que agora o acompanham, para passar à condição de mero pasto de chamas.

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    6. "se o preço é baixo reduz o seu número [de vacas matrizes]. Simples"

      Entao e isso que descreve nao e uma baixa de producao? E o que e que levou a baixa do preco do vitelo? O que e que eu escrevi? Leu? Eu sei que e simples, mas parece que para si nao e...

      "Todo e qualquer um. Excepto nos meses secos do clima mediterrânico, para quem não dispõe de forragens conservadas."

      Disparate. Informe-se. Na orla mediterranica o pasto nao cresce no Inverno porque esta demasiado frio e nao cresce no Verao porque esta demasiado seco. No norte da Europa nao cresce no Inverno porque esta frio. Isto sao porcoes significativas do calendario. Consulte as cartas metereologicas. E consulte uma porra de um dicionario para ver o que e uma forragem e com o que e que e feita.

      E mesmo nesse perído, sempre com ingredientes à base de subprodutos da indústria de alimentação humana, nunca grão."

      Disparate.

      "Sim. Mas repare. Numa engorda, os principais custos são o animal à entrada e a alimentação. Por exemplo, um vitelo, entra com 250 kg e sai com 500 kg, o custo da ração afecta apenas 50% do peso final. Um leitão entra com 20 kg e sai com 100 kg, 80%. E um frango entra com 50g e sai com 2kg, 97,5%. Todos são afectados pela volatilidade das cotações de cerais, mas os monogástricos em primeiro lugar."

      Pegando nos seus exemplos:
      Vitelo ganhou 250 kg. FCR 1:8 - gastou 2000 kg de racao.
      Leitao ganhou 80 kg. FCR 1:3 - gastou 240 kg de racao.
      Broiler ganhou 1.950 kg. FCR 1:2 - gastou 3.9 kg de racao

      Ja sei o que vai dizer: estou a comparar animais diferentes, OK convertamos:

      Vitelo 250 Kg - produzi UM animal - 2000 kg racao
      Leitao 250 kg - produzi DOIS PONTO CINCO animais - 600 kg racao
      Broiler 250 kg - produzi CENTO E VINTE OITO PONTO DOIS animais - um pouco menos de 500 kg de racao

      Ainda lhe parece que e o produtor de vitelos que esta menos exposto a volatilidade das cotacoes internacionais de cereais?

      Ja sei que se vai queixar que usei um FCR para bovinos alto... esforce-se la um bocadinho e faca la com 1:6 que e extraordinariamente optimista e so aplicavel a unidades leiteiras intensivas e depis diga la se os resultados sao substancialmente diferentes. Nao se esqueca tambem de ajustar o FCR das broilers para 1:1.75

      "Sim. Depende da região. No Brasil, por exemplo, é 90%."

      Eu falo de um sistema de producao global e falo em valores globais, voce fala-me do Brasil e dos incendios florestais (com Portugal presumivelmente em mente)... enfim... tenho mais que fazer...

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    7. "se o preço é baixo reduz o seu número [de vacas matrizes]. Simples"

      Entao e isso que descreve nao e uma baixa de producao? E o que e que levou a baixa do preco do vitelo? O que e que eu escrevi? Leu? Eu sei que e simples, mas parece que para si nao e...

      "Todo e qualquer um. Excepto nos meses secos do clima mediterrânico, para quem não dispõe de forragens conservadas."

      Disparate. Informe-se. Na orla mediterranica o pasto nao cresce no Inverno porque esta demasiado frio e nao cresce no Verao porque esta demasiado seco. No norte da Europa nao cresce no Inverno porque esta frio. Isto sao porcoes significativas do calendario. Consulte as cartas metereologicas. E consulte uma porra de um dicionario para ver o que e uma forragem e com o que e que e feita.

      E mesmo nesse perído, sempre com ingredientes à base de subprodutos da indústria de alimentação humana, nunca grão."

      Disparate.

      "Sim. Mas repare. Numa engorda, os principais custos são o animal à entrada e a alimentação. Por exemplo, um vitelo, entra com 250 kg e sai com 500 kg, o custo da ração afecta apenas 50% do peso final. Um leitão entra com 20 kg e sai com 100 kg, 80%. E um frango entra com 50g e sai com 2kg, 97,5%. Todos são afectados pela volatilidade das cotações de cerais, mas os monogástricos em primeiro lugar."

      Pegando nos seus exemplos:
      Vitelo ganhou 250 kg. FCR 1:8 - gastou 2000 kg de racao.
      Leitao ganhou 80 kg. FCR 1:3 - gastou 240 kg de racao.
      Broiler ganhou 1.950 kg. FCR 1:2 - gastou 3.9 kg de racao

      Ja sei o que vai dizer: estou a comparar animais diferentes, OK convertamos:

      Vitelo 250 Kg - produzi UM animal - 2000 kg racao
      Leitao 250 kg - produzi DOIS PONTO CINCO animais - 600 kg racao
      Broiler 250 kg - produzi CENTO E VINTE OITO PONTO DOIS animais - um pouco menos de 500 kg de racao

      Ainda lhe parece que e o produtor de vitelos que esta menos exposto a volatilidade das cotacoes internacionais de cereais?

      Ja sei que se vai queixar que usei um FCR para bovinos alto... esforce-se la um bocadinho e faca la com 1:6 que e extraordinariamente optimista e so aplicavel a unidades leiteiras intensivas e depis diga la se os resultados sao substancialmente diferentes. Nao se esqueca tambem de ajustar o FCR das broilers para 1:1.75

      "Sim. Depende da região. No Brasil, por exemplo, é 90%."

      Eu falo de um sistema de producao global e falo em valores globais, voce fala-me do Brasil e dos incendios florestais (com Portugal presumivelmente em mente)... enfim... tenho mais que fazer...

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    8. Uma ultima que quase me escapou:

      "Na engorda, se a relação preço da carne/preço da ração é favorável, aumenta o período de engorda e a quantidade de kg de carne produzidos por animal"

      Ah sim? Experimente levar ao matadouro um animal fora do standard autorizado e veja la o que e que eles lhe dizem...
      Outra coisa... os animais sao sistemas biologicos, e nao modelos matematicos.
      Manter um animal a engordar por mais tempo e um disparate (mais um! enfim...).
      Explicando sucintamente: existe uma janela temporal optima de crescimento que ocorre durante o periodo juvenil do animal onde e principalmente proteina o que e depositado na carcaca e nao gordura.

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    9. "se o preço é baixo reduz o seu número [de vacas matrizes]. Simples."
      E isso que descreve nao e uma baixa de producao? E uma quebra na procura de carne vaca nao leva a uma quebra no preco do vitelo de engorda? Simples sei eu que e. Voce e que nao.

      "Na engorda, se a relação preço da carne/preço da ração é favorável, aumenta o período de engorda e a quantidade de kg de carne produzidos por animal"

      Ah sim? Hm... muito me conta... entao experimente la levar um animal de engorda fora do standard acordado com o matadouro a ver o que e que eles lhe dizem...
      Outra coisinha: os animais sao sistemas biologicos concretos e nao modelos matematicos abstractos. Expandir o periodo de engorda e um disparate porque existe uma janela temporal de crescimento optimo que coincide grosso modo com o periodo juvenil do animal quando este deposita mais proteina que gordura na carcaca.

      "Todo e qualquer um. Excepto nos meses secos do clima mediterrânico, para quem não dispõe de forragens conservadas."

      Que disparate bolas... Restringido-me a exemplos locais europeus mas aplicavel a a todos os climas temperados secos e humidos respectivamente. Na orla Mediterranica o pasto NAO cresce no Inverno por causa do frio e NAO cresce no Verao por causa da falta de agua. No norte da Europa, o pasto NAO cresce no Inverno por causa do frio. Isto sao periodos significativos no calendario. Informe-se! Consulte uma carta metereologica e um calendario! Voce sabe o que e uma forragem e do que e constituida?

      "para quem não dispõe de forragens conservadas. E mesmo nesse perído, sempre com ingredientes à base de subprodutos da indústria de alimentação humana, nunca grão. É inviável alimentar uma vaca de carne com cereal. "

      Voce sabe o que e uma forragem? de que sao constituidas? Que disparate completo de uma ponta a outra... o resto do comentario e simplesmente confrangedor pela escala da ignorancia atrevida que demonstra.

      "Sim. Mas repare. Numa engorda, os principais custos são o animal à entrada e a alimentação. Por exemplo, um vitelo, entra com 250 kg e sai com 500 kg, o custo da ração afecta apenas 50% do peso final. Um leitão entra com 20 kg e sai com 100 kg, 80%. E um frango entra com 50g e sai com 2kg, 97,5%. Todos são afectados pela volatilidade das cotações de cerais, mas os monogástricos em primeiro lugar."

      Usando os seus numeros:
      Vitelo 250 kg de deposicao de peso vivo; FCR 1:8. Sao 2000 kg (2 ton) de racao para produzir UM animal.
      Leitao 80 kg de deposicao de peso vivo por cabeca; FCR 1:3. Sao 750 kg de racao para o produzir TRES PONTO UM animais.
      Broiler, 1.95 kg de deposicao de peso vivo por cabeca; FCR 1:2. Sao 500 kg de racao para produzir CENTO E VINTE OITO PONTO DOIS animais.

      Ainda lhe parece que e o produtor de vitelos de engorda que esta menos exposto a volatilidade dos precos internacionais de cereais?

      "Sim. Depende da região. No Brasil, por exemplo, é 90%.
      Decresce, certamente, na mesma proporção em que o custo da terra aumenta. Mas há muitas terras que não servem senão para pastagem.

      Sem o actual 1 bilião de cabeças de bovinos no planeta, a cada dia, 30 milhões de toneladas de erva deixariam de ser transformadas em proteína de elevado valor biológico para alimentação do homem, e dos cães e gatos que agora o acompanham, para passar à condição de mero pasto de chamas."

      Eu falo de sistemas globais de producao, de valores GLOBAIS do peso dos pastos na producao de carne bovina, voce responde-me com o Brasil e com incendios florestais (presumivelmente com Portugal em mente)... enfim... bem que eles dizem que a ignorancia e atrevida... e eu tenho mais que fazer.

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  3. Ineficiência? Qual ineficiência? Quantas calorias absorve o porco, a galinha ou o homem a partir de uma tonelada de erva? Quantos milhões de toneladas de subrodutos das indústrias de alimentação humana, da cerveja, dos amidos, dos açucares, dos óleos,... iriam para aterro se não fossem utilizados na alimentação de ruminantes? Dois ou três "documentários" de encomenda, meia dúzia de activistas aos berros, a que que jornalistas neourbanos dão eco, e instala-se mais uma pós-verdade.

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    1. «(...)
      Dois ou três "documentários" de encomenda, meia dúzia de activistas aos berros, a que que jornalistas neourbanos dão eco, e instala-se mais uma pós-verdade.
      (...)»

      - Exactamente. Que praga!

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    2. Mais de 40% da producao global de cerais e usada para racao animal cerca de 1/3 da area aravel global. E este valor e influenciado pelo facto que a producao de proteina animal ainda e essencialmente feita a partir de pastos em regioes em desenvolvimento. Os paises desenvolvidos sao importadores liquidos de cereais para alimentacao animal.
      Menos chavoes e mais consulta dos dados disponiveis publicamente seriam talvez conducentes a uma melhor discussao mais frutuosa. Sem disparates.

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    3. Sim. São utilizados cereais e oleaginosas na alimentação animal. Entre os países desenvolvidos, alguns são importadores outros exportadores, como os EUA, o Canadá ou a Austrália. Portugal, que está coberto de casas, pedras e mato, não produz 1 dos 3 milhões de toneladas que consome. A produção tem aumentado sobretudo pelo aumento da produtividade e da eficiência de utilização dos recursos, não tanto pelo aumento da superfície cultivada. Portugal, por exemplo, produz quase 2 milhões de toneladas de leite, mais 200 mil toneladas do que há 20 anos atrás, com cerca de metade do efectivo leiteiro, menos 200 000 vacas. A produção por animal duplicou e ninguém foi semear milho para a ponta dos cabeços, até se consomem menos 500 mil toneladas de grãos. Em qualquer parte do mundo, o abandono de terras aráveis aumenta o risco de incêndios, com consequências ecológicas não menos danosas do que a sua utilização racional.

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    4. Os cereais podem ser agrupados 3 grandes categorias de uso:
      1 - Consumo Humano directo - cerca de 41% (com tendencia a descer)
      2 - Incorporacao em racoes animais - cerca de 45% (com tendencia a subir)
      3 - Outros usos, incluindo usos em variadas industrias (alcool, biocombustiveis, adocantes, etc...) - o resto

      A oleaginosas tem 2 grandes usos: transformacao em oleos para uso industrial e transformacao em ingredientes para incorporacao na alimentacao humana e em racoes animais.

      Como ve a afirmacao "São utilizados cereais e oleaginosas na alimentação animal." nao faz bem justica a realidade...
      Quanto ao resto, folgo em ver algum interesse para consultar dados. Sugiro no entanto mais tempo para interpretar os dados e produzir conclusoes adequadas.

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    5. Devo acrescentar uma errata importante: sao os paises em desenvolvimento e nao os desenvolvidos que sao importadores liquidos de cereais, as minhas desculpas pelo erro.

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    6. O Brasil e a Argentina agradecem a consideração.

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    7. As decisões de produção não são feitas com base em eficiência de conversão de ração, mas sim na eficiência de custo. Se a eficiência de conversão de ração fosse a única variável determinante, então não haveria grande variação no nível de produção de um ano para o outro porque a eficiência na conversão de ração é bastante estável de um ano para o outro.

      Será que o Pedro, quando vai ao restaurante, decide o que comer com base na conversão em calorias de cada prato, ou compara os preços e decide o que comer?

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    8. Parece-me que esta a argumentar contra um outro Pedro qualquer imaginario...
      Diga-me la onde e que eu disse que o FCR e a unica variavel determinante sff.
      Eu repito-me. Uma terceira vez:

      "O problema nao esta (nem vira a estar outra vez) nos pastos nem no ciclo reprodutor mas sim na produtividades das areas araveis e na ineficiencia intrinseca do sistema digestivo dos ruminantes versus monogastricos a transformar racao em proteina."

      Tentando explicar, uma vez mais, (fico um pouco estupefacto como e que um conceito na minha opiniao simples causa tanta dificuldade): o problema na pecuaria ruminante versus monogastricos e que os impactos de um choque negativo naquele que e o principal factor de custo e assimetrico.
      E claro que ambas as classes de especies pecuarias sao afectadas pelo aumento de custos global nas racoes - estou farto de re-afirmar que e o principal custo em qualquer unidade pecuaria - mas quem sofre o maior impacto sao os ruminantes.
      Repare que mesmo num cenario global de expansao do mercado (o consumo de proteina animal nao deixou de aumentar nem vai deixar de aumentar nos tempos mais proximos) o consumo de proteina ruminante praticamente estagnou.
      Eu apontoi de seguida o FCR como explicacao principal exaplicacao para essa assimetria porque e o principal factor e para simplificar.
      Mas ha outros: o carcase yield de um ruminante e intrinsecamente muito inferior ao de um monogastrico; a falta de integracao vertical no sistema produtivo de ruminantes versus monograstricos; a ausencia de avancos significativos nas ultimas decadas na eficiencia produtiva de ruminantes ao passo que o progresso em monogastricos tem sido ininterrupto; a falta de recursos na investigacao das causas e tratamentos de doencas com impacto negativo na produtividade em ruminantes versus monogastricos onde muito mais investimento foi feito... mas no final de contas, nao alteram substantivamente nada do que eu disse acima, e todos apontam no fundo para uma ineficiencia intrinseca.
      Qual e a dificuldade em entender isto? Leiam com atencao, consultem os dados disponiveis publicamente!

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    9. Esta concerteza a contra-argumentar com um outro Pedro qualquer imaginario.
      Repetindo o meu primeiro comentario. Mais uma vez. Pela TERCEIRA vez:

      "O problema nao esta (nem vira a estar outra vez) nos pastos nem no ciclo reprodutor mas sim na produtividades das areas araveis e na ineficiencia intrinseca do sistema digestivo dos ruminantes versus monogastricos a transformar racao em proteina."

      Pode fazer-me o favor de apontar, citar onde e que eu digo que o FCR e o unico factor determinante?
      O que e que eu disse? O que e que eu escrevi?
      Que o principal factor de custo em qualquer unidade pecuaria e a racao animal. Que o custo da racao esta a ser afectado por uma falta de folga cada vez mais aguda entre producao de cereais e consumo.
      De seguida indiquei que os ruminantes sao intrisecamente menos eficientes que os monogastricos a transformar racao em proteina. E claro que todas as especies pecuarias sao afectadas pelos choques de oferta de cereais que levam a altas de precos das racoes mas os impactos desse choque sao assimetricos entre ruminantes e monogastricos devido, principalmente, ao seu FCR comparativamente ineficiente em relacao com os monogastricos.
      Indico apenas o FCR porque e o factor mais importante da desvantagem comparativa e para simplificacao mas ha mais factores sequeiser saber:
      O carcase yeld de uma carcaca de ruminante e significativamente inferior ao de um monogastrico (50% ou menos versos 75% para cima); a falta de integracao vertical dos sistemas de producao de ruminantes versos monogastricos; a falta de investimento na investigacao de patologias e (e tratamentos) que impactam na produtividade dos animais em comparacao com os monogastricos; a falta de investimento e consequente evolucao muito mais lenta no melhoramento genetico das especies ruminantes versus monogastricos.

      Custa-me a crer como e que um conceitos relativamente tao simples e dados que uma vez mais repito estao publicamente acessiveis podem gerar tanta confusao e interpretacoes estapafurdias.

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  4. Durante a minha visita de hoje ao DdD deparei-me com o seguinte marketing:
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    Dado que não quero fazer empobrecer o DdD, não me candidatei ao referido equipamento. :-) Respondi ao questionário de satisfação e, a seguir, recusei a possibilidade de ser presenteado. Fica, pois, um crédito para terceiros. :-)

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  5. "E o que e que levou a baixa do preco do vitelo?"

    Aquilo que leva à variação de qualquer preço: a relação entre a oferta e a procura. Se fosse o custo de produção os problemas de agricultores e criadores estariam resolvidos.

    "E mesmo nesse perído, sempre com ingredientes à base de subprodutos da indústria de alimentação humana, nunca grão."

    Disparate"

    Ok. Mostre-me uma uma única exploração viável que administre continuadamente, a vacas de carne, cereais em forma susceptível de ser utilizada na alimentação humana.

    "Na orla Mediterranica o pasto NAO cresce no Inverno por causa do frio e NAO cresce no Verao por causa da falta de agua. No norte da Europa, o pasto NAO cresce no Inverno por causa do frio"

    Sim. Por isso, os criadores recolhem e conservam as forragens produzidas nos períodos favoráveis para ofertar ao gado nos períodos em que não estão disponíveis para consumo directo no campo. Qual é o problema?

    "Ainda lhe parece que e o produtor de vitelos de engorda que esta menos exposto a volatilidade dos precos internacionais de cereais?"

    Todos estão expostos. Mas no caso das engordas de novilhos, Há um custo elástico, do animal à entrada, que representa no mínimo 50% do custo final que, por exemplo, no caso do frango é de apenas 2,5%. Se o preço da ração aumenta e não aumenta o preço da carne, baixa o preço dos vitelos para engorda. A vantagem dos frangos é que podem tomar decisões de aumentar ou reduzir a oferta com impacto ao fim de um mês ou dois, enquanto nos bovinos de carne o impacto na oferta de animais é sentido 3 a 4 anos após decisões serem tomadas.

    "voce responde-me com o Brasil e com incendios florestais (presumivelmente com Portugal em mente)"

    Os incêndios no espaço rural não são um problema só de Portugal. São um problema global, EUA, Austrália, Canadá, Rússia,... e sim, Brasil. Experimente viajar de avião à noite durante a estação seca.
    E Portugal, sim, é um bom exemplo. Porque é que há mais incêndios nas regiões onde os terrenos deixaram de ser cultivados e a carga pastorícia se reduziu?

    "Experimente levar ao matadouro um animal fora do standard autorizado e veja la o que e que eles lhe dizem... "

    Já vi que você é bastante ignorante nesta matéria. Há muitas categorias de abate e valorização da carcaça segundo idade, sexo e peso.




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    1. "Aquilo que leva à variação de qualquer preço: a relação entre a oferta e a procura. Se fosse o custo de produção os problemas de agricultores e criadores estariam resolvidos."

      E o que levou, nos exemplos que eu apontei la acima a quebra de preco dos vitelos? Escreve voce umas linhas abaixo:
      "Se o preço da ração aumenta e não aumenta o preço da carne, baixa o preço dos vitelos para engorda."
      E no entanto vem com este rolamborio todo? Haja pachorra, especialmente quando eu estava simplesmente a tentar ilustrar que afirmacoes simplistas como "ah, e tal, as vacas matrizes nao comem tanta racao como os novilhos de engorda por isso nao estao dependentes das colheitas das terras araveis" ignoram o facto de o sistema de producao ser globalizado e integrado.

      "Sim. Por isso, os criadores recolhem e conservam as forragens produzidas nos períodos favoráveis para ofertar ao gado nos períodos em que não estão disponíveis para consumo directo no campo. Qual é o problema?"

      O que e uma forragem? Quais sao os ingredientes? O problema e que voce nao faz porra de ideia sequer do significado de alguns termos que usa.

      Todos estão expostos. Mas no caso das engordas de novilhos, Há um custo elástico, do animal à entrada, que representa no mínimo 50% do custo final que, por exemplo, no caso do frango é de apenas 2,5%. Se o preço da ração aumenta e não aumenta o preço da carne, baixa o preço dos vitelos para engorda. A vantagem dos frangos é que podem tomar decisões de aumentar ou reduzir a oferta com impacto ao fim de um mês ou dois, enquanto nos bovinos de carne o impacto na oferta de animais é sentido 3 a 4 anos após decisões serem tomadas.

      Eu sei que todos estao expostos. Mas o impacto e assimetrico, e esse tem sido o meu ponto desde o inicio.
      Alem de que o NG esquece (convenientemente?) que o custo do animal a entrada tambem e fortemente influenciado pelos custos de alimentacao a montante, as reprodutoras, apesar de andarem mais a pasto, nao se reproduzem a custa so dos ares frescos e das margaridas... especialmente no ultimo terco de gestacao...
      E nem falo de carcasse yields que sao tambem intrinsecamente inferiores em ruminantes versus monogastricos, porque com as dificuldades que tem em conseguir sequer lidar com conceitos simples como FCR; GLOBAL ou FORRAGEM... enfim...
      Volto a perguntar: para depositar 250 kg de peso vivo o produtor de novilho de engorda precisa de 2 ton de racao, o produtor de broilers meia tonelada. Qual dos dois esta mais exposto a volatilidade dos mercados internacionais de cereais?
      Porque e que a carne de frango e porco e consumida em quantidades, de longe, muito superiores em termos globais que a de vaca ou de ovelha? E uma conspiracao da pos-verdade neo-urbana?

      "Os incêndios no espaço rural (...)"

      Repito-me. Segunda vez. Devagar. Os pastos. Contribuem. A nivel GLOBAL. Para a producao de 30%. De TODA a carne bovina.

      "Já vi que você é bastante ignorante nesta matéria. Há muitas categorias de abate e valorização da carcaça segundo idade, sexo e peso."

      Pois pois, eu e que sou o neo-urbano aos berros etc e tal. Mas voce, o "especialista residente" e que nao sabe o que e uma forragem.
      Experimente entao alargar o periodo da engorda e levar animais fora do standard acordado, com conformacao, % gordura corporal ou carcasse yield, por exemplo, fora da janela optima ao matadouro a ver se lhe pagam o mesmo. Alternativamente pode experimentar, de facto ir a outro matadouro, se tiver a sorte de nao estar contratado (ou lhe apetecer pagar a multa...), e depois diga-me se o outro matadouro o compensa o custo extra na engorda sub-optima (racao, tempo, agua, medicacao, cama para animais, enfim...) o custo de transporte (matadouros nao sao talhos sabe? nao ha um em cada esquina...).
      Depois conversamos sobre como correu a aventura ok?
      Melhor ainda, ponha num documentario ou dois, com activistas aos berros, que e para eu poder ler um eco no meu jornal neo-urbano favorito.
      Passe bem.

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  6. "O que e uma forragem?"
    É um alimento que nem monogástricos nem humanos conseguem utilizar. Muitas vezes produzidos em solos que não têm outra aptidão.

    "Porque é que a carne de frango e porco e consumida em quantidades, de longe, muito superiores em termos globais que a de vaca ou de ovelha?"

    Pela mesma razão que a categoria alimentar que, neste momento, regista maior aumento de consumo, nos países desenvolvidos, é aquela cuja produção é menos eficiente, a produção chamada biológica, seja em vegetais seja em alimentos de origem animal, com FCR superiores à produção convencional: tem mais procura.

    "Repito-me. Segunda vez. Devagar. Os pastos. Contribuem. A nivel GLOBAL. Para a producao de 30%. De TODA a carne bovina."

    Os pastos fazem parte da alimentação de 30% dos novilhos engordados. Mas, praticamente, 100% do custo de alimentação dos vitelos e suas matrizes. Em qualquer parte do mundo.

    "Experimente entao alargar o periodo da engorda e levar animais fora do standard acordado"

    O standard tanto pode ser um vitelão, de raças europeias, de 8 meses e 100 kg de carcaça, que pouca ração comeu, ou um novilho de 18 meses com 350 kg de carcaça, engordado intensivamente, ou um zebuíno que andou nos pastos do cerrado brasileiro durante 3 anos e chega ao matadouro com 240 kg de carcaça. Há muitos mercados.

    "Os incêndios no espaço rural (...)"
    Sim. Os incêndios no espaço rural. Portugal, por exemplo, tem menos 1,7 milhão de ovinos e caprinos do que tinha há 10 anos atrás. É 1 milhão de toneladas de material combustível que fica a mais, por esses cabeços, por ano, disponível para ser transformado em lume, dióxido de carbono e risco de vidas humanas.

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    1. "É um alimento que nem monogástricos nem humanos conseguem utilizar. Muitas vezes produzidos em solos que não têm outra aptidão."

      Conforme suspeitava: disparate, va estudar. Todos os pastos sao forragens mas nem todas as forragens sao pastos.
      Falou de forragens conservadas mais acima. O que e uma forragem conservada e de que sao feitas?

      "(...) regista maior aumento de consumo, nos países desenvolvidos (...) tem mais procura."

      Sofismas... o ultimo recurso dos incompetentes... eu falei de consumo GLOBAL.
      Porque e que a nivel GLOBAL, porco e frango tem maior procura? Ainda por cima, no caso dos porcos, ate existem um par de religioes com uma apreciavel quantidade de fieis a nivel global que ate proibem o seu consumo?

      "Mas, praticamente, 100% do custo de alimentação dos vitelos e suas matrizes. Em qualquer parte do mundo."

      Uma pessoa tem de rir para nao chorar... Disparate de uma ponta a outra. Va estudar.

      "Há muitos mercados."

      Disparate. Leia tudo o que eu escrevi. Mercados ha, matadouros nao. Eu repito-me. Uma segunda vez. Devagar. Matadouros. NAO SAO. Talhos: um em cada esquina para todos os gostos.
      Percebeu ou e preciso um documentario?
      Vai matar os Zebuinos do Brasil nos EUA? E os Aberdeen Angus da Irlanda no Brasil? Voce e um comediante sabia?

      "Sim. Os incêndios no espaço rural. Portugal, por exemplo (...)"

      Repito-me. Terceira vez. Nao sei como explicar mais devagar. Os pastos. Contribuem. A nivel GLOBAL. Para a producao de 30%. De TODA a carne bovina.

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