Nestas últimas semanas, tem-se desenrolado o processo de impugnação contra o Presidente Trump. A velocidade dos acontecimentos tem sido bastante acelerada e durante a audiência pública, tem havido acompanhamento e comentário em directo na rádio (NPR) e alguns canais televisão (as primeiras audiências foram à porta fechada para não haver contaminação de testemunhas, nem possibilidade de informação em segredo de estado ser tornada pública). É esperado que a Câmara dos Representantes, mais propriamente o Judiciary Committee, vote em pelo menos dois artigos de impugnação -- os artigos ainda não foram produzidos, mas é provável que sejam da autoria de vários comités e contemplem abuso de poder e obstrução de justiça.
Dado que os Democratas controlam a Câmara dos Representantes, é esperado um voto a favor de pelo menos um dos artigos de impugnação. Os artigos de impugnação são apenas uma acusação formal, mas um voto a favor tem bastantes consequências, pois Trump não terá o benefício de um perdão futuro, pois a Constituição o proíbe. Talvez se recordem que Richard Nixon demitiu-se antes da Câmara dos Representantes votar; Gerry Ford, que era Vice-Presidente, assumiu a presidência e perdoou Nixon, ou seja, Nixon não chegou a sofrer um voto de impugnação. O perdão é relevante porque o Presidente pode ser levado a tribunal pelos crimes que suscitaram o processo de impugnação.
Após a votação na Câmara de Representantes, o caso passa para o Senado onde haverá inicialmente um processo de delineação das regras do julgamento e depois o próprio julgamento, que será presidido pelo Chief Justice John Roberts do Supremo Tribunal do EUA. Note-se que este processo é civil e, como tal, não exige um ónus da prova tão pesado como um processo criminal. Como os Republicanos controlam o Senado, não é esperado que Trump seja retirado da Presidência pelo Senado, mas se o Senado decidir fazer uma votação anónima, em vez de uma votação pública, tudo é possível.
Se o Senado votar a favor de Trump ser retirado da Presidência, ninguém sabe o que irá acontecer porque nunca houve um caso de impugnação que tenha chegado a esse ponto. Depois de impugnados na Câmara dos Representantes, tanto Andrew Johnson, como Bill Clinton, foram absolvidos pelo Senado.