sábado, 11 de fevereiro de 2012

Paul Krugman, The Great Communicator

Aí ao lado, temos links para vários economistas famosos. Ainda faltam muitos, mas com o tempo acrescentá-los-emos. Ler as suas opiniões é mais interessante quando se conhecem os seus trabalhos científicos. Por exemplo, a partir dos artigos científicos de Greg Mankiw, nunca imaginaria que ele fosse um republicano/conservador tão devoto. Outros, como o de John Cochrane ou o de Steven Levitt, são exactamente o que seria de esperar.
O que mais surpreende é o de Paul Krugman. Quem conhece os seus contributos para a profissão, que, merecidamente, lhe granjearam o Prémio Nobel, não pode deixar de ficar a espantado com a sua exuberância blogosférica. Krugman não larga o esférico. É tão prolífico que se torna complicado acompanhá-lo. Ontem, escreveu o seu primeiro post às 10h30m. Ainda não eram 11h da manhã e já escrevia a sua segunda entrada. A meio da tarde, sai-se com uma outra entrada, para, 12 minutos depois publicar uma nova. Ainda não tinham passado 25 minutos e já tinha algo de novo a dizer ao mundo. 7 minutos depois escreve uma nota metodológica. Logo a seguir ao jantar, às 6h20 – nos EUA janta-se cedo – deixou mais uma entrada, esta de índole musical.
Isto foi ontem. Hoje, sábado, às 8h da manhã, já tinha uma nova entrada, com três gráficos. Aqui, em Portugal continental, pouco passa das 2h da tarde, dado que lá são menos 5 horas, Krugman ainda terá tempo para mais 5 ou 6 entradas, que isto de fins-de-semana é para tenrinhos.

7 comentários:

  1. Comungo há muito tempo do seu espanto.
    Tanto quanto me espanta a escassa presença dos académicos portugueses na discussão dos problemas com que Portugal se confronta.

    Há, é certo, alguns artigos publicados em jornais, entrevistas ou participações em mesas redondas televisionadas. Mas que, frequentemente, não passam de afirmações redondas e não quantificadas.

    Os blogs portugueses pretensamente vocacionados para a discussão de questões económicas e financeiras não suscitam, não sei porquê, o contraditório dos seus pares ou ... dos seus impares.

    O "The Portuguese Economy", redigido em inglês, não cativou até hoje comentadores estrangeiros em número que justifique a opção pela língua inglesa. Salvo melhor opinião.

    O último artigo, que considero muito bem estruturado, grangeou dois comentários: "very good", "very good". E já lá vão cinco dias.

    Mas o deserto alarga-se a outros blogs mais ou menos conhecidos catalogados como "económicos".

    É certo que um blog não é um tratado, "um paper", é uma coisa tão leve quanto possível.

    Krugman, para além de prolífico, atrai os comentários de gente que, geralmente, discute num plano equivalente. Nem sempre, é verdade, e ele já tem tentado espantar os menos bem intencionados.

    Por outro lado, penso que Krugman é, mais do que Krugman, um grupo que krugminiano que lhe facilita a recolha de dados e realiza pesquisas orientadas por ele.

    Não é possível nada de semelhante nas faculdades de economia portuguesas?

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  2. Olá Rui, concordo com bastantes dos teus pontos, mas não com todos, ou pelo menos não totalmente. Em primeiro lugar, penso que há vários economistas em Portugal na blogosfera a discutir a Economia Portuguesa. Pedro Lains, Ladrões de Bicicletas, Vítor Bento na blogue da Sedes, Pedro Arroja, nós próprios (pelo menos ocasionalmente), The Portuguese Economy (concordo com o teu comentário quanto ao idioma de escrita), do qual saiu um ministro, etc. É verdade que o debate não tem a mesma vivacidade que o americano mas penso que tal também tem a ver com as nossas faltas de opções. Repara que faz sentido o Krugman e o Mankiw andarem a discutir sobre se é altura de reduzir o défice ou não, tal como faz sentido discutirem as políticas monetárias da FED, que são as que são, mas podiam ser outras. E nós? Faz sentido discutir sobre se a austeridade é o caminho ou não? Penso que não, não há alternativa, quer se goste ou não, assinámos um acordo. Faz sentido discutirmos como se a nossa opinião contasse para alguma coisa se o BCE deve ou não comprar activos dos bancos ou dívidas dos países. Se eu escrever algum post a defender o "quantitative easing" no BCE, que interesse é que tem? A verdade é que as nossas políticas estão tão condicionadas que não há muito para discutir. (Podemos sempre discutir o pastel de nata...)
    De momento, as únicas coisas que de facto podemos decidir são um bocado loucas, tipo fazer default, discutir a saída do Euro, e outras medidas assim radicais. Mas isto é tão louco que nunca ninguém sério discutirá isto na praça pública até ao momento em que se torne inevitável.

    PS Já mudei o prolixo por prolífico.

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  3. "as únicas coisas que de facto podemos decidir são um bocado loucas, tipo fazer default, discutir a saída do Euro,"

    Caro Luís,
    Obrigado pelo teu comentário mas não concordo que a discussão sobre a saída do euro, por exemplo, seja um assunto assim tão louco. Afinal, essa discussão existe, há quem seja a favor (Ferreira do Amaral é o mais citado), os "Ladrões de Bicicletas" têm dias mas a sua religião vai no sentido de nos livrarmos da moeda única. Para Pedro Lains, o melhor é deixar acontecer e logo se vai ver que as coisas se acabarão por compor, Pedro Arroja não tenho lido, a última vez que o li, se bem me recordo, queria a privatização dos tribunais, mas posso estar mal recordado; Vítor Bento não tem aparecido ultimamente mas a última vez que o li propunha precisamente a discussão pública do euro.

    O que me parece é que a discussão acerca dos malefícios e dos benefícios do euro se não for feita com algumas contas, as possíveis, não é discussão mas confusão.
    E essa, do meu ponto de vista, é uma obrigação dos nossos investigadores.

    Ferreira do Amaral fala, fala, mas alguém conhece algumas contas que ele tenha feito para sustentar o que diz? O problema é demasiado importante para ser deixado ao fluir das circunstâncias como sugere Lains ou das convicções para religiosas dos investigadores do grupo dos "Ladrões".

    Salvo melhor opinião.

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  4. Rui, estamos de acordo. Quando eu disse louco era noutro sentido. Se de facto a saída do €uro estiver em cima da mesa, essa discussão terá de ser feita à porta fechada e o seu anúncio de um dia para o outro. No momento que se discuta o assunto pública todo o capital voará para fora de Portugal.

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  5. Talvez a razão porque haja pouca (será mesmo assim tão pouca?) discussão sobre a economia portuguesa é mesmo porque também não me parece haver muita discussão entre bloggers sobre a economia de New Jersey (o Krugman às vezes fala disso, mas a maior parte dos posts é sobre a economia dos EUA; se calhar até fala mais da Europa do que de New Jersey). E o Warren Buffet raramente usa o seu pódio de investidor de sucesso para opinar sobre o sistema fiscal do Nebraska.

    Uma coisa que me ocorreu depois de escrever o parágrafo acima: um adversário do euro (não é a minha posição, mas já andei mais longe) poderia dizer que o próprio facto de estarmos a discutir porque é que os economistas portugueses escrevem pouco sobre soluções para Portugal (enquanto ninguém estranha que só raramente o Krugman escreva sobre a economia de New Jersey) é um argumento contra o euro.

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  6. Miguel, quanto ao 1º patágrafo, não me parece que Portugal seja comparável a NJ.
    Quanto ao 2, mais uma vez, não me parece que esse seja muito forte. Ainda mantemos alguma soberania orçamental (enquanto dependermos da ajuda externa é evidente que esta soberania é mínima, mas em tempos normais penso que sim) e como fazemos os cortes é problema nosso. O nosso maior problema é que é preciso cortar tanto que este governo, e qualquer outro que lá estivesse, em vez de cortar onde deve, corta onde e como pode.

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  7. Caro Miguel Madeira,

    Estou-lhe agradecido pela importância que deu a New Jersey que só pode ser esquecida pela petulância dum New Yorker do 'upstate' como o nosso Amigo Luís. Que quer comparar com tão pouco jeito os 250 triliões de dólares produzidos anualmente nesta margem do Oceano com os 475 triliões produzidos na margem de lá onde não é pequena certamente a contribuição do 'Iron bound district' em pastéis de nata...

    A vida do Senhor Krugman tão perto de Trenton leva-o a falar do Estado que o adoptou quando começou a escrever para o 'NYT'. Certamente porque os impostos locais de Princeton Junction são bem mais altos, e com isso busca alívio...

    Eu falo do Estado que me abrigou durante quase dez anos. Bem lá no 'upstate', no Condado de Bergen. Falo da grande comunidade de Ho-Ho-Kus. Com a garantia estatutária secular de 300 fogos (e nem mais um!) que lhe tiram a especulação dos terrenos. Onde a velocidade máxima para andar de carro era tão grande como a de andar a pé. Com aquela sensação de bem-estar na minha Sheridan Avenue. Qual 'boulevard' ali a uns quarteirões da enorme mansão onde vivia o Presidente dos EUA mais inteligente de sempre, já em Saddle River. Tão perto da Country Diner que tinha as 'waffles' inundadas de 'syrup' do meu pequeno almoço de Sábado, a recompensa justa duma semana de trabalho.

    Ficava a uma hora e dez minutos de Hoboken em comboio, na velha linha da Erie Railroad. (Tempo suficiente de manhã para ler o 'Wall Street Journal' e passar os olhos pela secção de Economia do 'NYT', mas em demasia ao fim do dia para evitar adormecer e perder a saída na estação de casa.) Mais vinte minutos no comboio do PATH até ao desaparecido WTC. E um 'salto' de cinco minutos até ao escritório...

    Obrigado, Miguel Madeira pelas memórias que me trouxe. É mesmo uma pena que o Luís não conheça New Jersey...

    F

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