De momento, as empresas enfrentam sérias dificuldades por falta de crédito dos bancos. Grande parte destes problemas resolver-se-ia se o Estado (quer o central, quer as autarquias) pagasse o que deve. Tal, sabemos bem, é utópico. Sabemos também que outra das dificuldades que as empresas enfrentam de momento se prende com dívidas ao Estado e com uma máquina fiscal cada vez mais agressiva na cobrança dessas dívidas.
Há uma forma de a curto prazo ajudar estas empresas. Bastaria, simplesmente, permitir que as empresas possam pagar dívidas ao Estado com os créditos que detêm sobre Estado. Muitos problemas de tesouraria desapareceriam. As empresas pagariam ao Estado com as dívidas do Estado, ficando com mais liquidez para outros pagamentos e investimentos.
Até se deveria ir mais longe e permitir que as empresas pudessem fazer pagamentos entre elas com créditos do Estado. Uma empresa que tem 100€ a haver do Estado poderia entregar esse crédito a outra empresa, que ficaria então com esse crédito sobre o Estado. Adicionalmente, se essa empresa devesse 100€ ao Estado, poderia entregar esse certificado como pagamento, saldando assim a sua dívida.
Este encontro das dívidas e dos créditos do Estado traria transparência à contabilidade pública. Adicionalmente, parte das dívidas compensar-se-ia com os créditos, o que diminuiria o valor contabilístico da dívida pública.
No fundo, esta era uma forma de Portugal fugir à ditadura do Banco Central Europeu e aumentar a oferta de moeda em Portugal. Este aumento dos meios de pagamento seria um balão de oxigênio para bastantes empresas e replicaria, parcialmente, os efeitos de uma política monetária expansionista que, de momento, tanta falta faz a Portugal.