terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Notas breves sobre Berlim

  1. A questão nunca foi o "se" mas o "quando". Há muito que a Alemanha se tornou num alvo para o terrorismo islâmico. Só em 2016 a lista de atentados e ataques conseguidos ou falhados é extensa:
    1. - Leipzig, Outubro: a polícia desmantela um possível ataque a um aeroporto alemão, o suspeito é detido e enforca-se na prisão;
    2. - Ansbach, Julho: 15 feridos na sequência de um engenho explosivo detonado por um refugiado sírio que morreu na mesma;
    3. - Würzburg, Julho: um jovem afegão de 17 anos ataca à machadada uma família de Hong Kong num comboio regional. O jovem com ligações ao IS foi abatido pela polícia;
    4. - Düsseldorf, Maio: 3 suspeitos foram detidos por planearem um atentado no centro da cidade;
    5. - Hanôver, Fevereiro: uma mulher com ligação ao IS esfaqueia um polícia;
  2. A resposta alemã tem sido exemplar. O facto de Alemanha ter vivido os anos de chumbo da RAF dotaram as polícias de instrumentário e experiência para lidarem com a ameaça. Por outro lado, a sociedade civil recusa-se a ceder ao medo e entrar numa histeria generalizada que serve de húmus para outros extremismos. A imprensa, mesmo os tablóides como o Bild, estão a dar lições de piedade, respeito e ética. Numa intervenção serena a chanceler frisou que está indignada e chocada, todavia os actos isolados de alguns não devem "penalizar os milhões que precisam da nossa ajuda".
  3. A resposta à violência é mais democracia e humanidade, não xenofobia e fascismo. Estes não "são os mortos da Merkel" como os nazis da AfD o afirmaram, são as vítimas de uma pessoa ao serviço de uma ideologia assassina.
  4. O condutor do camião foi detido graças à coragem civil de um cidadão que se apercebeu da fuga e correu atrás do atacante mantendo a polícia sempre informada da localização. A identidade deste herói/na é conhecida, mas o seu/a pedido para manter o anonimato foi respeitado.
Nota final: Berlim acordou como se nada fosse porque o medo não vencerá.

3 comentários:

  1. Não são os mortos de Merkel? Não terá ela responsabilidade em ter incentivado a vinda de refugiados para a Europa, assumindo um compromisso em nome de todos os Europeus que os receberíamos a todos? Podemos considerar que existe um bem maior, um valor humanista que o justifica: a vida humana é o bem supremo e não há dúvidas que a a vida de uma pessoa normal e decente na Síria estava em perigo. Agora essa escolha, essa abertura tem riscos. Esses riscos foram assumidos por Merkel em nome de todos ao tomar a iniciativa que tomou. E muitos alemães (e outros europeus) podem não concordar com os riscos assumidos e não são nazis por terem essa opinião. É lícito que por muito que queiramos ajudar não estejamos dispostos a arriscar a nossa vida e a dos nossos familiares. Uma discussão séria tem de assumir que mesmo a melhor das decisões pode ter consequências sérias e efeitos colaterais negativos.

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  2. Tudo isso estaria bem se a Alemanha e a UE tivessem tido discernimento e não tivessem colaborado no atear fogo às bordas da Europa, de onde vêm os refugiados, só para castigar interesses russos. Deu no que deu. Agora, habituem-se.

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  3. E que dizer daquela magnífica nota final, à laia de enunciado com nota proclamatória!?

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