terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Portugal agrilhoado e o Euro a contragosto


Verifiquei, confesso que com alguma surpresa, que Francisco Louçã, no seu livro Portugal Agrilhoado - A Economia Cruel na Era do FMI, dedica duas páginas a discutir um trabalho que tenho com o Fernando Alexandre e com o Dr. Manuel Correia Pinho. Nesse artigo, procurámos econometricamente construir uma realidade alternativa, estimando o que teria sido a trajectória da economia portuguesa caso não tivéssemos aderido ao Euro. No essencial, chegámos a duas conclusões. Primeiro, Portugal teria crescido bastante mais se nos tivéssemos mantido fora do Euro. Segundo, não obstante, em 2009, a recessão que teria sido bem pior se não estivéssemos abrigados no Euro.

As considerações que faço nos parágrafos seguintes não alteram em nada o essencial: não só fiquei muito contente com tanto espaço dedicado ao nosso trabalho, como também encaro como válidas as críticas que tece a respeito do nosso exercício. Aliás, as limitações que Louçã aponta à nossa metodologia são explicitamente assumidas no artigo. Inclusivamente, numa nova versão do artigo, que disponibilizarei a quem o desejar, somos ainda mais explícitos nessa assumpção.

É este último ponto que me parece interessante e que me chama aqui à escrita. Enquanto num primeiro momento Louçã aponta diversas limitações ao exercício que fazemos, num segundo momento, talvez por gostar das conclusões a que chegámos, queixa-se de que não retirámos todas as implicações possíveis dos nossos resultados. Pudera, são precisamente as limitações apontadas que nos impedem de olhar para os nossos resultados como se fossem inquestionáveis.

Numa ou noutra passagem, Louçã também refere que no nosso artigo retirámos algumas conclusões a contragosto. Quanto a isso só posso dizer que ninguém nos encomendou este trabalho. Fizemo-lo porque nos apeteceu. Muito pouco, ou mesmo nada, contará nas nossas carreiras. Ou seja, tudo o que lá está está por gosto. 

6 comentários:

  1. se a moeda dos tigres asiáticos foi esmagada em 9715 de fevereiro de 2012 às 02:50

    e as economias dilaceradas (algumas durante anos)
    o euro certamente foi uma boa almofada

    mas teríamos crescido mais fora dele?

    50 anos de desvalorizações contínuas da lira
    provam que ...não é por ter capacidade de imprimir à vontade que...

    estagflacção e coiso y tal...
    e não foi em 2002 que deixámos de ser atractivos para o investimento

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  2. juntam-se três inconomistas e dois gestores15 de fevereiro de 2012 às 02:55

    e saem seiscentas ucronias económicas e vinte paraísos do escudo

    esse de fizemo-lo porque nos deu na gana...é tão socrático...távamos ali no café e apareceu um tipo que tinha pescado uns robalos a mais...e nós pensámos e se fizéssemos mais um matacão que vende 300 exemplares
    e ou vai para cortes de papel

    ou há um mecenas com uma distribuidora...

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  3. comé que vai aquele typo da económica évora que fez um doutoramento ou dois mestrados no vosso couto...

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  4. mas fazem uma boa-autocrítica ao volumen15 de fevereiro de 2012 às 02:59

    logo o papá Marx perdoa...e seus Louções

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  5. Luís,

    pode enviar-me o artigo? A economia é um dos meus calcanhares de Aquiles e como iniciei um curso de informação gostaria de ter acesso a vários pontos de vista sobre Portugal e a entrada na União Europeia. Obrigada

    Maria

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  6. Posso, claro, contacte-me: aguiarconraria@gmail.com

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