quarta-feira, 31 de março de 2021

Version 3.330

Estamos sob um aviso de perigo de inundações repentinas, mau tempo, portanto. Há 10 anos, quando me mudei para Memphis, houve grandes inundações e, no trabalho, os clientes que nos telefonavam tinham o cuidado de perguntar se estávamos bem. Acho que foi mais exagero da comunicação social do que outra coisa.

Amanhã de tarde vou tomar a vacina e, como o tempo vai estar melhor, espero que não cancelem novamente. O NYT noticiou que as autoridades americanas estão muito preocupadas com a pandemia porque o número de casos está a aumentar novamente, apesar da vacinação estar a progredir a bom ritmo. Aconselham a continuarmos a gerir o nosso risco e a minimizar os contactos sociais. 

Penso que se chega a uma certa altura em que os que restam para ser infectados são os mais cuidadosos, que por isso ainda não foram. Seria engraçado fazer um estudo das características das pessoas que ainda não foram infectadas: quem são (idade, sexo, tipo de sangue, pré-condições médicas, etc.) e que comportamentos têm (profissão, onde trabalham, com quantas pessoas vivem, etc.).  

Foi um enorme erro as autoridades não investirem mais em análise de dados de forma mais organizada e planeada. Houve tempo de pensar em como proceder e com essa informação podia-se ter gerido melhor o movimento das pessoas de forma a minimizar o impacto na economia. Que os EUA tenham falhado nesse aspecto é explicado pela falta de apetite da administração anterior por estudar assuntos, mas era essa a vantagem que a UE podia ter tido. Em vez disso, andam todos à turras.

terça-feira, 30 de março de 2021

Version 3.329

Das minhas relações pessoais nos EUA, parece-me que eu devo ser das últimas pessoas a levar a vacina. Não conheço ninguém que se recuse a tomar a vacina, mesmo nos libertários. Obviamente, que as minhas amizades não são representativas da população americana, logo nada se conclui e apenas se registra este facto engraçado. 

No fim-de-semana, perguntei às minhas amigas de Houston, TX, na nossa reunião pessoal, como é que era o processo de apanhar a vacina lá, dado que estava curiosa acerca do processo de identificação. Todas as que levaram a vacina disseram que tiveram de mostrar identificação umas quatro vezes até serem vacinadas, mas também disseram que aquele serviço não era da cidade, ou seja, é talvez do governo federal ou do estado, logo as regras podem ser diferentes.

Isto é relevante por causa dos imigrantes ilegais. Há certas cidades e condados nos EUA que se recusam a fiscalizar a imigração ilegal porque dizem que tal tarefa é da jurisdição do governo federal na fronteira. Logo a lógica é que se a pessoa está dentro do país, então tem direito de estar no país, pois se não tivesse, o governo federal tê-los-ia apanhado à entrada. É um tipo de argumentação que é muito usado pelos americanos.

Talvez seja por isso que o sítio onde eu vou levar a vacina não esteja muito preocupado com pedir a identificação de quem a recebe. Negar vacinas a quem já está dentro do país não serve os interesses de ninguém.

segunda-feira, 29 de março de 2021

C/O Tory Burch

It appears that the City of Póvoa do Varzim, Portugal, where the sweaters come from, is proud that said sweaters are used by and inspire designers. In fact, a Portuguese designer in 2006 even copied some of the decorations for his own brand.

"A destreza neste tipo de trabalhos levou à diversificação de peças, daí surgindo os gorros, as luvas, as meias, os cachecóis, as carteiras… Bordados ou com pontos, estes artigos, para além da sua utilidade, entraram facilmente na moda pela sua beleza. Atualmente, a versatilidade deste produto tem atraído criadores do mundo da moda, inspirados por tendências revivalistas e por temáticas de raiz mais popular. Em 2006, o estilista Nuno Gama, na sua coleção de camisolas de lã, utilizou motivos usados na nossa camisola, aplicados por bordadeiras poveiras, segundo as técnicas tradicionais."

Source, 3/28/2021

Version 3.328

Apesar do mau tempo de ontem, hoje esteve um dia bonito, se bem que para o fresco. O ar ontem estava mesmo pesado e quente, sinal que devia haver uma corrente de ar quente que não tinha como subir porque tinha ar frio por cima, uma das causas dos tornados. Quando acordei, tinha várias mensagens de pessoas que queriam saber se tudo estava bem. Até um antigo colega meu na Turquia escreveu para se certificar da minha segurança.

Vi no Facebook, que a Tory Burch tinha emitido um pedido de desculpas ao povo português e que um monte de portugueses entendeu tal como carta branca para os insultar. Portugal continuará a ser pobre e mal-educado. O mundo é grande; não é expectável que a Tory Burch conheça todas as indumentárias tradicionais de Portugal. Nem os portugueses conhecem. Eu nunca tinha visto a tal camisola e já viajei bastante em Portugal.

O mais engraçado é que eu vivi em Stillwater, OK, que tem um restaurante cujas t-shirts são muito famosas. O Eskimo Joe's é um restaurante famoso pelos hambúrgueres e pelas batatas fritas com queijo derretido. É tradição ir-se a esse restaurante e comprar-se uma t-shirt. Quando viajo, frequentemente encontro pessoas com as t-shirts do restaurante e até as já vi em Portugal. Stillwater, OK, é uma cidade muito pequena, que está no mapa por causa da universidade e, mesmo assim, o restaurante consegue ter uma visibilidade mundial. Se há coisa da qual os americanos percebem é marketing.

Durante a manhã, enquanto bebia mimosas com a minha vizinha, mostrei-lhe a fotografia da tal camisola que o LA-C tinha posto no Facebook. Suponho que é a foto de várias pessoas locais da Póvoa do Varzim, uma foto que não inspira ninguém a comprar a dita camisola, mas a minha vizinha achou a foto portuguesa da camisola muito engraçada. E depois mostrei o que a Tory Burch tinha na página de Internet para vender a dita camisola,:uma modelo negra vistosa, na qual a camisola caia bem e parecia confortável.  Até havia um vídeo da rapariga a andar com muito estilo. 

Se a memória não me falha, foi na FEUC que vi uma vez a Ana Salazar, a estilista portuguesa, comentar que não achava a roupa do Ralph Lauren nada interessante, pois o estilo dele dava para se comprar na feira. Efectivamente, pelas feiras e mercados de Portugal, o mais frequente é ver roupa a imitar a roupa americana, com logotipos da Nike, Adidas, Ralph Lauren, etc. Os portugueses já andam há anos a roubar as marcas americanas e essas são mesmo marcas patenteadas e com copyright. Mas o governo americano nunca, nem uma vez sequer, ameaçou uma empresa portuguesa.

Duvido muito que a Tory Burch volte a encomendar coisas em Portugal e não me admiraria que outras marcas pensassem duas vezes antes de fazer negócio aí. O que há mais são empresas têxteis pelo mundo inteiro e até as há no México, onde podem encomendar uma baja mexicana a sério. 

Mas será interessante os portugueses chegarem ao tribunal para processar a Tory Burch, quando não processaram o Nuno Gama em 2006, quando usou motivos da dita camisola poveira sob a sua própria marca.


domingo, 28 de março de 2021

Version 3.327

Estamos sob uma tempestade de trovoada imensa e até avisos de tornado. A parte do Tennessee não costuma ter muitos estragos, mas o Arkansas é mais aberto e os tornados gostam de lá passar. Desta vez, as sirenes do condado não soaram todas ao mesmo tempo como acontecia há 10 anos quando me mudei para cá. Finalmente, começaram a dar avisos de tornado e a accionar as sirenes apenas nas localidades onde o tornado está. Na televisão também mostram o caminho do tornado e a que horas é esperado em cada localidade. É como se fazia em Oklahoma há 25 anos. O progresso tarda mas não falha.

Devido às tempestades, hoje de manhã recebi um email a cancelar a minha vacinação contra Covid, pois estavam preocupados com a segurança das pessoas durante a tarde, dado que era esperado o mau tempo. Marquei nova vacina para Quarta-feira, mas desta vez vou tomar mesmo aqui na minha zona, em vez de ter de ir a Midtown. Um dos meus colegas disse-me que este sítio é muito bom, pois demora uns 10 minutos para chegar e tomar a vacina. Para além de ser rápido, não tem burocracia porque querem vacinar o maior número de pessoas. Enviei a informação para uma amiga minha que é imigrante ilegal e disse-lhe para ela se vacinar, que não era preciso mostrar papéis nem nada. É só fazer a marcação e aparecer. Espero que ela vá e leve a filha. 

Nos primeiros 100 dias da administração Biden, o objectivo era ter 100 milhões de pessoas vacinadas, mas esse número foi aumentado para 200 milhões há uns dias. Parece que está tudo a correr bem e as pessoas estão muito entusiasmadas com a vacina. Não sei se os malucos anti-vacinas já aprenderam a lição, mas se tivessem maior capacidade intelectual não seriam anti-vacinas, essa é que é...



sábado, 27 de março de 2021

Version 3.326

Então a Tory Burch tem uma camisola portuguesa e o governo português decidiu processá-la. Logo agora, a meio da pandemia, o governo está preocupado com uma camisola, em vez de andar a tratar das vacinas. É uma questão de prioridades. Tem piada que o Ministro Álvaro tenha mandado monetizar as coisas portuguesas, como o pastel de nata e toda a gente gozou com ele. Depois de Antonio Costa tomar posse, a preocupação foi afastar-se das ideias do governo anterior. Portugal ia crescer com reposição de salário para funcionários públicos e redução da carga horária. Não só não saiu da cepa torta, como continua à espera das transferências da UE. Pode ser que se tenha poupado uns trocos nas vacinas para pagar ao advogado. 


sexta-feira, 26 de março de 2021

Version 3.325

Ontem falhei e não publiquei. Penso que foi a única vez até agora. Mas não falhei o teste de condução ontem de manhã. Levantei-me perto das 6 das manhã, que é mais ou menos a minha hora, e saí de casa às 7:08. Não deu para passear muito o Julian e ele de vez em quando é chatinho e anda devagar ou recusa-se a andar porque quer cheirar tudo. Normalmente, quando estou mais nervosa, ele age assim, ou talvez seja que, nessas alturas, eu note mais.

Estava neblina de manhã, quando saí de casa, e pensei que fosse levar mais do que os 28 minutos de viagem. Desde Dezembro que quase não tinha conduzido, aliás, ontem foi a terceira vez e tive de ir para o DMV ilegal, pois não tinha carta, não me tinham dado licença de aprendizagem porque o computador não deixava -- estes computadores sabem muito --, e não dava para ninguém ir comigo àquela hora. Então fui sozinha. 

Às Quartas-feiras, de 15 em 15 dias, deixam prestar exame de condução sem marcação prévia. É só preciso estar nos 12 primeiros da fila. Por isso saí tão cedo, pois o gabinete abria às 8:30. Quando cheguei, perto das 7:35, já havia seis pessoas à minha frente, não sei bem se eram todos para exame. Depois de abrir, apontaram o meu nome e mandaram-me esperar no carro. 

Fiz o exame pouco depois das 10 da manhã e a examinadora chamava-se Ginger, uma senhora muito simples e super-bem-disposta. Recordo-me dela do dia em que fiz o exame escrito, pois foi ela também que me recebeu à entrada. Quando perguntou o que ia lá fazer, respondi que era o exame escrito, mas estava com receio de não passar. Disse logo, de forma muito confiante, que claro que passava, como se nem sequer se pudesse duvidar. Não sei que gene é esse, que faz as pessoas ser tão bem-dispostas e gentis, mas de certeza que o meu ou é muito avariado ou nem sequer está ligado.

O exame foi super-simples. Pediu-me para colocar o pé no travão e ligar os piscas antes de entrar no carro. Assim que entrou, disse-me que gostava muito das minhas calças, eram muito engraçadas e lembravam-na da praia (eram umas Lilly Pulitzer bordadas com estrelas do mar). Perguntou-me se contava ir de férias em breve e contou-me das últimas férias que teve com os filhos e marido. Como estava um pouco nervosa, quase que não prestei atenção ao que ela disse sobre as tais férias. Logo eu, que converso com toda a gente... 

Demos uma voltinha ao  quarteirão e ela aconselhou-me que, como havia buracos na rua, podia perfeitamente desviar-me para os contornar. Fiz o que recomendou e até usei piscas, o que aqui é tão pouco comum de ver, mas nunca perdi o hábito de Portugal. E, pronto, estou legal outra vez. Quando me deu a fotocópia da carta, eu disse que devia ter esticado o pescoço um bocado mais para a foto, mas respondeu-me que não interessava, o que interessava era que estava legal; as fotos giras deviam ser reservadas para o Facebook, para o meu mural. 

Após chegar a casa, fui ver se havia vaga para ir apanhar a vacina do coronavírus. Esta semana, estava tudo cheio na minha zona, mas havia bastantes vagas em Midtown, logo marquei para Sábado. Só havia a vacina da Pfizer e noticiaram que a da Johnson & Johnson estão a reservar para as populações mais carentes, como quem está de cama em casa e recebe a vacina no domicílio, os sem-abrigo, e as pessoas de mais idade. Será a Pfizer, então. Vou aproveitar para levar o Julian ao hotel dos animais para brincar com os outros cães, enquanto passo pelos jardins do Dixon e depois vou à vacina. Este cão tem vida de rico.

  

quarta-feira, 24 de março de 2021

Version 3.323

Foi um dia cinzento, de chuva pela manhã, mas algumas das minhas tulipas estão a florir. Até costumo gostar de dias assim, mas estou um bocado saturada deste tempo mais triste. A minha vizinha que tem 86 anos foi ao dentista, mas a filha não pode entrar; era só pacientes. Como ela tem demência, quando lhe perguntaram porque tinha ido, respondeu que não se lembrava. Tiveram de chamar a filha. Talvez não seja mau de todo esquecer tudo e todos e ficar reduzido a um espectro de nós. Sempre presumi que fosse uma coisa horrível e que a morte fosse preferível, mas talvez não. Talvez não saber nada não seja assim tão mau.

terça-feira, 23 de março de 2021

Version 3.322

Ao anoitecer, veio notícia de mais um tiroteio, desta vez em Boulder, Colorado, cidade onde até já estive. É um sítio muito progressivo socialmente, com muitas escolas privadas, cada uma à medida do freguês. Na semana passada tivemos o tiroteio em Atlanta, que deixou oito vítimas mortais de ascendência asiática. É de lamentar que os tiroteios estejam de regresso, mas talvez isso seja um ímpeto para passar legislação mais apertada para o porte e venda de armas.

Em Miami Beach, as autoridades tiveram de bloquear ruas e até se chegou a atingir a multidão com balas de pimenta porque os turistas do Spring Break estavam loucos a dançar na rua, em cima de carros, uns em cima dos outros sem sequer usarem máscara. Bem sei que usar máscara na rua não é essencial, mas isso presume que há algum distanciamento entre as pessoas, não é todos à molhada e aos pulos a respirarem uns para cima dos outros.

O que vale é que a maior parte das universidades requer que os alunos tenham teste negativo para poderem entrar no campus, mas o pior são as comunidades para onde esta malta irá regressar. E vamos lá ver como se sai a Florida, que até agora se tem safado mais ou menos de ter um número elevado de casos. Ao ver aquelas pessoas todas aos gritos, tenho um apreço renovado pelo meu recato doméstico. 

segunda-feira, 22 de março de 2021

Version 3.321

Assisti na Quinta-feira a um webinário patrocinado pelo meu local de trabalho, que tinha como tópico as mulheres e a reforma. Desde já, saiba-se que sou uma pessoa muito obcecada com a minha reforma. Já ando a planear a coisa há uns 35 anos ou mais. Aliás, quando era miúda, uma das minhas actividades preferidas era contar dinheiro no mealheiro, o que não era muito sábio de manter, dado o nível de inflação que havia em Portugal.

Não aprendi grande coisa no seminário e até faço tudo o que a palestrante recomenda: maximizo as contribuições para o 401k, o que inclui dinheiro suficiente para assegurar a contribuição da empresa, tenho também um Roth IRA para diversificar a incidência de impostos; quando recebo bónus, opto por adiar a recepção de metade (máximo possível), maximizo a contribuição para a conta de poupança-saúde, e as minhas poupanças anuais andam à volta de 25% do meu rendimento. Até acedo à minha conta da Segurança Social americana, logo sei quais os benefícios que vou ter e os descontos que fiz. Claro que daqui até eu me reformar, aquilo entra em falência.

Dizia a senhora que nos deu o webinário, que a Segurança Social nos EUA foi criada de forma a apenas substituir 30% do nosso salário. Eu tenho a sorte, ou melhor, esforcei-me bastante para maximizar o meu salário, logo devo receber a reforma máxima dada. Se me reformar aos 70 anos será o equivalente a $3957/mês. Mas se for aos 67, já só recebo $3106. Mas posso sempre reformar-me antes, viver das minhas poupanças e só pedir a Segurança Social aos 70. Como não sei quantos anos vou viver, não tenho como decidir agora. Talvez quando chegar à idade de reforma dê para ter uma ideia melhor, dado o meu estado de saúde na altura. É um bocado doentio andar a pensar nestas coisas durante décadas, mas como é que vocês acham que eu vou manter a minha vida de rica? A minha expectativa é que não vai haver muito dinheiro na Segurança Social para a minha geração, logo não estou a contar com isso.

Passei parte do dia de hoje a ouvir o 45 Graus, em que foi entrevistada a minha colega de blogue, a Mafalda Pratas. Foi uma conversa muito interessante e deu para se perceber a complexidade dos EUA. Penso que não ficou muito clara uma coisa, que tem a ver com o papel do estado. Na Europa, há a presunção de que o estado é uma figura de bem; nos EUA, a sociedade é uma figura de bem, mas o estado pode muito bem acabar por ser uma figura de mal, pois os peregrinos fugiram a um estado que os perseguia e a fundação dos EUA é uma revolta contra um estado que explora a colónia. 

Está enraizada na cultura americana a ideia de que nem sempre o estado defende os nossos interesses. Todo esse medo foi explorado por Donald Trump ao distanciar-se do pântano que é o estado americano e ao apresentar-se como alguém de fora, alguém do povo que defenderia os interesses do povo. A exploração do medo para chegar ao poder é uma das formas mais antigas de se chegar ao poder e funciona tão bem nos EUA como funciona em outros países. Os americanos acham-se excepcionais, mas nem sempre o são.

Mas é engraçada a ideia que os americanos têm de si próprios, de que são uns coitados e de que há sempre alguém que se pode aproveitar deles. Toda a difusão de poder nos EUA serve para guardar contra esse risco. Alguém mal-intencionado pode sempre chegar ao poder, mas dificilmente terá poder por muito tempo ou conseguirá fazer tudo o que quer. Os EUA podem ter começado como uma colónia e um país pobre e agrário, mas precaveram-se contra déspotas. 

O primeiro processo de impugnação de Donald Trump foi mesmo sobre isso: o Presidente não tem poder absoluto, não está acima da lei, e tem de prestar contas. Pode ser absolvido politicamente, mas nada o protege para sempre das leis que governam a sociedade, do tal governo do povo e para o povo.


domingo, 21 de março de 2021

Version 3.320

Após umas semanas de interregno, eis que continuam os pedidos de informações para emigrar para os EUA. Os últimos têm sido um bocado fraquinhos, de gente nova com poucas qualificações, tipo curso de dois anos em marketing digital. Eu aposto que há jovens americanos no secundário que devem perceber da coisa, logo não há necessidade de importar trabalhadores. Aliás, eles inventaram o marketing digital.

Mas no meio da conversa, ouvem-se coisas interessantes. Por exemplo, alguém em Portugal observava que estava a pensar vir para os EUA, mas o problema era que as férias não eram suficientes para ir a Portugal. O período de férias não é regulado pelo governo federal nos EUA; em vez disso há um acordo entre empregador e empregado e as empresas competem entre si nos benefícios que oferecem. Obviamente que se os benefícios são maus, não vão conseguir atrair "talento", quer dizer, empregados de boa qualidade. 

O normal é começar-se com 10 dias úteis de férias e alguns dias de baixa médica, mas há companhias que combinam férias com baixa médica e os empregados têm direito a um certo número de dias. A empresa onde eu trabalho agora combina baixa médica e férias e quem começa a trabalhar tem direito a 15 dias úteis que pode gastar como quer. Também já trabalhei em sítios que davam 10 dias de férias mais 5 dias de baixa médica. 

Depois, em alguns sítios, cada ano que a pessoa fica com a empresa, ganha um dia de férias, até ao máximo de 30 dias, no caso da minha empresa. Em alguns departamentos, também há direito a dois feriados flutuantes, logo um total de 32 dias úteis. A isto soma-se os feriados e os americanos gostam muito de feriados à Segunda-feira para terem fim-de-semana prolongado, mas nem todos os feriados são observados. Por exemplo, a observação do dia de Martin Luther King, em que as pessoas não trabalham, é bastante recente e nem todos os sítios observam, apesar de já ser celebrado há mais.

Expliquei brevemente à pessoa que mencionou a falta de férias que eu tinha 30+2 dias úteis de "paid time off" agora, mas antes já tive menos, e ela disse que era isso que não havia em Portugal: a progressão na carreira. Ora, é impossível haver progressão na carreira se as pessoas querem ter os benefícios máximos logo no início.

O mesmo se passa com as questões de salários. Sim, é verdade que os americanos no início de carreira e especialmente os jovens não ganham muito, mas o normal é progredir-se no salário, à medida que a pessoa ganha mais experiência e consegue melhores empregos. 

Comentaram no outro dia num post meu que eu tinha vida de rica, o que é uma parvoíce. Nesta altura da minha vida já tenho uma vida muito confortável, mas foi porque fiz sacrifícios no início. Aliás, eu só comecei a trabalhar na minha profissão a tempo inteiro em 2004. Entre 1997 e 2004, era estudante e vivia com uma bolsa. Não era rica, mas também não passava fome. 

Tudo o que eu tenho é fruto do meu trabalho e, na verdade, gosto muito do que faço e não me importo de sacrificar outros aspectos da minha vida para me dedicar mais ao trabalho. E é por isso que hoje em dia vivo confortavelmente, mas nada é garantido porque tudo depende do meu esforço. Ricos são aqueles que podem viver confortavelmente sem trabalhar. É o caso do meu cão, esse é rico. 



sábado, 20 de março de 2021

Version 3.319

 Saiu o relatório que ordena os países por nível de felicidade. Os portugueses ocupam o lugar 58, os americanos o 19. Não percebo o ranking dos portugueses, dado que passam a vida a dizer que vivem no melhor país do mundo. Ou será isso a causa da infelicidade, o viverem no melhor país do mundo, o que leva a que se sintam infelizes por quem vive em países piores?

Por falar em coisas infelizes, os americanos estão muito perturbados pelo tiroteio de Segunda-feira que atingiu a comunidade asiática. Fala-se de ser uma questão de racismom mas eu não acho. Dado o número de tiroteios que existe nos EUA, é expectável que toda a gente seja atingida, inclusive asiáticos. É uma coisa bastante triste, estes tiroteios, mas tornou-se bastante corrente. 

sexta-feira, 19 de março de 2021

Version 3.318

Paris entrou em confinamento hoje, o que é bastante negativo: indica que a Europa está muito atrasada no controle da pandemia. As pessoas ainda não se adaptaram a viver com o vírus de forma a mitigar contágios e a evitar confinamentos. Os governos não investiram o suficiente na agilizacao do plano de vacinação. Mesmo do ponto de vista de estímulo da economia, tem sido muito fraco e prevê-se que o maior impacto na economia só se sentirá em 2022. 

Não me parece que as coisas vão correr bem e dada a força da retoma nos EUA e na China, o peso dos europeus no PIB mundial irá continuar a descer, como tem vindo a acontecer desde a crise da dívida soberana. Por outro lado, se a dívida pública era astronómica antes, agora ainda é mais. Em situações de crise, não vale a pena pensar em poupar e até é errado e também imoral, mas incomoda que o dinheiro do aumento da dívida não seja utilizado de forma a gerar mais crescimento; em vez disso, parece que se divide um bolo cada vez menor. 

Os EUA anunciaram que vão emprestar vacinas ao Canadá e ao México, ou seja, não estão grandemente preocupados com a Europa, logo não devem estar a planear normalizar a circulação de pessoas entre os dois continentes brevemente. 

quinta-feira, 18 de março de 2021

Version 3.317

O nosso segundo dia de S. Patrício desde o primeiro confinamento. A minha vizinha preparou carne de vaca com couve e batatas; eu preparei sopa de carne de vaca com cevada, pão de soda irlandês, e Irish coffee. O jantar ficou muito bom, apesar de a versão que eu comi não ter tido cevada, nem pão, e passámos a noite em amena cavaqueira com vários vizinhos. Fiquei a saber que uns outro vizinhos apanharam Covid e ficaram um bocadito mal, mas já recuperaram. Bem me parecia, no outro dia, que o marido estava um bocado magro.

A manhã inteira trovejou e choveu e houve uma altura em que o céu escureceu. Durante a tarde, estivemos sob vigilância de tornado e várias partes dos Estados Unidos estiveram sob alerta máximo de tempestades. A parte mais perigosa do dia para estas tempestades é o crepúsculo, logo espero que o pessoal esteja bem e tenha tomado precauções. 

Há umas semanas, comprei umas coisitas em Portugal, mas o meu pacote ainda não chegou. Espero que chegue um dia destes, mas foi enviado pelos CTT, logo deve ser tipo lotaria. Os tapetes portugueses que comprei no outro dia chegaram bastante depressa, mas foram enviados por DHL. E também comprei outra coisita que veio da Grécia e chegou rápido porque foi enviada por FedEx. Veremos se o meu pacote encontra o caminho...

   


quarta-feira, 17 de março de 2021

Version 3.316

A UE corre o risco de sair bastante danificada da pandemia. Não só negociou as vacinas mal e com atraso, focando-se em poupar dinheiro, em vez de vidas, mas agora tenta colmatar a falha suspendendo a autorização da vacina da AstraZeneca, quando o próprio regulador europeu discorda da decisão. 

Hoje noticiavam que em Portugal já tinha vacinado mais de metade das pessoas com mais de 80 anos, o que é absolutamente ridículo. Começaram a vacinar no final do ano passado e, quase três meses depois, ainda não conseguiram vacinar todas as pessoas com mais de 80 anos? Não deve haver grande dificuldade, dado que até é um segmento da população bastante sedentário e que usa os serviços de saúde com frequência. 

A Reuters diz que Portugal, neste momento, consegue vacinar 10% da população cada 100 dias, ou seja, vai levar vários anos para fazer a primeira ronda. Tanta peneirice no início das vacinas e agora é o que se vê.


terça-feira, 16 de março de 2021

Version 3.315

O dia de hoje pertenceu ao Sebastião Bugalho, pois enviaram-me as peças da revista Sábado acerca da alegada acusação de violência doméstica. Como já não vivo em Portugal há muitos anos, pensei que o rapaz vivesse com alguém e que tivesse agredido a pessoa; afinal, parece que foi atrás de alguém com quem namorava. 

Ui, tenho de confessar que, se isso é considerado violência doméstica, eu já fui. Isso de irmos atrás de alguém de quem gostamos, quando as coisas correm mal é tipo pão nosso de cada dia e tanto eu já fui atrás de namorados, como namorados já vieram atrás de mim. Coitado do meu primeiro namorado, com quem acabei e que me veio perguntar porquê e não largava o osso. Enfim, espero que seja muito feliz. E aquele primeiro beijo que ele me roubou quando tocou para a aula? Ainda sinto o meu coraçãozinho de 15 anos a palpitar. Hoje seria assédio, se acontecesse a outra miúda.

Mas de regresso ao Bugalho, a sério que o regime se sente ameaçado por um moço de 24 anos? Então as coisas estão muito mais bem encaminhadas do que eu pensava. Sebatião, sê perseverante, que isto vai passar. Pode ser que descubram uma amante ao Primeiro Ministro Costa a quem ele tenha dado emprego, dado que ele só dá emprego a pessoas de confiança, e se mude de novela, sei lá...

segunda-feira, 15 de março de 2021

Version 3.314

Dia de pi e da mudança da hora. Pensava eu que até estava a vir cedo para a cama e eis que já são 22:30. Bem, ao menos o Watermelon Sugar ganhou um Grammy. O plano de estímulo do Biden passou no Congresso há três dias e o filho da minha vizinha já recebeu o dinheiro, juntamente com o da esposa. Foi depositado na conta à ordem Receberam uns $2649, apesar do estímulo ser $1400 para cada um. O governo deve ter ficado com 5% para os impostos. Apesar de não precisarem do dinheiro, são pessoas jovens, logo sempre ajuda a pagar o curso.

O mais engraçado nisto tudo é que com tanto dinheiro de estímulo, tem havido dificuldade em encontrar trabalhadores para lojas. O mercado de trabalho também se tornou mais flexível e deu mais poder aos empregados: há muita gente que se meteu no Instacart a fazer compras para entregar em casa, dado que a gorjeta costuma ser boa. Eu pago normalmente $25-$30 de gorjeta e decerto que a loja também dá um extra. Para ganhar isso numa loja que tenha salário mínimo federal, seriam precisas mais de quatro horas de trabalho. No outro dia, precisei de um Uber ou Lyft à hora de jantar e não havia ninguém, mas nunca há falta no UberEats, logo as pessoas que conduzem devem preferir fazer coisas onde se ganhe mais dinheiro.

Vai ser interessante ver o que irá mudar na economia e como nos iremos ajustar à normalização pós-pandemia.

domingo, 14 de março de 2021

Version 3.313

Esta meia-noite mudamos a hora. Não me apetece ter um dia mais curto amanhã, até acho irónico que nos encurtem o dia, à medida que a posição do sol nos dá dias mais longos. E é inconveniente, pois vou ter de andar a fazer as contas a cinco horas de diferença de Portugal, em vez das seis normais  e depois tenho de prestar atenção à mudança de hora na Europa para regressar às seis. 

Fui pintar o cabelo hoje e a minha estilista decidiu que não era necessário usar máscara. Quanto às vacinas, está reticente por causa dos efeitos secundários que ouve falar. Já vi o relato de algumas pessoas que têm reacções mais fortes, mas menos sérias do que as do virus, logo não faz sentido achar que a cura é pior do que a doença, salvo seja, porque a vacina não é uma cura.

sábado, 13 de março de 2021

Version 3.312

A AstraZeneca pediu ao Biden se não se importava de dispensar umas vacinas para a União Europeia, dado que ainda não estão aprovadas nos EUA, logo não são precisas imediatamente. Não me parece que o Biden queira arriscar não ter vacinas suficientes para até ao final de Maio haver doses suficientes para completar a vacinação dos adultos americanos. E depois também penso que, se era para dispensar a alguém, eu preferia que dispensassem aos países mais pobres e sem recursos, em vez de a um bloco de países ricos.

Era mais do que evidente que isto iria acontecer, de os EUA acumularem recursos para si próprios. Bastava ver as conferências de imprensa do Cuomo em que ele dizia que pagava o que fosse preciso para assegurar recursos. É assim que os americanos trabalham: são muito forretas quando as coisas estão normais, mas quando há alguma coisa grave, gastam o que for preciso. É mesmo a visão Keynesiana -- o estado intervém quando o resto falha e nessa altura vale tudo. 

Falando no Cuomo, parece-me que vai mesmo às urtigas por causa de dizerem que ele assediou sexualmente as mulheres. Ainda não ouvi nada que me convencesse de que é culpado, mas isso não é exculpatório por si só. Tenho algum receio que o pêndulo tenha corrigido em excesso, pois agora parece que qualquer pequena coisa, como perguntar a alguém se a pode beijar num casamento, dá direito a acusação de assédio. Recordo-me da história do Garrison Keillor, que achei um completo exagero. Para além disso, quanto querem apostar que quando a pandemia terminar, este pessoal vai começar aos beijos e abraços, tipo a foto da revista Life a celebrar o fim da guerra, e vai ser só acusações de assédio. 

Há situações que são mesmo más, há outras que são más se nós quisermos.  Não sei até que ponto hoje em dia se sabe fazer a distinção. No caso do Cuomo, penso que a principal motivação é política. Ele facilmente seria candidato a Presidente e teria boas hipóteses de ganhar, mas é homem e branco, logo tem de ser afastando antes que progrida demasiado. 

sexta-feira, 12 de março de 2021

Version 3.311

Fui jantar fora hoje, coisa que já não fazia desde Setembro do ano passado, altura em que fui fazer férias a Oklahoma--bem sei, foram férias mixurucas, mas o furacão assim o exigiu e, depois, tive oportunidade de ir jantar a OKC com uma amiga minha que trabalha para o FBI. Pois, pois, conheço gente em todo o lado...

O meu jantar esta noite foi no Coastal Fish Company, que fica no Shelby Farms e escolhemos reservar no pátio. A recepcionista do restaurante tirou-nos a temperatura e perguntou-nos se tínhamos estado em contacto com alguém  que tivesse testado positivo por causa do coronavirus. Não, respondemos, e ela introduziu os dados no computador. Deu-nos indicação para termos máscara dentro do restaurante, excepto para comer e beber, mas no pátio podíamos estar sem, e levou-nos à nossa mesa. 

Os empregados estavam todos de máscara e muitos hóspedes também, mas de resto pareceu tudo normal. A Administração Biden disse que o objectivo era ter tudo controlado até o 4 de Julho, que é um feriado em que muitos americanos se reúnem com amigos e família. E a partir de 1 de Maio, as vacinas deverão estar abertas a todos os adultos.

No todo, parece-me que as coisas estão a correr bem, na medida do possível. Acho que aprendemos a conviver com o virus, o país está a funcionar. Bem sei que havia umas almas que achavam que os EUA não tinham feito nada de jeito quando o Trump era presidente, mas não é bem assim:

Andy Slavitt, a senior adviser to the White House's Covid team, on Thursday credited the Trump administration’s Operation Warp Speed for spurring the development of a Covid vaccine at an unprecedented pace.

Claro que a questão fulcral é que os americanos estão a funcionar apesar do Trump, mas os europeus, que não tiveram Trump nenhum, estão fartos de tropeçar em problemas. 

quinta-feira, 11 de março de 2021

Version 3.310

Tenho saudades do meus títulos palermas dos posts. O de hoje seria "Nem Maçon, nem Maçã" porque me perguntaram se eu era Maçon. Claro que era alguém que não me conhecia, logo não sabia a carga de trabalhos que eu sou nestas coisas de ter de aturar correligionários. O pior também é encontrar correligionários, mas divago...

Estou completamente em pulgas por causa da Primavera. Nunca mais chega e com as tempestades que tivemos, se calhar atrasou as plantas uma semana ou duas. Ontem estive a ver num vaso onde tinha plantado vários bolbos e cormos e não encontrei nada. Fiquei a duvidar da minha sanidade, será que imaginei? Ou talvez tenha plantado demasiado fundo, mas ia jurar que tinha plantado diversas coisas em várias profundidades. O certo é que não encontrei nada. Aguardemos, então.

Este Domingo mudamos a hora. Não me apetece acordar mais cedo. O meu cão é que vai ficar contente. Ele acha que as 16 horas são 17 horas, que é altura de eu parar de trabalhar e lhe dar festas.  Tento explicar o conceito da mudança da hora, mas ainda não compreendeu.

Boas notícas! O Biden anunciou que vai comprar mais 100 milhões de vacinas da Johnson & Johnson. É a que eu quero, logo isto parece-me muito bem. É só preciso uma picadela, iupi! 

quarta-feira, 10 de março de 2021

Version 3.309

Não se pode dizer que os meus caros concidadãos do Tennessee não têm fé em mim. Já me deram um número de carta de condução e eu ainda não passei o teste prático, mas não me deixam marcar o teste. Bem dizia a moça que eu devia ter aparecido logo na Quarta-feira de manhãzinha, a seguir ao teste escrito, porque era dia de chegar e fazer exame sem marcação prévia. Só que não fui porque não me dava jeito. Quarta-feira é dia de reunião às 8 da manhã no trabalho e eu não gosto de faltar a essas coisas. A mim dava-me jeito era que eles marcassem para uma Terça-feira, logo vou ter de fazer um "chat" com alguém para ver se me resolvem a coisa.

Em Maio, vamos ter a reunião da Associação de Proprietários aqui da vizinhança e vai ser no jardim do gazebo. Há uns meses, disse a um dos membros da comissão de direcção que, se eles quisessem organizar uma serenata de ópera, eu teria muito gosto em pagar a visita dos cantores líricos da Ópera de Memphis. Dá para ter um cantor por 15 minutos por $175, mas eu disse que preferia 30 minutos e dois cantores, o que custa $275. 

Já não vou a nenhum espectáculo há um ano, logo acho que já mereço um miminho. Só que é das tais coisas que é mais engraçado fazer em grupo, logo um programa para a vizinhança toda vem mesmo a calhar e nós temos parques mesmos giros e bons para estas coisas. A comissão de direcção da vizinhança vai pagar a vinda de uma carrinha de gelados. Vai ser tão emocionante. Vou pedir que cantem Puccini, mas se calhar ainda choro a ouvir, como de costume.

Por falar em coisas que me emocionam, há uns dias comprei uma figura de alabastro na Etsy, a uma loja de escultura grega, e chegou hoje, via FedEx. É uma mulher nua aninhada e o trabalho ficou muito bonito. Já ontem, recebi dois tapetes vindos de Portugal, feitos à mão, e que foram enviados por DHL. São tão lindos. Ainda falta chegar uma mesa talhada em madeira que também tem uma mulher nua--mulheres nuas é o tema cá de casa: há desenhos, pinturas, esculturas, posters... E também há mulheres vestidas porque eu não discrimino mulheres, só homens.

terça-feira, 9 de março de 2021

Version 3.308

Como é Dia Internacional da Mulher, andou toda a gente muito entusiasmada com mulheres hoje. Amanhã volta a ser Dia Internacional do Homem. Durante todo o dia, falou-se também na entrevista que o Harry e a Meghan deram à Oprah. 

Quando eu era miúda, tinha alguma afinidade pela Casa Real britânica, mas já me passou a febre. O que acho é que estas pessoas são tipo periquitos numa gaiola dourada. São engraçados, mas estão numa gaiola. O Harry, depois de muito espernear, vive numa gaiola com a porta escancarada, mas ele acha por bem estar sempre a entrar. Gostos não se discutem.

segunda-feira, 8 de março de 2021

Version 3.307

De manhã, acompanhei a minha vizinha que levou a mãe de 86 anos à vacina de Covid-19. Quando íamos a caminho, a farmácia do Walmart, onde era a consulta, telefonou para perguntar se a paciente já tinha levado uma vacina antes. Não tinha e o técnico da farmácia informou que a vacina de hoje ia ser a da Johnson & Johnson, que não requer uma segunda dose. Fiquei super-feliz que já estejam a dar essa vacina, pois é a que eu quero levar, logo espero que esteja disponível brevemente para o meu grupo de risco. 

Esperámos 15 minutos, depois da vacinação, para ver se havia alguma reacção adversa. O farmacista foi super-atencioso e muito cuidadoso. Como correu tudo bem, viemos embora após a espera, com a indicação de que não podia tomar Tylenol, ou acetaminofeno, durante pelo menos 6 horas para não interferir com a vacina. Daqui a duas semanas, a paciente deverá ter finalizado o processo de imunização ao vírus; até lá é para agir como se ainda não tivesse recebido a vacina.

A Administração Biden disse há dias que o plano era tentar arranjar vacinas suficientes para toda a gente até ao final de Maio, mas o NYT disse que ao ritmo a que está a decorrer a vacinação só para Setembro é que lá chegaremos. Vamos ver como é que se irão desenvencilhar, mas fiquei impressionada que a vacina da J&J tivesse entrado em circulação tão depressa após a aprovação. 

domingo, 7 de março de 2021

Version 3.306

Penso que em 2005, já não me recordo a que propósito, fui à página de Internet do Continente, fiz compras online, e mandei entregar em casa dos meus pais. Nessa altura, era impossível comprar mercearias online nos Estados Unidos para serem entregues em casa. A Instacart, provavelmente o serviço mais popular nessa área, foi fundada em 2012, mas só nos últimos três anos é que teve mais tracção. 

Há 16 anos, já tinha sido Primeiro Ministro, um tal de António Guterres que tinha uma paixão pela educação, e Portugal estava prestes a ter um tal de José Sócrates que quis revolucionar o ensino em Portugal com computadores para todos os jovens, os Magalhães.

Isto são dois exemplos, mas temos mais de 15 anos de história de coisas que davam jeito para a pandemia. Agora, a menos de duas semanas do primeiro aniversário do confinamento inicial, Portugal está fechado, sem que haja qualquer noção de como abrir o país, apesar de já terem aberto o país uma vez há uns 10 meses.

Como é possível ser-se menos preparado à segunda vez do que à primeira? Que dizer que gente deste calibre ganhe eleições repetidamente? À primeira caem todos, mas cair-se tantas vezes demonstra qualquer distúrbio mental.

E a Comunicação Social todos os dias a elogiar um desempenho medíocre. Ao menos que haja silêncio em vez de disseminação de mentiras e branqueamento de incompetência.

sábado, 6 de março de 2021

Version 3.305

Hoje acordei com a notícia do Politico sobre a Presidência de Portugal da UE na minha caixa de mensagens.É mesmo provinciano e de mau tom, dada a situação mundial. Imagine-se os repugnáveis da UE quando virem que irão ter de pagar mais para financiar a UE, ao mesmo tempo que se recordam que Portugal disse que precisava de gastar o dinheiro em fatos para motoristas que não precisam de levar ninguém a nenhum lado.

Não foi nada que eu não previsse ir acontecer e até aposto que vamos ter notícias deste tipo por vários meses após terminar a presidência de Portugal. E nem é grande mérito meu, pois é fácil fazer previsões quando se trata do PS, é sempre a mesma coisa. Continuará a acontecer até um dia alguém se fartar e partir a loiça. Afinal, o que não falta na história de Portugal são golpes.



sexta-feira, 5 de março de 2021

Version 3.304

Finalmente, tivemos dois dias de sol seguidos. Um tempo fabuloso, óptimo para ficarmos em casa a trabalhar em frente ao computador. Estou a gozar... A meio da tarde fui passear com o Julian e encontrei um dos meus vizinhos a trabalhar no jardim. Estava a retirar os restos de dois cedros que tinham caído com o peso do gelo e da neve durante as tempestades. 

No boletim mensal da vizinhança, que foi entregue hoje, uma foto mostrava duas árvores caídas a bloquear um dos becos de serviço e um vizinho agradecia outros vizinhos pela ajuda em retirar as árvores do caminho para assim conseguir conduzir o carro até à garagem. Um outro vizinho agradecia um casal por ter andado a bater de porta em porta para se certificar que os vizinhos estavam bem. Há muitas pessoas reformadas na vizinhança e é simpático que os vizinhos cuidem uns dos outros.

Quando vi o vizinho a retirar as árvores caídas aproveitei para lhe perguntar como é que ele cuidava das dálias, dado que vi que tinha plantado algumas na primavera passada. Disse-me que não as tinha desenterrado no final da estação e que pensava que teriam morrido com o frio. Trocámos mais algumas impressões sobre jardinagem e, no final, desejou-me um óptimo passeio, que desfrutasse o tempo fantástico de hoje. Fui-me embora, mas esqueci-me de lhe perguntar o nome. Terei de conversar com ele outra vez.  

quinta-feira, 4 de março de 2021

Version 3.303

Diz o povo sábio, mas eu tenho sérias dúvidas que tal seja o caso do povo português, que a tua fama longe soa e mais depressa a má do que a boa. Pois hoje, calhou enviarem-me o que o José Miguel Júdice escreveu acerca da Susana Peralta, mas para dizer mal dele. 

O argumento da Susana de um aumento de impostos tem sido debatido em vários países (ver Reino Unido, EUA, França). A peça do Le Monde invoca mesmo uma situação semelhante que foi corrigida fiscalmente: o imposto extraordinário dos pós-grandes guerras mundiais que serviu para atenuar o sentimento de injustiça sentido pelos que combateram na linha da frente das guerras versus os que beneficiaram das guerras, mas não estiveram expostos a risco. 

A pandemia voltou a evidenciar o problema de como valorizamos o trabalho: quem fica a trabalhar em casa costuma ganhar muito mais dinheiro do que muita gente que é considerada essencial, mas não pode trabalhar em casa, e, como tal, em situações deste tipo quem é essencial está exposto a mais risco, apesar dos salários mais baixos. 

Criar um imposto que incida sobre o rendimento dos que ficaram em casa é apenas uma forma de corrigir esta falha de mercado, para além de financiar parte dos custos adicionais de lidar com a pandemia. Por exemplo, um estudo do Deutche Bank, no ano passado, propôs um imposto de 5% sobre quem trabalhar de casa após a pandemia que podia ser usado para financiar os trabalhadores essenciais.

Acho a proposta da Susana completamente razoável. Tratá-la como se ela tivesse enlouquecido ao avançar uma ideia que está a ser discutida noutros países é que demonstra falta de razão.

quarta-feira, 3 de março de 2021

Version 2.302

Daqui a uns anos, vamos olhar para a pandemia como uma oportunidade perdida. Podíamos ter passado este tempo a tentar melhorar um sistema e uma economia que claramente não funcionam; em vez disso, o nosso maior esforço é tentar manter o sistema antigo, mesmo que fique um bocado pior. 

Por exemplo, na questão da abertura de escolas. Podem abrir as escolas à vontade, mas os alunos que estavam em situação precária ficaram em situação pior durante a pandemia, se calhar com os pais desempregados, ou perderam a avó que tomava conta deles, etc. Tentar abrir as escolas no modelo anterior serve apenas para descanso de consciência da sociedade. 

Podia juntar-se um grupo de pessoas capazes e arranjarem um plano inovador de abertura das escolas. Eu acho que seria interessante desenvolver um modelo com apoio da sociedade civil, tipo uma rede de voluntários e mentores que iriam apoiar os alunos mais carenciados. Talvez os ajudassem a fazer trabalhos de casa, ou liam-lhes histórias pelo computador, ou treinavam as capacidades sociais, ou conversavam com eles sobre os seus receios, etc. 

Cada criança devia um mentor que servisse apenas para melhorar o bem-estar da criança. É frequente estas dinâmicas existirem para os alunos que têm famílias com recursos,  em que os pais ou outros familiares passam bastante tempo a pensar no que é melhor para os miúdos, mas os alunos mais carenciados não costumam ter esta rede de apoio. Se todos os alunos tiverem acesso a Internet, até pessoas fora de Portugal podiam ajudar.

Mas percebo, anda tudo com os nervos em franja e é difícil pensar em inovar nesta altura. 

terça-feira, 2 de março de 2021

Version 2.301

Saiu um artigo no NYT acerca do impacto da pandemia na receita fiscal dos estados americanos. O efeito não é uniforme, mas há bastantes estados que estão ou tão bem ou melhor do que antes da pandemia. Há alguns que estão pior, como o Texas, cuja receita fiscal desceu 10,4%, mas o estado de Washington e a Califórnia subiram ambos. Idaho teve o record de subida talvez porque os residentes da Califórnia se tenham mudado para lá à procura de sítios mais em conta para viver.

O que é de salientar é que o país aprendeu imenso com a crise subprime e desta vez não foram forretas no apoio via política fiscal. No entanto, também temos de admitir que, se o Presidente tivesse sido democrata e o Congresso republicano, as coisas não teriam sido tão céleres. Só que, se o Presidente tivesse sido democrata, talvez nem tivessemos pandemia.

Nunca percebi muito bem como é que as pessoas acham que os americanos não valorizam as pessoas porque se valorizassem, teriam uma política social mais forte. As pessoas são muito mais valorizadas nos EUA do que na Europa, basta ver o valor das indemnizações por negligência. Muitos americanos são contra um estado social mais forte exactamente porque não querem ser complacentes como acham que os europeus são.

Diz o NYT, que, até agora, os EUA já gastaram mais de 15% do seu PIB em apoios durante a pandemia, o que só é ultrapassado pelo Japão, mas assim que o plano do Biden for implementado, o valor do apoio dos EUA irá aumentar para mais de 24% do PIB, um máximo mundial. Convenhamos que os americanos tinham uma dívida pública bastante baixa, o que lhes deu alguma folga fiscal. As coisas correm mais ou menos à maneira de Keynes, o que, para nós economistas, é sempre interessante. 


   

segunda-feira, 1 de março de 2021

Version 2.300

Choveu quase todo o fim de semana e até tivemos ameaça de tornados. De manhã, quando fui com o Julian passear, estava muito abafado e notava-se que era uma corrente de ar do Golfo do México, quente e húmida. Ao longo do dia arrefeceu, logo suspeito que uma corrente fria passou por cima da quente, o que é umas das causas de tornados. É verdade, a época de tornados já está quase à porta e nem me admiraria que amanhã acordássemos e houvesse notícia de alguns danos. Pensando em coisas mais agradáveis, isto fez-me lembrar as correntes de ar quente em Portugal, quando o vento fica forte. Costumava ir para o cimo da minha rua só para sentir o vento a passar na roupa, mas era um ar mais seco e muito agradável.

Hoje os CDC autorizaram, ou melhor, recomendaram usar a vacina da Johnson & Johnson, que só necessita de uma dose e não precisa de refrigeração, e espera-se que comece a ser administrada ainda esta semana. Isto vai acelerar o processo de vacinação bastante. Quase 15% da população americana já recebeu pelo menos uma dose e mais de 7% já receberam duas. Só 20 milhões de vacinas da J&J irão ser disponibilizadas em Março, mas isso corresponderia a 40 milhões das outras que requerem duas doses, logo não é nada mau. Nem me importava de receber a vacina na J&J; não me está a apetecer levar duas picadelas. Apesar de não sentir muito a dor, a expectativa da picadela é bem pior do que a realidade.

O ritmo de vacinação de Portugal é menos de um terço do dos EUA. Espero bem que acelerem a coisa antes do PM Costa decidir convidar quem está no estrangeiro para ir passar férias a Portugal.