domingo, 16 de fevereiro de 2020

A tentação de matar André Ventura

Na semana passada, diziam-me os meus amigos portugueses que uma quarentena era inconstitucional porque, durante o tempo da ditadura, havia pessoas opostas ao regime que eram internadas, obviamente por motivos políticos e não por causa da sua saúde.

Sem quarentena, apesar do risco ser pequeno, abrimos a hipótese de ter casos de coronavirus que têm uma taxa de mortalidade alta, mas suponho que essas mortes, se se vierem a materializar, são o preço que pagamos para garantir que o governo não cai na tentação de isolar por umas duas semanas membros da oposição.

Esta semana, alguém decidiu que se devia discutir a eutanásia. Os argumentos usados são interessantes, pois dizem-nos que a vida não é um direito absoluto, o que é consistente com a possibilidade de morrerem pessoas de coronavirus para se garantir que os membros da oposição não sejam internados. Faz sentido...

Só que o problema complica-se um bocado se pensarmos que, na semana passada disseram-nos que não devíamos confiar na administração de quarentenas pelo governo porque os serviços de saúde podiam decidir incluir pessoas que não deviam, mas nesta semana pedem-nos para confiar que o governo e os serviços de saúde merecem a nossa confiança para administrar um programa de morte voluntária.

Durante a ditadura, também houve casos de membros da oposição mortos, por isso como é que se garante que o governo não decide cair na tentação de enviar o André Ventura para a lista da eutanásia?

3 comentários:

  1. Olha, olha... Mais um contributo da Manfred Weber portuguesa para a carreira politica do facho André Ventura. Esta contribuição é em espécie, mais uma tentativa de retratar a criatura como uma vítima. Nada como utilizar os assuntos da ordem do dia para tentar passar a ideia que o Ventura é um outsider injustamente perseguido pelos partidos do sistema. Agora lá terão os contribuintes de pagar uma esfregona e um balde para limpar as abundantes lágrimas do Ventura quando a choradeira dele inevitavelmente começar...

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    1. Que tolice. O André Ventura não precisa da minha ajuda quando pode contar com a sua.

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    2. Pois com certeza que sim. A ascensão dos fachos é sempre culpa daqueles que se opõem a eles e chamam os bois pelos nomes. Nunca é daqueles que lhes dão palco, desculpam o comportamento deles ou tentam disfarçar o que eles são. A culpa é sempre dos outros...

      Sabia que eu já assisti a uma pessoa dizer que foram os comunistas e os sociais-democratas que foram os responsáveis pela chegada de Hitler ao poder?

      (nota histórica: os comunistas estavam excluídos do Reichstag e os sociais-democratas votaram contra o reforço de poderes do Chanceler que permitiram ao Hitler tornar-se um ditador. A direita moderada e os conservadores votaram a favor)

      Está a ver? Estas situações não são novas e a Rita não está a ser original.

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