Talvez eu esteja enganadam mas penso que dificilmente Mário Soares se reveria na máquina de poder em que o partido se tornou. Apesar de tudo, Mário Soares era um homem de ideais. O PS de hoje nem serve para ideais, nem sequer para ideias. E, prova que caiu um santo do altar, chego à conclusão que até José Sócrates, um enorme canalha e aldrabão, foi melhor Primeiro-Ministro do que António Costa.
Sócrates falhou na execução, certamente de propósito, mas não se pode dizer que o país não vivesse uma época em que se notava que havia um poder executivo com ideias que, se bem executadas, poderiam vir a dar frutos. O PS de hoje não tem isso, existe apenas para servir os interesses de quem está filiado no partido. Não seria muito díficil fazer oposição a um partido que desceu a tão baixo nível, no entanto não há oposição em Portugal.
Mesmo quando os partidos falham, a CRP contempla o papel de um Presidente que pode intervir no sentido de evitar que o país vá por um caminho errado. Pensar-se-ia que, estando Portugal no imbróglio em que está, com a qualidade da democracia em queda livre e a rápida deterioração das instituições, ter uma pessoa na Presidência da República que foi professor de Direito Constitucional seria uma previdência do destino: quem melhor para garantir que a Constituição e os interesses da República seriam salvaguardados?
Em vez disso, MRS prefere o papel de Narciso que se entretém a olhar para a sua figura, a admirar a sua beleza, à medida que se tornou desdentado e muito àquem de conseguir roer a noz que lhe é servida. Agora está bem lixado se não se apressar. Para além do país estar completamente em (des)governo, as pessoas que levaram a República a tal estado estão no processo de rever a Constiuição, o tal documento que dá a MRS os poderes que ele não quer usar. Por quanto tempo os terá?