domingo, 6 de julho de 2014

Re: Erros grosseiros, ignorância e preconceito

Eu considero que a actual avaliação dos centros de investigação levada a cabo pela FCT está cheia de falhas graves, para não dizer gravíssimas. O próprio sistema de avaliação que agora foi desenhado é um disparate pegado. Assim, naturalmente, concordo com muito do que aqui está escrito.

Mas, sinceramente, apresentar o número de 100 artigos publicados em revistas indexadas como sendo algo digno de registo é um pouco confrangedor. 100 artigos em 5 anos num centro que se gaba de ter mais de 100 investigadores é muito pouco. É menos de um artigo por investigador a cada 5 anos. Bem sei que há muitas outras formas válidas de investigação e de apresentação de resultados. Mas, em ciências, a publicação da nossa investigação em revistas com peer review tem de ser o formato preferido. Um artigo de 5 em 5 anos é muito, muito pouco, lamento.  
Podem dar as voltas que quiserem, podem queixar-se do imperialismo anglo-saxónico, queixar-se dos efeitos perversos do publish or perish, queixar-se dos preconceitos. Enfim, queixem-se de tudo. 

Mas falar de 100 artigos em 5 anos num centro que conta com mais de 100 investigadores é não se dar conta ridículo. Mais valia nem o ter referido. E se, como diz a autora, no quinquénio anterior foram 39 artigos então o 'Excelente' que tinham era, pelo menos, tão escandaloso como o 'Bom' da actual avaliação.

7 comentários:

  1. Os 100 artigos referidos são por ano, não a soma dos 5 anos.

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    1. Como se trata de uma correcção factual permiti, excepcionalmente, um comentário anónimo. Mas não vejo como pode ter chegado a essa conclusão. A autora explicitamente diz: "resumo de alguns indicadores sobre a sua produção científica nos últimos cinco anos (entre 2008 e 2013)"
      Adicionalmente, quando se refere a produção anual ´tal é explicitamente referido.

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  2. Fui ver os dados bibliométricos da FCT. Os 100 são mesmo os valores totais e não os valores anuais. Mantenho o que escrevi.

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  3. Caro LA-C,

    0,2 artigo por ano por investigador é sofrível. Mesmo o "Bom" é bom demais...

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  4. Caro LA-C,

    Respondi um pouco de memória e, no entretanto, fui reler o artigo da MLR.

    É normal (e é uma pergunta de alguém da área das ciência não-sociais) existirem mais publicações em livros que em revistas peer-reviewed?

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  5. Também me perguntei se não seriam 100 artigos por ano. O mesmo artigo de MLR indica que se publicam 100-150 livros ou capítulos de livros por ano. Venho de uma área completamente diferente, mas esta disparidade é estranha. É comum tal disparidade (independentemente dos valores absolutos) na área das ciências sociais?

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  6. Carlos Duarte e João André
    Se forem ver este documento de reclamação emitido pelo CIES, http://cies.iscte.pt/np4Admin/%7B$clientServletPath%7D/?newsId=841&fileName=CIES_Erros_da_Avalia__o_04_07_2014_VF.pdf, poderão encontrar duas frases relativas a este assunto:
    - "10. Por exemplo, a publicação de artigos em revistas científicas indexadas em bases de dados
    bibliométricos internacionais mais do que duplicou (de 39 para 84) nos últimos cinco anos que
    foram objeto do relatório de avaliação solicitado pela FCT (2008 a 2012). "
    - "13. O CIES é também uma das unidades de investigação em ciências sociais do país com
    melhores indicadores em vários outros aspetos (ver Anexo). Por exemplo, no estudo
    bibliométrico recente solicitado pela FCT à Elsevier, o CIES é um dos centros de sociologia e
    ciências sociais afins melhor colocados, com 125 artigos em revistas indexadas na Scopus, no
    período em análise (2008-2012)."

    Apesar de parecerem ser contraditórias, a verdade é que ambas as frases deixam bem claro que se tratam de cerca de 100 publicações ao longo dos 5 anos do período em análise.

    No caso da 2ª frase, eu mesmo confirmei no estudo bibliométrico de que se tratam de 125 artigos em 5 anos.
    Possivelmente, na primeira frase que citei eles estão a referir-se a publicações na Web of Science, enquanto a segunda se refere a artigos indexados no Scopus. A diferença pode vir daí.

    Quanto ao tipo de publicações, se é normal publicar tantos livros e capítulos de livros, sinceramente, prefiro não comentar.

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