quarta-feira, 25 de julho de 2012

Quem fala pelos perdedores?

Essa (…) racionalidade do ideal da Comunidade Europeia tornou-se atrativa, em especial para a intelligentsia das profissões liberais que, tanto no Ocidente como no Leste, vê em «Bruxelas» um escape a práticas conservadoras e atrasos provincianos, muito à imagem dos advogados, comerciantes e escritores do século XVIII que apelavam aos monarcas esclarecidos, passando por cima dos parlamentos e dietas reacionárias.
Mas há um preço a pagar por esta reorientação da Europa, por este novo polo magnético para os seus cidadãos de maior êxito. Se a «Europa» defende os vencedores, as regiões e sub-regiões abastadas dos Estados existentes, quem fala pelos perdedores – o «Sul», os europeus pobres, os desfavorecidos em termos linguísticos, educativos e culturais, desvalidos e desprezados, que não vivem nos triângulos dourados junto a fronteiras desaparecidas e para quem «Bruxelas» é, na melhor das hipóteses, uma abstração administrativa, na pior, o alvo de um medo e um desdém com motivações políticas?

Tony Judt, Uma grande ilusão – um ensaio sobre a Europa

2 comentários:

  1. O preço a pagar pela falta de voz dos perdedores nos corredores de Bruxelas é, entre outros, o nacionalismo e o populismo.

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  2. Actualmente as pessoas em geral questionam os Economistas, acerca da Europa, da crise do Euro, da crise social, etc. etc. . Quando deviam estar a consultar os Filósofos ou até mesmo a Biólogos. Passo a explicar.
    A meu ver, a união Europeia é uma utopia, um devaneio da mente humana que tem por base o capitalismo.
    É uma espécie de ambição criada dentro da mente Humana, da mesmo género da Fé (crença de que a mente não é biológica mas sim divina).
    Presentemente creio que o problema da Europa esta na fase de desilusão, é a fase em que a nossa espécie percebe que afinal somos animais, embora pese ainda o facto de que sermos a raça dominante sobre o planeta Terra.
    Como todos sabemos, estamos dotados da capacidade de raciocinar o que nos proporciona esse estatuto máximo entre todas raças, mas em simultâneo faz-nos questionar acerca desse mesmo facto. Ora, nesta busca pela resposta, adapta-se pela inteligibilidade, com o raciocínio concebe ideias, sendo a ideia de Deus, a que define o limite da nossa mente. No decurso deste processo somos tomados pelos sentimentos, que são um contacto com a ideia, se este contacto gerar prazer, surge a vontade de mais, o desejo, a inquietude e logo 'nasce o sonho'.
    O sonho da Europa esta se revelando inexequível, e há uma razão para isso estar acontecendo. É um projecto que assenta numa ideia muito bela mas errada do Homem, a de já não ser um animal.
    Na realidade, antes de racionais somos animais, ignorar esse facto é uma espécie de 'falha' humana, tendemos a embelezar a nossa imagem, é como um vírus da mente e dá pelo nome de vaidade, que causa uma "espécie de cortina de fumo" entre a concepção da ideia e a verdadeira imagem da ideia. O nosso lado animal é real e esta presente em todos os seres humanos. Se não, vejamos então os primatas que são o nosso ponto de partida na árvore genealógica da evolução da espécie, para isso basta ver um filme da vida animal, sobre macacos, gorilas ...(outras espécies do género), é bonito e ainda tomamos uma boa dose de consciência ao faze-lo.
    Entre nós Homens, matamos, enganamos, gostamos de comer, não gostamos de trabalhar, e gostamos de procriar.......SURPRESA! ENTRE OS MACACOS É IGUAL!
    O conceito contou só com as coisas belas que somos capazes de fazer e não contou com as animalescas, logo esta condenado ao fracasso.
    No seu melhor, é uma tentativa de associação de povos, creio que dos mais evoluídos do planeta mas mesmo assim, hoje não somos nem mais nem menos, do que a prova que o ser humano ainda não esta assim tão evoluído , é racional mas ainda é um animal.
    Há questão: "Qual é a resolução possível para a nosso problema Europeu?"
    A única solução possível só pode vir das Nações Unidas, mas não creio que isso vá acontecer, partindo do principio de que somos dos mais evoluídos e não somos capazes de nos unir, não creio que o resto da Humanidade se vá unir há nossa causa e acabar com o nosso problema, pois trata-se de DINHEIRO, (neste caso é a falta dele), e desde que surgiu, é o instrumento que a Humanidade mais deseja possuir.
    Um só homem pode absorver dinheiro de milhares de outros na concretização da sua ideia de Deus. Sabemos que o resultado dessa demanda termina em qualquer coisa, que nada tem de Divino.
    Finalmente, relativamente aos países, as suas populações, as suas economias, o dia a dia das pessoas. Vão sofrer quase todos com o "fim do sonho Europa" mas a vida continua e vão sempre existir alguns bem satisfeitos, "uns Reis" no meio de muitos remediados e insatisfeitos. Enfim, é assim a vida sobre o planeta Terra.

    Manuel Gonçalves
    portuguesacoriano.blogs.sapo.pt

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