domingo, 3 de janeiro de 2016

Quando a discriminação mora ao lado

O LA-C escreveu dois artigos no “Observador” sobre a discriminação das mulheres no mercado laboral. Socorrendo-se de vários estudos empíricos, conclui que até nos países mais igualitários, como a Dinamarca, as mulheres ganham menos que os homens nas mesmas funções. O LA-C acha que essas diferenças são, em grande parte, socialmente induzidas. Nada a opor. Deixemos agora a biologia de lado, que algum papel terá também nesta história - basta dizer que os homens não têm mamas e são fisicamente mais fortes, e não há educação ou cultura que apaguem estas diferenças. Voltemos à questão “social”. Presumo que os homens são os grandes responsáveis pela tal “indução social”. E as mulheres? Onde é que ficam as mulheres? São apenas vítimas? Ou será possível que as mulheres também discriminem outras mulheres?
Recorro a um estudo citado por João Pereira Coutinho em “Vamos ao que interessa”. Dois cientistas sociais israelitas fizeram um teste sobre as vantagens e desvantagens da beleza feminina no mundo laboral. Elaboraram dois currículos com informações académicas semelhantes e enviaram-nos para 2500 ofertas de emprego. Havia, contudo, uma diferença nos dois currículos: um tinha uma foto de uma mulher bonita e o outro não tinha foto.
Resultado? As mulheres bonitas têm uma desvantagem competitiva no mercado de trabalho e recebem menos entrevistas de emprego do que as restantes (sem foto). Talvez a explicação deste resultado resida no preconceito absurdo de que “beleza e inteligência não jogam na mesma equipa” – relativamente a esta problemática, lembro-me sempre do exemplo dado há anos pelo MEC: Sam Shepard, um homem bem-parecido e um grande escritor, é a prova de que a natureza é completamente injusta, ignorando qualquer forma de democracia ou igualdade.
Mas talvez a razão desta discriminação seja outra. Nos departamentos de recursos humanos, onde foi feita esta selecção, trabalham sobretudo mulheres: 93%. João Pereira Coutinho conclui que Freud estava errado. A “inveja do pénis” é um conceito datado, “se existe inveja nas mulheres, elas nasce entre vaginas”. 

6 comentários:

  1. "basta dizer que os homens não têm mamas"
    Basta ires à praia para veres homens com grandes mamas, pá!

    ResponderEliminar
  2. Se o estudo israelita foi feito assim então está mal feito e é inconclusivo: para se poder dizer que a diferença estava no facto de as mulheres serem bonitas, teria de se enviar alguns currículos com foto de mulher bonita e outros com foto de mulher feia. Só o facto de se mandar foto pode ser visto como inapropriado por muito recrutadores.

    ResponderEliminar
  3. Não conheço esse estudo. Um que conheço chega aos mesmos resultados quer para homens quer para mulheres e é independente do sexo de quem recebe os CVs.

    ResponderEliminar
  4. O estudo que o Zé Carlos refere deve ser este: http://www.economist.com/node/21551535

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, é esse, o JPC evocou a revista The economist, foi aí que ele teve conhecimento do tal estudos dos dois israelitas

      Eliminar
    2. O paper está publicado aqui: http://pubsonline.informs.org/doi/abs/10.1287/mnsc.2014.1927

      A revista Management Science, onde foi publicado, é muito boa.

      Eliminar

Não são permitidos comentários anónimos.