quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Moralmente repreensível

Depois da crise financeira de 2008, os jornais encheram-se de editoriais a falar da crise de ética nas escolas que formavam o upper management das companhias envolvidas no colapso financeiro. Harvard foi uma das universidades mais criticadas (ver aqui e aqui). No entanto, a universidade desde então investiu bastante em formar pessoas eticamente responsáveis e que não ajudem a corromper o sistema mais do que ele já está.

Quando vi a sucessão dos resultados das previsões de crescimento dos modelos de Mário Centeno, sabendo que ele tinha passado por Harvard, questionei-me se era uma pessoa séria e de princípios ou se também era facilmente corruptível -- para mim, aqueles resultados não eram defensáveis. Hoje tenho a certeza de que é um indivíduo moralmente corrupto; diz qualquer coisa para segurar o PS e enganar os cidadãos: manipula informação, mente, responsabiliza outros pelas suas decisões porque não tem como as defender.

Assistimos agora à novela de António Domingues na CGD, na qual veio à luz um acordo explícito que o governo fez com António Domingues; mas quando Centeno se tornou Ministro das Finanças, a novela era a do Banif, que envolvia questões como a de quem tinha sido a decisão de intervir no banco em 2015.

Mário Centeno formou-se em Harvard antes da crise financeira, na altura em que a escola não ligava muito a questões de ética porque pensava que as pessoas que chegavam a uma universidade daquele calibre tinham o mínimo de fibra moral. Infelizmente, não têm todas, como se vê pela actuação de Mário Centeno.

11 comentários:

  1. Portugal tem muitas lições a dar o mundo.
    Por exemplo, a Universidade Lusíada, onde se formou Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque (a Lusófona, que formou o ex-doutor instantâneo Miguel Relvas sem, sequer, ter feito um exame, não pode dar lições a ninguém), dizia, a Lusíada, pode ensinar ética a Harvard.
    Porquê? Por isto:
    De acordo com o Diário de Notícias, Maria Luís Albuquerque vai trabalhar em média dois a quatro dias por mês e terá que estar presente em 10 reuniões por ano em que a Arrow Global reúne todos os administradores.
    Por todo este trabalho, a ainda deputada vai receber, segundo o Correio da Manhã, cerca de 100 mil euros, mencionando que para além do ordenado, Maria Luís Albuquerque terá 10 mil euros pela participação em reuniões e um prémio em função dos resultados anuais obtidos.
    A estas verbas a antiga ministra junta os mais de três mil euros de salário de deputada e 25 euros por dia para ir trabalhar ao parlamento.
    Pedro Passos Coelho e o seu "braço direito":
    A Tecnoforma, onde Passos Coelho foi consultor e administrador, está a ser investigada pelo Gabinete da Luta Anti-fraude da União Europeia devido a alegadas irregularidades e fraude relacionados com fundos europeus.
    O Público, noticiava a 11 de Outubro de 2012 que Miguel Relvas terá ajudado a Tecnoforma a ter o monopólio de formação em aeródromos. Entre 2002 e 2004, esta empresa arrecadou 3,6 milhões de euros provenientes do programa Foral, tutelado na altura por Miguel Relvas, à época secretário de Estado da Administração Local no Governo de Durão Barroso.
    Outro inquérito, aberto também depois das notícias do PÚBLICO, está em curso no Departamento de Investigação e Acção Penal de Coimbra, e tem a ver com um projecto da Tecnoforma no valor de 1,2 milhões de euros, que foi aprovado pelos gestores do Foral e se destinava a formar mais de mil funcionários de nove municípios da região Centro para trabalharem em nove aeródromos e heliportos daquela região, parte dos quais não existiam ou estavam desactivados.
    Foram noticiados ainda mais quatro casos, um dos quais envolvendo o jornal Público, no âmbito do dossier das secretas. O então ministro, Miguel Relvas, ameaçou uma jornalista com a revelação de dados da sua vida privada depois de questionado sobre os serviços secretos e a sua relação com o ex-espião Jorge Silva Carvalho.
    Passos Coelho disse em 1 de Abril que cortar subsídios era um disparate
    (O dia 1 de Abril sempre teve má fama)
    https://www.youtube.com/watch?v=94Zm2GM5Lj8
    Portanto, ética não lhes falta.

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    1. Fui aos comentários ver o que estava pendente e lá encontrei o seu comentário--como vê, não foi censurado, apenas aguardava moderação. Agora quem aguarda sou eu...

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  2. "Mário Centeno formou-se em Harvard antes da crise financeira, na altura em que a escola não ligava muito a questões de ética porque pensava que as pessoas que chegavam a uma universidade daquele calibre tinham o mínimo de fibra moral."

    Ahem.
    E eu que pensava que Harvard era uma boa universidade.

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    1. O facto de Harvard ser boa pode contribuir para o problema. Julgo que durante muito tempo supunha-se que quem chegava à universidade não precisava de ser ensinado a distinguir o bem do mal; isso eram coisas que se faziam no jardim escola e na primária. No entanto, estudei pela primeira vez nos EUA em 1995 e na minha universidade falava-se muito em questões de desonestidade académica e ética -- muito mais do que na minha universidade portuguesa. Em Harvard também faziam o mesmo. Não sei se as pessoas achavam que quando iam para o emprego todos esses conceitos se tornavam obsoletos. O certo é que os EUA são uma sociedade muito litigiosa e quem tem maus comportamentos sujeita-se a acabar em tribunal.

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  3. Muito curioso.
    Ontem deixei neste post um comentário.
    Como desagradou, foi censurado.
    Viva a democracia... nos EUA.

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    1. Eu agradecia que conferisse os factos antes de fazer acusações não fundamentadas. Eu não vi comentário seu nenhum porque não tenho ido à secção de comentários, logo não censurei nada. Viva a má educação... em Portugal.

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  4. Não sei como funciona a introdução de comentários nos vossos posts.
    O meu, de 9 de Fevereiro, às 11:30, o 1.º a ser enviado para aí relativamente a este post, só apareceu publicamente depois de, em 10 de Fevereiro, às 00:29, eu me ter queixado de censura.
    Entretanto, já tinham sido publicados os de 9 de Fevereiro, as 15:17 e às 16:08.
    Se não gosta da palavra censura, chame-lhe o que quiser.
    Por exemplo, vrrrreeenhec, que foi o nome que Ricardo Araújo Pereira chamou ao aborto, ou IVG, na altura em que falar de aborto feria muitos ouvidos sensíveis.
    Que seja, pois, vrrrreeenhec.
    Não foi a 1.ª vez que tive problemas de publicação de comentários no DdD, embora com outro posteiro, apenas porque não concordam politicamente com o que digo.
    Mas se incomodar muito é só dizerem, há mais vida além do DdD.
    É muito curiosa a atitude de tanto democrata que convive mal com a crítica ou as ideias diferentes dos outros.

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    1. "Não foi a 1.ª vez que tive problemas de publicação de comentários no DdD, embora com outro posteiro, apenas porque não concordam politicamente com o que digo."

      Se pensa que nós não publicamos comentários porque apenas porque não concordamos politicamente com o que diz, então não percebo como continua a comentar aqui.
      Neste blogue já tivemos comentários a defender Trump, José Sócrates, Salazar e, o que foi o cúmulo, Franco e o legado franquista. Só alguém muito burro ou com um ego maior do que o do Trump é que pode achar que foi censurado por ter dito algo com que politicamente não concordamos.

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    2. Obrigado pela simpatia, é bom ser brindado ao Sábado logo pela manhã desta forma.
      Se não fosse maçada demasiada, podia então fazer o favor de esclarecer o caso.
      Eu suponho que os posteiros, à medida que lhe chegam os comentários, os vão introduzindo.
      Tenho dificuldade em perceber que um que chegou muito primeiro do que outros só apareça depois e após reclamação do comentador.
      Mas como sou muito burro, deve ser por isso que não compreendo.
      Fique descansado que cessarão a partir de agora os meus incómodos no vosso blogue.
      Nunca gostei de incomodar demasiado e sei quando devo sair de cena.

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    3. "Obrigado pela simpatia, é bom ser brindado ao Sábado logo pela manhã desta forma."

      Sim, é muito pior do que ser acusado de fazer censura. Das coisas que sempre achei mais piada é ver quem faz acusações graves e insultuosas ficar todo ofendidinho, como se fosse um frasquinho de cheiro, quando lhe respondem à letra.

      "Se não fosse maçada demasiada, podia então fazer o favor de esclarecer o caso."
      Não há nada para esclarecer. Se o comentário não apareceu é porque quando fui notificado do comentário e autorizei o comentário, muito provavelmente via telemóvel, carreguei mal no link da autorização. Acontece ocasionalmente e acontecerá mais vezes.
      Depois da queixa, a Rita, naturalmente, foi ao blogger ver se havia comentários para moderação não autorizados e encontrou o seu.

      "Mas como sou muito burro, deve ser por isso que não compreendo.
      Fique descansado que cessarão a partir de agora os meus incómodos no vosso blogue."
      Eu, ali em cima, aventei duas hipóteses para poder pensar que aqui se censuram comentários por estarmos politicamente em desacordo com eles. Uma hipótese era ser muito burro. A outra era ter um ego desmesurado. Dado que pensa que os seus comentários são um incómodo para quem quer que seja, então a segunda hipótese não deve ser descartada

      "Nunca gostei de incomodar demasiado e sei quando devo sair de cena."
      Nesse caso tenha um bom fim-de-semana e espero que se divirta nas outras cenas para onde vai.

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  5. Correcção:
    No comentário que enviei há pouco para aí, refiri aborto ou IVG.
    Devia ter dito casamento entre pessoas do mesmo sexo.
    Foi a propósito deste casamento que Ricardo Araújo Pereira aplicou o termo verrrrnheeec.

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