A evolução recente da taxa de desemprego surpreendeu, pela negativa, o governo. Tenho experimentado alguns modelos simples para tentar prever a evolução da taxa de desemprego e confesso que, se tivesse olhado para esses modelos antes de conhecer o comportamento recente da taxa de desemprego, também teria sido surpreendido pelo tão grande aumento da taxa de desemprego no quarto trimestre de 2011 e, em menor grau, no primeiro trimestre de 2012. Desiludido com esses resultados, experimentei uma abordagem alternativa, inspirada em modelos mais tradicionais, muito ad hoc. Em rigor, com esta abordagem não produzo previsões da taxa de desemprego observada, mas sim a previsão daquilo a que talvez se possa chamar "taxa de desemprego potencial", isto é, aquela que se verificará se as empresas apenas empregarem os trabalhadores de que efectivamente necessitam; no fundo, é o limite superior da taxa de desemprego. Esta taxa de desemprego potencial atinge, tal como a taxa de desemprego observada, 14,9% no primeiro trimestre de 2012, embora fique significativamente acima dos valores observados em períodos anteriores. Agora as más notícias: de acordo com esta abordagem, se a taxa homóloga de crescimento real do PIB for -3,3% no último trimestre de 2012 e admitindo que os empresários mantêm expectativas negativas para lá de 2012, a taxa de desemprego no quarto trimestre de 2012 poderá vir a atingir os 18%. Embora sem fundamentação formal, direi que neste caso o intervalo de previsão irá de 16% a 18%.