terça-feira, 14 de março de 2023

À sombra da palmeira

Depois de umas semanas bastante intensas no trabalho, lá voei rumo ao Dubai para a reunião de estratégia. A viagem, entre os três vôos e as escalas, durou umas 24 horas e é um bastante cansativa. A primeira noite ainda tive sorte e dormi bem porque estava tão cansada, mas à segunda não escapei e não consegui dormir quase nada. Ultimamente, quando tenho insónia, costumo fazer o protocolo de Non-Sleep Deep Relaxation do Andrew Huberman e costuma ajudar-me bastante. Mesmo assim, foi duro estar mais de 36 horas sem dormir e ter de fazer apresentações e orientar uma reunião. Mas tudo é temporário e já está ultrapassado, apesar de eu ainda não ter a rotina normalizada porque cheguei a casa já quase no final do Domingo.

Tive algum receio de ir ao Dubai porque ouvem-se tantas histórias que correm mal por aquela parte do mundo (como se a minha não as tivesse e a rodos). A realidade surpreendeu-me bastante, pois a zona onde estive pareceu-me mais americana do que Miami. Fiquei em Palm Jumeirah e toda a gente falava inglês. Nos restaurantes, os menus também estavam todos em inglês e os empregados iniciavam conversa em inglês -- não vi nenhum que fosse local. A minha experiência em Miami é que o normal é iniciarem conversa connosco em espanhol em sítios como o aeroporto e restaurantes.

Como foi a minha primeira visita não me aventurei muito, nem sequer tive muito tempo para explorar, pois os dias estavam bastante preenchidos com actividades do trabalho. Um dos meus colegas dizia-me que eu devia ir ao Centro Comercial dos Emirados, mas nem considerei ir porque muitas das lojas são bastante ocidentais e encontram-se também nos EUA. A mim agradar-me ia visitar a zona mais tradicional, mas sendo eu mulher não achei prudente sair da zona turística e aventurar-me sozinha. Talvez um dia tenha esse conforto, mas por enquanto não.

Na viagem de regresso para o aeroporto apanhei um condutor do Paquistão, que me pareceu boa pessoa. Perguntou-me se eu me importava que ele ligasse a música, mas ao fim de alguns minutos desligou-a porque eu comecei a falar com ele. Já está no Dubai há 10 anos porque precisa de dinheiro para pagar a educação dos filhos. A filha mais velha vai ser médica e o filho também vai tirar um bom curso. Disse-me que muitos pais no Paquistão se preocupam em deixar propriedades para os filhos, mas na opinião dele a melhor propriedade que se pode dar é a educação. Depois falou na fraca qualidade do governo do Paquistão, na corrupção, na falta de oportunidades, mas quando os filhos tiverem terminado o curso ele planeia regressar.

Usei máscara durante a viagem de avião e em partes dos aeroportos, sempre que achei que havia muitas pessoas juntas. No regresso, quando cheguei ao aeroporto de Newark, depois do processamento de imigração, encontrei uma equipa da Concentric by Gingko que estava a recolher amostras para analisar se a pessoa tinha novas variantes de Covid-19 ou outros virus/bacterias. Algumas das amostras eram depois enviados para o CDC, para serem analisadas mais aprofundadamente. Em troca, ofereciam uma embalagem com um teste de Covid-19 para levarmos para casa. Por acaso fui selecionada para participar no estudo e suponho que eu andar de máscara pelo aeroporto deve ter tido algum peso em me seleccionarem, dado que muito poucas pessoas andavam de máscara. Ainda por cima, eu tinha as vacinas todas em dia, logo sou um bom espécime de se estudar.

1 comentário:

  1. Felicito-a. Esta crónica está bem estruturada e é simples. A menina (*) por vezes perde-se.
    (*) depois de 80 anuidades e com antepassados nortenhos, por carinho, chama-se de menina a uma mulher 10 anos mais nova...
    ao

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