terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Postal de Natal tradicional

Caros leitores,
Como não queremos que vos falte nada, não podíamos deixar de vos desejar um Santo Natal, à maneira vitoriana. Durante Dezembro, a Ópera de Memphis realizou um especial de Natal na Dixon Gallery and Gardens, em que o elenco se vestiu à moda de finais do século XIX e, durante 3 horas, houve histórias de fantasmas, ópera, cantigas de Natal, valsas, etc.

Merry Christmas,
Rita

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Christmas caroling...

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Learning to waltz...

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Bizet’s Carmen...

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Postal de Natal rockeiro

Caros leitores,
Desejo-vos um óptimo Natal. Este ano, o Hanukkah começou ao pôr do sol do dia 22, logo um bom terceiro dia de Hanukkah também. Para encetar as festividades, fui ver a Trans-Siberian Orchestra na Quinta-feira. Que decadência de guitarras, lasers, cabedal negro, cabelos compridos... Fica aqui uma pequena amostra.

E deixo-vos também as decorações de Natal de uma família em Memphis, que ligou as luzes a uma estação de rádio e, por acaso, quando por lá passei, estava mesmo a tocar a TSO.

Happy Holidays!
Rita

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Trans-Siberian Orchestra In #Memphis

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Christmas in #Memphis

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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Sol na eira e chuva no nabal.

Vejo muita gente, geralmente à direita, a dar importância máxima à carga fiscal e ao facto de ela ter aumentado. O problema é que se olharmos para a carga fiscal como o alfa e o ómega disto tudo, então a conclusão de uma comparação internacional é que pode aumentar ainda mais, pois muitos países têm uma carga maior do que a nossa.
Por outro lado, vejo muita gente, geralmente à esquerda, a dizer que não temos nada que baixar impostos porque a nossa carga fiscal até nem é muito alta pelo que é uma falácia dizer que não somos competitivos por causa dela. O problema disso é que a nossa carga fiscal é mais baixa precisamente porque o nosso rendimento é mais baixo. Por isso não faz sentido comparar com a carga fiscal de países mais desenvolvidos. Devemos antes tentar apurar o nosso nível de esforço fiscal.
Olhando para o esforço fiscal, o que vemos é que Portugal tem um nível de esforço fiscal muito alto (basicamente, para o mesmo rendimento pagamos mais impostos que lá fora). mas, por outro lado, nos últimos anos, incluíndo o que está previsto para 2020, o esforço fiscal tem descido ligeiiramente.
Portanto, nesta discussão, ninguém tem um argumento win-win. Para terminar, acrescento que actualizar os escalões de IRS abaixo da inflação prevista é uma forma de aumentar quer a carga fiscal quer o esforço fiscal. Neste caso, quer para quem argumenta à esquerda quer à direita é uma situação de lose-lose.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Ciências da Educação?


FNAC Colombo, repleta de potenciais compradores nesta época natalícia – sendo eu um deles.  Deambulo na livraria, avaliando as ofertas que me são feitas nos expositores. A dada altura, deparo com o sector das “Ciências da Educação”. Isto interessa-me. Vejo os livros expostos. Atente-se nos títulos de apenas alguns (omito deliberadamente nomes de autores). Livro de Reclamações das Crianças, Educar com um Sorriso, Deixe-o Crescer ou o seu Filho será um Bonsai em vez de uma Árvore Forte, Adolescer é Fácil 3 # Só que não, Porque (sic) não Largas o Telemóvel e Aprendes Qualquer Coisa para Variar? No expositor ao lado encontrava-se, como por acaso, o livro Inteligência Emocional, de Daniel Goleman, numa edição da Bertrand de 2010.

Nada tenho contra os livros que referi – apenas me confrange que eles apareçam como sendo livros que caibam no sector reservado para as ciências da educação. Será que pessoas responsáveis pensam mesmo que as ciências da educação dão cobertura a tudo o que se escreve sobre educação? E mais não digo.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Impugnação

Nestas últimas semanas, tem-se desenrolado o processo de impugnação contra o Presidente Trump. A velocidade dos acontecimentos tem sido bastante acelerada e durante a audiência pública, tem havido acompanhamento e comentário em directo na rádio (NPR) e alguns canais televisão (as primeiras audiências foram à porta fechada para não haver contaminação de testemunhas, nem possibilidade de informação em segredo de estado ser tornada pública). É esperado que a Câmara dos Representantes, mais propriamente o Judiciary Committee, vote em pelo menos dois artigos de impugnação -- os artigos ainda não foram produzidos, mas é provável que sejam da autoria de vários comités e contemplem abuso de poder e obstrução de justiça.

Dado que os Democratas controlam a Câmara dos Representantes, é esperado um voto a favor de pelo menos um dos artigos de impugnação. Os artigos de impugnação são apenas uma acusação formal, mas um voto a favor tem bastantes consequências, pois Trump não terá o benefício de um perdão futuro, pois a Constituição o proíbe. Talvez se recordem que Richard Nixon demitiu-se antes da Câmara dos Representantes votar; Gerry Ford, que era Vice-Presidente, assumiu a presidência e perdoou Nixon, ou seja, Nixon não chegou a sofrer um voto de impugnação. O perdão é relevante porque o Presidente pode ser levado a tribunal pelos crimes que suscitaram o processo de impugnação.

Após a votação na Câmara de Representantes, o caso passa para o Senado onde haverá inicialmente um processo de delineação das regras do julgamento e depois o próprio julgamento, que será presidido pelo Chief Justice John Roberts do Supremo Tribunal do EUA. Note-se que este processo é civil e, como tal, não exige um ónus da prova tão pesado como um processo criminal. Como os Republicanos controlam o Senado, não é esperado que Trump seja retirado da Presidência pelo Senado, mas se o Senado decidir fazer uma votação anónima, em vez de uma votação pública, tudo é possível.

Se o Senado votar a favor de Trump ser retirado da Presidência, ninguém sabe o que irá acontecer porque nunca houve um caso de impugnação que tenha chegado a esse ponto. Depois de impugnados na Câmara dos Representantes, tanto Andrew Johnson, como Bill Clinton, foram absolvidos pelo Senado.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Para além do PISA 2018


A divulgação dos resultados do PISA 2018 proporcionou, como tem sido habitual nas anteriores apresentações, reacções diversas. Não dou grande importância aos resultados, porque num projecto desta envergadura, envolvendo alunos de 79 países muito diferentes entre si (cerca de 600 000 num universo de 32 000 000, ou seja, uma amostra de cerca de 2%), as probabilidades de ocorrerem erros são grandes (aliás isso é assumido no estudo). Contudo, atendendo a que o PISA tem já uma história e é possível detectarmos tendências nos resultados (subidas, descidas, estagnações), vale a pena determo-nos na sua análise.

Se é patético vermos ministro e ex-ministro quererem ser “vencedores” face aos resultados, é razoável que responsáveis pela educação no país assinalem as curvas que no gráfico mostram uma melhoria.

Art Basel Miami

Entre as vendas de bananas coladas à parede com duck tape (é a fita cola do MacGyver) e pseudo-orgias da Desigual, em que uma das participante era a filha da Madonna, já toda a gente em Portugal deve conhecer a Art Basel Miami. Eu também conheci, mas foi porque fui lá, mas não vi a banana. Deixo-vos as minhas impressões do que vi. (A sério que achavam que a DdD não iria estar presente? Nós não somos bananas...)

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Lógica à americana

“Article II, section 2 of the Constitution gives a president the power to pardon anyone who has been convicted of offenses against the United States, with one exception: "In Cases of Impeachment."

If Trump is impeached by the House, he can never be pardoned for these crimes. He cannot pardon himself (it's dubious that a president has this self-pardoning power in any event), and he cannot be pardoned by a future president.”

~ Robert Reich, Newsweek, 2/12/2019

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Happy Thanksgiving!

Celebramos hoje o dia de Acção de Graças. Ao longo dos anos, tenho partilhado as minhas criações de arandos com amigos e este ano vários me escreveram a dizer que iam fazer uma das minhas receitas para as suas ceias. (Há duas receitas que gosto de fazer, uma é mesmo compota, a outra é um chutney). O melhor é que a compota leva vinho do Porto, logo contribui para a economia nacional. E partilhei-a com um grupo no Facebook de portugueses que estão nos EUA e houve um que fez logo e gostou. A sério que, se eu for imortal, daqui a um milénio, a economia portuguesa endireita só à minha conta.

sábado, 23 de novembro de 2019

Clonagem

Depois do meu último post, o Nuno Garoupa deu-me algum feedback relativamente à questão dos incentivos fiscais. Em Portugal, aquando da venda da propriedade, há uma fórmula complicada que calcula a apreciação do imóvel dada a evolução da taxa de juro e o número de anos em que se é dono do imóvel. O valor do imóvel depois da apreciação fiscal é o que é usado para calcular a mais valia sobre a qual se paga imposto. No momento da venda também é possível deduzir 100% do valor das obras e outras despesas.

Depois da matemática toda, compensa bastante vender porque dificilmente há uma mais valia e, em caso de perda, a menos valia é dedutível no IRS. Um regime deste tipo é favorável à especulação imobiliária. Compra-se um propriedade, deixa-se a mesma vazia durante uns anos, pois ter um inquilino complica uma venda, e depois vende-se e o regime de apreciação fiscal permite-nos não pagar tantos impostos, mesmo vendendo a preço mais alto. E em caso de perda, ainda temos a vantagem de termos uma dedução no IRS. Os fundos de investimento têm benefícios fiscais mais vantajosos do que os particulares.

O regime americano é completamente diferente. No caso de arrendamento em que a propriedade pertence a um particular, como é o meu caso, permite a dedução de despesas a 100% nos impostos do senhorio (em Portugal só posso deduzir 15% de algumas despesas, mas varia de ano para ano) e permite também a amortização de parte do valor da propriedade, ou seja, os custos são distribuídos ao longo da actividade de arrendamento. Na altura de venda, é mais difícil ter uma menos valia porque parte do valor da propriedade já foi amortizado e não pode ser deduzido ao preço de venda. Mas nessa altura, a pessoa também recebe dinheiro, logo tem como pagar os impostos que deve.

Mesmo na compra de casa própria, o regime americano evoluiu de tal maneira que dá mais poder de negociação a quem não tem tanto dinheiro. Por exemplo, quando se compra uma propriedade, tanto o vendedor como o comprador têm custos de transação ("closing costs"), mas é comum haver negociação e os compradores pedirem ao vendedor ajuda com os custos do lado da compra para fechar o negócio, pois na altura da transação, o vendedor normalmente tem mais recursos a receber e o comprador é que tem recursos mais limitados.

Comprei uma casa em 2012, quando o mercado estava muito em baixo, em que o vendedor já tinha reduzido tanto o preço que não tinha dinheiro para ajudar a pagar os "closing costs" do meu lado. Quando vendi essa casa em 2017, ajudei os compradores, um casal jovem, a pagar parte dos closing costs deles. Os vendedores da casa que comprei no ano passado advertiram logo que não iam pagar os meus "closing costs", mas ofereci-lhes $5000 a menos no preço e disse que pagava os closing costs e eles aceitaram.

A primeira propriedade que comprei nos EUA foi em 2004, um pouco antes do pico da bolha imobiliária. Era um imóvel novo com duas residências, em que um lado estava arrendado e o outro era onde eu vivia. Pedi ajuda nos closing costs para fechar o negócio, foi o que aconselhou o meu agente imobiliário. Essa propriedade foi mesmo comprada como investimento e porque, caso precisasse de trocar de cidade por causa de emprego, dava para arrendar ambos os lados e a probabilidade de ter os dois lados vazios ao mesmo tempo era mais baixa do que numa casa individual.

Na altura em que essa propriedade foi vendida, em 2016, ambos os lados estavam arrendados e o dinheiro da renda já há algum tempo que dava para cobrir o custo mensal do imóvel, ou seja, era rentável manter a propriedade e eu costumava enviar o dinheiro extra para amortizar o empréstimo e poupar nos juros (encurta a duração do empréstimo).

Essa é outra diferença que existe entre os EUA e Portugal. Nos EUA, o normal é os bancos permitirem que os empréstimos sejam amortizados sem penalização para o comprador, ou seja, dá para ir pagando o empréstimo aos poucos, pagando todo o capital em dívida mais cedo, o que também aumenta a mais-valia na altura da venda, pois reduz a despesa com os juros, mas também dá ao banco capital mais cedo. Em Portugal, se tentar pagar mais cedo, tenho penalização de 3% sobre o capital em dívida, ou seja, só compensa vender a propriedade.

Bem sei, bem sei: racionalmente, compensava eu vender; mas depois havia uma família que teria de pagar mais pela renda, ou viver numa propriedade pior, ou o estado teria de subsidiar a renda.

Julgo que a solução para os males de Portugal é clonar muitas Ritas, pois estas Ritas optimizam o bem-estar da sociedade, em vez do lucro.












terça-feira, 19 de novembro de 2019

Investir por amor

Estava a ouvir o Conversas Cruzadas e achei que a questão do englobamento do rendimento das rendas não ficou devidamente esclarecida porque quando falaram na comparação internacional foi enquadrada em termos de taxas marginais de imposto. Essa abordagem está errada quando se compara com os EUA. Como vos expliquei no post anterior, nos EUA, os senhorios pagam imposto sobre a renda líquida, ou seja, o lucro que fizeram nesse ano na exploração da propriedade. Como sou residente nos EUA, tenho de declarar a minha actividade como senhoria em Portugal ao Internal Revenue Service, nos EUA. E também a declaro à AT, em Portugal, obviamente.

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

A generosidade

Sérgio Vasques, antigo Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, é citado no Eco, pois considera que uma taxa de 28% sobre as rendas é generosa. Ora só o será se o senhorio tiver recebido o imóvel de herança em óptimo estado de conservação, pois assim tem receitas, mas poucas ou nenhumas despesas. Em muitos casos, não compensa ser senhorio e colocar a propriedade a arrendar quando se tem de pagar 28% de imposto sobre a renda líquida.

Já tive várias propriedades que arrendei nos EUA e o regime aqui é muito mais generoso. Da renda posso deduzir 100% dos custos com juros, manutenção, obras, impostos locais, seguro, despesas de gestão e publicidade, e amortização do valor da propriedade. O imposto de rendimento incide sobre a renda líquida destes custos. Depois quando vendo a propriedade, o imposto sobre a mais valia incide sobre o valor da venda líquido dos custos de venda, das perdas acumuladas, e do valor não-amortizado da propriedade.

O regime americano parece-me ser justo, pois considera todos os custos de ter uma propriedade arrendada e o imposto incide sobre a renda líquida desses custos, que é efectivamente o lucro que o proprietário tem.

Tenho uma propriedade em Portugal que arrendo e tenho de pagar mais de 450 euros em IRS. A mesma propriedade no regime fiscal americano acumula uma perda -- tenho de a declarar nos EUA, pois os americanos exigem que o faça. Usei as perdas da propriedade em Portugal para reduzir as receitas das propriedades americanas. Agora já não tenho propriedades de investimento nos EUA pois foram vendidas, logo as minhas perdas acumulam de ano para ano.

Um dia destes, vendo a propriedade portuguesa só para não ser tão favorecida pela generosidade dos 28%; depois deixo de pagar impostos aí.

Por falar em generosidade portuguesa, há mais de um ano recebi três papeis da Autoridade Tributária por via do meu procurador fiscal. Devo menos de três euros em juros, disseram-me. De onde vêm esses juros? Ora, a companheira do meu inquilino pediu-me para ser adicionada ao contrato. Quando modifiquei o contrato, a AT devolveu-me os 20 euros que eu tinha pago quando declarei o contrato original e depois cobrou-me 20 euros mais juros pelo contrato modificado, sendo que a devolução dos 20 euros foi usada para amortizar o novo valor do contrato, ou seja, agora só devo os juros.

Não percebi a lógica da coisa, ainda por cima porque houve três papelinhos diferentes que alguém numa repartição das Finanças decidiu produzir por causa disto. Ainda pensei em ir às Finanças na última vez que fui a Portugal perguntar quem tinha sido o idiota que perdeu um tempão a fazer aquilo, mas depois pensei que não devia ser tão generosa com o meu tempo.



terça-feira, 12 de novembro de 2019

Caixote do lixo

Ao discutir com um amigo facebookiano o abandono do bebé no caixote do lixo argumentei que um caixote do lixo é um sítio bastante frequentado e, como tal, a probabilidade da criança ser encontrada viva é bastante alta, só tem o problema de ser considerado um sítio sujo. Depois comecei a pensar no que é um caixote do lixo.

Para muita gente, um caixote do lixo é um sítio onde nós vamos deixar coisas que já não queremos ou que não têm utilidade, mas para outras pessoas, os caixotes do lixo são locais onde vão buscar coisas, inclusive comida, que normalmente associamos a locais limpos. Por exemplo, em Nova Iorque o movimento freegan é bastante popular e neste movimento, as pessoas procuram por comida em caixotes do lixo.

Não estou a defender que se deixem recém-nascidos em caixotes do lixo, mas há alternativas bem piores.

domingo, 10 de novembro de 2019

Um hotel ambientalista

Em Cambridge, estou num hotel da cadeia Hilton, em cujo programa de fidelização de clientes participo. Quando entrei no quarto fizeram-me uma proposta ambientalista: se eu estivesse aqui mais de duas noites, que estou, poderia prescindir do serviço de limpeza de quartos o que pouparia recursos ao ambiente porque não me mudariam as toalhas, nem me fariam a cama. Em troca, dar-me-iam 1000 pontos no programa de fidelização.

Fiquei a pensar neste negócio durante horas porque é um enorme dilema moral. É que se a empregada não vem cá fazer a cama, então há também menos trabalho, logo o Hilton paga menos em salários. Por outro lado, a taxa de desemprego está a níveis muito baixos, mas não é uniforme para toda gente, logo sei lá se estas pessoas têm facilidade em arranjar emprego.

Eu que sou ambientalista, decidi não salvar o ambiente. É a vida, não se pode ter tudo.

O Ídolo Eterno

Como está frio em Memphis, vim dar um pulo a Boston/Cambridge onde a coisa é mais suportável. É a segunda vez que visito. A primeira vez que cá vim foi em 2000, pois queria ir a Portugal mas os voos de Oklahoma para Lisboa custavam mais de $1200, o que excedia um mês da minha bolsa de estudo. Então tive a brilhante ideia de vir de carro até Boston e apanhar um avião para Lisboa, via Londres por cerca de $600.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Casa agradável

O aquecimento central está avariado. Tudo começou quando um dia cheguei a casa e senti um cheiro a queimado tão estranho que chamei os bombeiros. Chegaram em menos de cinco minutos, apesar de eu ter telefonado para o número que não era de emergência. Senti um bocado de vergonha em ver tanta gente a ter trabalho por minha causa, mas pago impostos à cidade e ao condado, um pouco mais de $2100 a cada um, logo para alguma coisa devem servir.

Depois de visitarem o sótão no meu quarto, os bombeiros disseram-me que um motor de qualquer coisa tinha avariado. Quando se foram embora, fui à página de Internet da empresa que fez a garantia da casa e meti um pedido para enviarem alguém para fazer as reparações. Paguei $75. A garantia da casa foi comprada pela antiga dona, mas acho que não vou renovar. Custa mais de $600 por ano.

Ao outro dia recebi um telefonema de uma empresa que trata de ar-condicionados e sistemas de aquecimento para marcar uma hora para o técnico cá vir. No dia combinado apareceu o Fabian, que não conseguiu fazer nada porque não tinha a peça necessária, dado que o meu sistema não é muito comum. Na segunda visita, durante a tarde desta Segunda-feira que passou, também não conseguiu arranjar porque faltava outra peça.

Entretanto arrefeceu um bocado e não é anormal eu acordar com a temperatura dentro de casa a 15 graus centígrados. Bem sei, bem sei, quem dera a muita gente em Portugal ter este problema, mas eu já não estou habituada. Eis que hoje o meu chefe começa a falar do tempo que está para vir com alguns colegas. Para a semana, a temperatura mínima vai descer até aos -8C. Devido a conflitos de calendário não dá para marcar para o Fabian cá vir antes de Quinta-feira da semana que vem.

Telefonei à companhia da garantia da casa alarmada com o tempo, mas disseram-me que a empresa a quem eles deram o trabalho, a empresa do Fabian, só pode cá vir na Segunda-feira, que não dá para mim. Apesar de já terem a peça, o meu caso não tem alta prioridade porque a minha casa tem dois sistemas de aquecimento, dado que tem 253 metros quadrados. Então disse-lhes que ia telefonar a outra pessoa, ao que me responderam que não pagariam essa reparação. E eu disse-lhes que se acontecesse alguma coisa à casa também não me pagariam, logo é capaz de ser mais barato prevenir do que remediar.

Mais outro telefonema, desta vez para a minha agente imobiliária a ver se ela tinha alguém que me recomendasse. Deu-me o contacto de um senhor que mora perto de mim e que se disponibilizou a visitar a minha casa imediatamente. Saí do trabalho à pressa e cheguei dois minutos antes do técnico. Foi ver o sistema do primeiro andar e estava a funcionar bem. Já o do rés-do-chão precisa da tal peça, a que a outra empresa já tem.

Perguntei-lhe que risco corria com a temperatura a descer tanto e respondeu-me que os canos só rebentariam se estivessem temperaturas negativas por mais de 3 dias, mas podia deixar as torneiras a pingar e não haveria problema. Mas quanto custa a tal peça, perguntei-lhe. Respondeu-me que era muito cara, uns $300, o que para mim não é caro se me dá paz de espírito. Ofereceu-se a encontrar-me uma e a vir colocá-la amanhã, entretanto dirigia-se à porta da frente da casa e apressei-me a acompanhá-lo à saída.

Depois de lhe abrir a porta disse-lhe que não fazia ideia porque estávamos ali, dado que ele tinha entrado pela garagem que fica nas traseiras. Ah, também não sabia, disse que me tinha seguido, mas eu é que o tinha seguido, e olhou em redor, enquanto me dizia que a casa era muito agradável, tinha cores bonitas. Parecia em transe a admirar a casa.

Fomos para as traseiras e perguntei-lhe quanto lhe devia. Respondeu-me que nada, que tinha feito um favor à minha agente imobiliária. Mas tem a certeza, olhe que eu vivo numa casa agradável e tenho dinheiro para lhe pagar, argumentei. Ah não, não era preciso e se encontrasse uma peça, viria colocá-la amanhã. Por fim, disse adeus e que teve muito gosto em conhecer-me.

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Viva, viva!

Os Nationals ganharam a World Series! Estou um bocadito triste porque os Astros perderam, mas os Nationals andaram pela TV esta semana porque, quando o Presidente Trump os foi ver jogar contra os Houston Astros em Washington, D.C. (os Nationals são de lá), o público desatou a cantar "Lock him up!"


segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Mais vale

Mais vale a busca infeliz do que um destinozinho de pseudo-felicidade, que nos reduz a uma coisa rasa, frívola, e inconsequente. Alimente-se a ilusão e procure-se a profundidade que nos afoga em emoções e desejos impossíveis. Sinta-se plenamente, mesmo sem sentido algum porque nada tem ou pode ter sentido. Nada pode ser sentido a não ser aquilo que buscamos indefinidamente.

~ 25/3/2016

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Variedade de sotaques

Não sei se já vos tinha dito, mas depois de viver em Houston, onde a NPR passa programas de notícias a toda a hora, fiquei completamente sem paciência para ouvir música clássica na rádio. Prefiro mesmo estar a ouvir notícias. Não imaginam o quão anormal isto é porque a minha mãe chateava-me imenso de eu não ler jornais, nem ver o telejornal, e só ligava a filmes e música pop. Trinta anos depois e sou o completo oposto, se bem que não vejo TV, a não ser que esteja no ginásio no treadmill.

As estações locais membros da NPR, National Public Radio, normalmente estão situadas em universidades americanas. Por exemplo, havia uma na Oklahoma State University onde eu estudei (era a KOSU) e outra na Universidade do Arkansas onde trabalhei (a KUAF). Em ambas, passavam notícias logo de manhã, mais ou menos das 6 da manhã à 9 e depois a partir das 15 horas. O tempo entre estes dois blocos era consumindo por música clássica. Esta é a fórmula da estação principal da NPR aqui em Memphis, a WKNO, mas, como vos disse no outro dia, têm mais dois canais de HD (alta definição, será?).

O terceiro canal, o tal que passa a BBC World service, é o que me mantém mais calma. Para além de eu achar completamente sublime que se ouça tantos sotaques diferentes de inglês numa só rádio -- ele há os britânicos, os americanos, os indianos, os africanos, australianos, etc., e também há pessoas que falam inglês como segunda língua, que é o meu caso, -- aprende-se imenso de história, arte, cultura, economia, etc. Por falar em economia, sempre que eu ouço o Tim Harford, que é o Undercover Economist, fico completamente em êxtase. Ele tem um inglês tão lindo, que podem ouvir no programa da BBC, 50 Things That Made the Modern Economy.

Este fim-de-semana, um dos programas falava sobre se a matemática apenas descrevia a realidade ou se era uma coisa que existia e nós a descobríamos. É uma questão filosófica bastante interessante e, se os vosso filhos sabem inglês, aconselho vivamente a que partilhem este programa, o Crowd Science, com eles. Hoje, à hora de almoço passaram outro programa muito bom, o People Fixing Things, em que falaram de jogos online que têm uma componente lúdica, mas também servem para avançar a ciência, pois são usados para descobrir coisas como novas proteínas. Um dos entrevistados, bastante optimista, dizia que os computadores ao terem a capacidade de fazer as tarefas repetitivas, libertavam os humanos para pensar em problemas mais interessantes e criativos. A economia do futuro, dizia ele, era a economia pensante -- thinking economy.

Já não vivo em Portugal há mais de 20 anos, não faço ideia do que se ouve na rádio, mas acho que não há programas deste género. Aliás, até tenho dúvidas que em Portugal os apresentadores de rádio tenham uma grande variedade de sotaques e pontos de vista. E é pena, pois há bastantes países no mundo que falam português com sotaque diferente do nosso--bem, do vosso, porque me dizem bastantes vezes que o meu sotaque quando falo português já não é português.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Actualização de Garrett

“Foge, cão, que te fazem Barão! Para onde, se me fazem Visconde?”
~ Almeida Garrett

Não andes acordado, que te fazem Secretário de Estado! Mas eu mal o olho pisco e querem me fazer Ministro.

sábado, 19 de outubro de 2019

História Ambiental

Já disse aqui várias vezes que a área que escolhi para o meu mestrado e depois para o doutoramento foi problemas ambientais. Na altura, segunda metade da década de 90, apesar de se começar a falar bastante em ambiente em Portugal, principalmente por causa da CEE, a única cadeira dedicada ao ambiente na FEUC era Direito Ambiental.

Não sei se havia alguma universidade em Portugal onde fosse possível estudar economia e ambiente, mas mesmo que houvesse, eu não tinha dinheiro para ir estudar fora de Coimbra, nem sequer tinha notas, logo a solução era mesmo emigrar. E como adoro inglês, foi ouro sobre azul poder viver num país onde tenho o enorme luxo de poder falar e escrever a minha língua predilecta todos os dias.

Uma das melhores coisas que há nos EUA é os programas de rádio da National Public Radio. Em Memphis, a estação local da rede da NPR tem três canais em HD. Os primeiros dois alternam programação de música clássica e programas informativos ou de tópicos mais ligeiros; o terceiro canal tem quase sempre a emissão da BBC World Service.

Na BBC costumo ouvir diariamente o BBC Witness History, com o qual aprendo imenso: demora cerca de 10 minutos e é sobre um tema histórico. Esta semana, têm estado a passar episódios sobre História Ambiental. Se ouvirem estes últimos cinco episódios, ficarão bastante informados acerca de alguns dos tópicos mais importantes sobre como aprendemos o que sabemos sobre o ambiente.

Quando comecei a estudar nos EUA, era bastante idealista e lembro-me de ter dito ao meu orientador que o ambiente tinha de ser sempre preservado, mas ele disse-me que não. Havia um equilíbrio, mas esse equilíbrio não era um ambiente sem actividade humana. Ou seja, onde há raça humana ou outra raça qualquer, haverá sempre modificação do ambiente; nem sempre essa modificação é sustentável no curto prazo, mas a longo prazo, as espécies que abusam do ambiente acabam por sofrer reduções na taxa de sobrevivência.

Os últimos 100 anos são caracterizados por um enorme sucesso no aumento da sobrevivência da raça humana, mas o que é desconhecido é a população mundial de equilíbrio. Sabemos, no entanto, que é inferior à população actual.

Recomendo dois episódios desta semana: um sobre Norman Borlaug e o seu trabalho na selecção de espécies agrícolas resistentes a doenças e com maior rendimento agrícola através do uso de fertilizantes químicos, que foi tópico da minha cadeira de Conservação de Solos e Água. Estima-se que o trabalho de Borlaug tenha permitido a sobrevivência de mil milhões de pessoas, quase um sétimo da população mundial. O outro sobre Charles Keeling, que foi o primeiro cientista a medir a acumulação de dióxido de carbono na atmosfera, tendo este trabalho sido iniciado nos anos 50.




quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Contagem final

Ora, hoje são 16 de Outubro, que era o dia até ao qual iam contar os votos dos emigrantes. A ver se amanhã os jornais portugueses falam do final da contagem oficial dos votos. Já sabemos que nós emigrantes somos as ovelhas negras aí do burgo, mas a ver se o pessoal disfarça melhor porque parece mal serem tão mal-educados.


segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Pela vizinhança

Um casal de vizinhos que mora perto de mim tem um enorme horror aos Democratas e frequentemente me explica que o partido Democrata não tem qualquer ideia do que os Estados Unidos são. Os meus vizinhos têm mais de 80 anos e são do tempo em que os Democratas eram o partido dos negros, da classe trabalhadora branca, e dos segregacionistas do sul dos EUA.

sábado, 12 de outubro de 2019

Feliz para sempre

Segundo o que relatam os jornais, depois do debate na RTP, André Ventura cumprimentou todos os representantes de partidos, mas Joacine Katar Moreira recusou-se a apertar-lhe a mão. Ele diz que ela lhe disse para desaparecer; ela diz que lhe disse adeus e levantou a mão. Nas redes sociais, ele pergunta aos seguidores se irá ter de aturar este "tipo de gente" por quatro anos; Joacine por seu lado diz que daqui para a frente lhe irá oferecer o tratamento do silêncio.

Os membros do Parlamento português representam os cidadãos portugueses e não os seus eleitores. Como tal, penso que o mais prudente não é evitarem-se, mas pedirem desculpa um ao outro porque dá ideia que reagiram a sangue quente. Ele deve ter ficado ofendido de ela não lhe ter apertado a mão novamente; ela não deve ter querido ofendê-lo, pois já o tinha cumprimentado antes.

Os dois deviam demonstrar serem pessoas maduras e fazer um favor a Portugal: dão um beijinho, fazem as pazes, e dizem que têm muitas opiniões diferentes, mas irão ultrapassar este mal-entendido e trabalharão um com o outro quando houver oportunidade.

E Portugal viveria feliz para sempre...

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Abstencionista e ausente

Desde há umas semanas, nos grupos de Facebook frequentados por emigrantes portugueses, notou-se um enorme interesse em participar nas últimas eleições. As pessoas perguntavam umas às outras como podiam votar, se já tinham recebido o boletim de voto, se tinham tido problemas em enviar por correio, se o boletim tinha sido devolvido, etc.

Parece que o governo português decidiu enviar boletins de voto com um envelope de retorno, em que a morada do remetente e do destinatário no envelope estavam pré-preenchidos na face do envelope e alguns correios não percebendo de como encaminhar a carta, devolveram para o remetente. Foi o que se pagou com alguns votos enviados do Reino Unido. Aliás os correios de sua majestade estavam a investigar o que se passava com os votos portugueses. Depois também houve problemas porque o envelope de retorno era pré-pago e alguns correios não o reconheceram. A modos que há uma petição "Também somos portugueses" que visa que o Parlamento passe uma lei que facilite o voto aos emigrantes.

Mas será que vale a pena? Os emigrantes tinham até 6 de Outubro para enviar os votos pelo correio, o que é difícil de comprovar porque um envelope pré-pago não leva carimbo, e os votos teriam de chegar a Lisboa até 16 de Outubro. Hoje são 9 de Outubro e o Presidente da República já indicou ontem que quer indigitar o Primeiro Ministro porque os votos já estão contados. Ainda por cima, Marcelo Rebelo de Sousa apelou ao voto antes da eleição e agora, pela sua atitude, apela a que não se contem os votos restantes. Depois quem não vota, os chamados abstencionistas, são maus.

Eu não votei. Quando contactei o consulado para pedir um boletim de voto lamentaram, mas já tinham enviado o boletim e já era tarde para actualizar a morada -- temos de o fazer 60 dias antes das eleições. Eu não sabia do prazo, logo não actualizei a tempo. O engraçado é que na Primavera passada os senhores da Autoridade Tributária enviaram-me um email a mandar-me limpar o pinhal porque era obrigatário os donos limparem os pinhais. Só que eu não sou dona de nenhum pinhal; mas sou recenseada, logo sou eleitora, logo porque é que o mesmo governo que me manda limpar um pinhal que eu não tenho, não me pode mandar actualizar a morada a tempo e horas?

Não se preocupem comigo, que sei cuidar muito bem de mim, pois para além de abstencionista, decidi ser ausente. Já não vou a Portugal desde Junho do ano passado, apesar de ter 30 dias úteis de férias por ano e também tenho direito a dois feriados flutuantes, quer dizer, que posso tirar quando me apetece, então 32 dias úteis livres por ano (são mais de seis semanas) na América, onde o capitalismo reina em força.

Desde a ultima vez que fui a Portugal, já fui a Nova Iorque três fins-de-semana longos, Washington, D.C., por duas semanas, Houston dois fins-de-semana longos, Nashville fim-de-semana longo, e agora vou passar um fim de semana longo a Bentonville, AR, para visitar o Crystal Bridges Museum, e depois vou passar um fim-de-semana longo em Miami, em Dezembro, e o meu hotel vai ser mesmo na praia--cheguei a dizer-vos que em Nova Iorque fiquei no Hotel Roosevelt uma vez e noutra fiquei no Park Lane, que é mesmo em Central Park, é só atravessar a rua?

Ou seja, desde que estive em Portugal, já gastei bem mais de 10 mil euros em viagens e Portugal não recebeu nada.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Ufa!

Safamo-nos de boa, vamos ter um PM genial outra vez, e que acha bem bater em velhinhos para defender a honra, logo temos um homem honrado. Mas o mais importante é ser genial porque, no fim de Outubro, o Reino Unido pode sair da UE e, soubemos há poucos dias que a administração Trump vai impor tarifas de 25% a centenas de produtos portugueses--logo os EUA, com os quais Portugal tem um excedente comercial. Mas não há-de ser nada, temos um génio ao leme e um Cristiano Ronaldo das Finanças na retaguarda.

Hmmm, será que o génio já sabe?

domingo, 6 de outubro de 2019

A última das liberdades

"Everything can be taken from a man but one thing: the last of the human freedoms—to choose one’s attitude in any given set of circumstances, to choose one’s own way."

~ Viktor Frankl, Austrian neurologist and psychiatrist as well as a Holocaust survivor.

Descubra as diferenças

Cidadão confronta Boris Johnson, Primeiro Ministro do Reino Unido

Cidadão confronta António Costa, Primeiro Ministro de Portugal

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

À espera da resposta certa

Os empresários portugueses têm, ao longo do último ano, exibido publicamente uma peculiar dificuldade em perceber porque é que não conseguem recrutar trabalhadores em número suficiente. O primeiro artigo de que me recordo de ler sobre o assunto foi sobre o setor da hotelaria e da restauração, especificamente no Algarve. Mais recentemente, sai novo artigo, desta vez citando empresários do setor florestal, que se queixavam que “nem com salários de mil euros” conseguiam encontrar trabalhadores suficientes. Já esta semana, apareceu mais um artigo, novamente citando os empresários da hotelaria e restauração, mas agora de todo o país.  

É verdade que não é a primeira vez que portugueses fazem uma pergunta com resposta óbvia, e que isso faz notícia. Há sempre o exemplo de Cavaco, que um dia perguntou o que era preciso fazer para que nascessem mais crianças. O curioso não é que fazer uma pergunta óbvia seja notícia - o facto de um empresário assumir que desconhece noções básicas de Economia merece ser notícia -, mas que a pergunta continue a ser feita, que continue a ser notícia, e que ninguém lhes responda.

A explicação de primeira aula de Microeconomia para este fenómeno é muito simples: Um empresário que procura trabalhadores, mas os trabalhadores não querem trabalhar para ele, terá de subir o salário. Se não conseguir subir o salário, e se o seu negócio não sobrevive sem esses trabalhadores, então não são os trabalhadores que estão a menos: é o negócio que está a mais. Tudo isto é relativamente simples, não é? Então o que é que os empresários não compreendem? 

Se calhar os gestores não percebem mesmo nada de Economia. Isso é uma das primeiras coisas que se ensinam nas faculdades de Economia - ainda antes, se calhar, daquela lição sobre os salários. Mas não é lá muito plausível - ao contrário da teoria dos salários. Uma explicação mais convincente é que sabem a resposta, mas não gostam dela. Eu também sei porque é que tenho um Clio, e não um Maserati, mas preferia outra resposta. Em vez de ser sincero comigo próprio e com os demais, podia, por exemplo, querer que alguém pagasse uma parte do Maserati, de modo a que o pudesse comprar ao preço do Clio. Só que não há muita gente que alinhe nisso. 

Conscientes disso, os empresários prefeririam que outros pagassem os salários que eles não querem pagar. Que o governo baixasse impostos, ou que aumentasse os subsídios, para os salários mais baixos. Ou que se reduzissem as prestações sociais, para que os trabalhadores fossem obrigados a aceitar trabalhar por menos.  Deteriorar as condições laborais e sociais, ou atribuir subsídios a atividades onde já há tanta oferta, não soa lá grande ideia, pois não? Os empresários concordam que não soa. Daí continuarem a fazer a pergunta errada, à espera que alguém lhes dê a resposta certa. 

domingo, 29 de setembro de 2019

Histórias de sobreviventes

Na página de YouTube da FEMA (Federal Emergency Management Agency) há um vídeo sobre histórias de sobreviventes de desastres, que achei bastante útil. A jornalista aconselha a nos informarmos para tentarmos compreender as nossas reacções em situações extremas e também para treinarmos o nosso corpo para funcionar em autopiloto nestas situações. Vale a pena ver.

Já sabe?

O Furacão Lorenzo acabou de intensificar para categoria 5, nas últimas horas. Como esta tempestade vai passar perto dos Açores daqui a uns dias, alguém se certifica que o nosso ilustre Primeiro Ministro sabe do que está para vir? É que quando as coisas correm mal, ele nunca sabe de nada, logo convém informar antes.

Fica aqui o link para a página do National Hurricane Center com o percurso projectado da tempestade. E também vos deixo o link para os avisos que o NHC emitiu e está a emitir para o Lorenzo. Se têm família na área, convém entrar em contacto e acompanharem a situação. Uma tempestade deste tamanho não têm precedente nesta região e não se sabe mesmo o que poderá acontecer, logo o melhor é terem planos de contingência. Têm até Terça-feira para se preparar.

Aqui está a lista de preparativos aconselhada pela Cruz Vermelha Internacional (em inglês).

O governo americano aconselha as famílias a fazerem um plano, cujas indicações podem consultar neste link (em inglês).


sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Coisa curiosa


Passei os últimos três dias a estudar os dados de produção agrícola e comércio internacional do Usbequistão. Não foi o mercado todo, mas lá andei pela Internet à caça de informação. Andei tão concentrada que um colega meu tocou na minha cadeira e dei um salto. Os meus colegas gozam muito comigo porque, apesar de estarmos num espaço comum, quando estou a trabalhar é difícil ligar ao que se passa em meu redor e quando me chamam não ouço.

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

A paixão pela ignorância

Quando Mário Soares era Presidente da República e Cavaco Silva Primeiro Ministro, houve um episódio curioso em que o país ficou escandalizado porque Cavaco Silva não lia a imprensa, enquanto que Mário Soares a lia logo de manhã por várias horas e até lia o Le Monde, isto numa altura em que nem havia jornais na Internet. Cavaco Silva, apesar de doutorado no Reino Unido, era assim considerado um energúmeno.

Naquela altura, a maior parte dos adultos não era educada por aí além e, de acordo com o Censo de 1991, mais de um em cada 10 portugueses era analfabeto. Muitos jornalistas nem curso superior na área tinham, pois era uma profissão em que se começava como aprendiz e o conhecimento era passado dos profissionais mais velhos para os mais jovens. Entretanto, a taxa de analfabetismo caiu para 5,2% no Censo de 2011, mas em 2021, decerto que ainda será mais baixa. Esta evolução da população deveria indicar uma exigência ainda maior para com os políticos. Só que a qualidade dos políticos certamente está muito aquém do que se esperaria.

Catarina Martins vai para debates televisivos sem se preparar minimamente, e quando digo minimamente é generosidade da minha parte, até estou a pensar em menos do que o mínimo, pois há muito que nível de escolaridade mínimo obrigatório deixou de ser a escola primária. A propósito, quando contei o episódio da evaporação das barragens a um amigo americano, ele disse-me que, quando encontra americanos que dizem coisas desse tipo, os aconselha a arranjarem um advogado e a processarem a escola que frequentaram, pois foram ludibriados: "deprived of the education that they are entitled to."

Esta semana temos outro lapso na educação dos políticos, pois o Primeiro-Ministro decidiu inventar acerca do mercado imobiliário. Será que não intriga ninguém que um ex-Presidente da Câmara de Lisboa e um ex-Ministro da Administração Interna não perceba nada de imobiliário urbano? Demonstrou que não está a par do que se passa em outras cidades internacionais, claramente não percebe o que se passa em Lisboa, não discutiu o assunto com especialistas, e não é capaz de falar sobre diferentes propostas que tenham sido pensadas.

A única coisa que lhe veio à cabeça é dizer que se o mercado não se auto-regula, o estado tem de regular. O mercado autoregula-se bem: quando há excesso de procura, ou seja a oferta é insuficiente, o preço sobe e regula o acesso ao recurso do lado da procura, mas o preço mais alto também serve de incentivo para que haja maior oferta. O preço é um mecanismo de ajuste e parece que o mercado de Lisboa funciona muito bem.

O que não funciona são políticas que deixam o resto do país às moscas e incentivam as pessoas a ir viver para Lisboa, pois isso aumenta a procura. E também não funciona políticas que penalizam os senhorios, pois isso diminui a oferta. Alguém que é Primeiro-Ministro deveria saber isto de cor e salteado.

António Guterres foi para o governo a falar na paixão pela educação, mas o certo é que hoje em dia se paixão alguma há, só pode ser pela ignorância.

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Massas crédulas e cínicas

As chamadas massas, um fenómeno surgido no século XIX com as grandes cidades, são constituídas por indivíduos desenraizados, atomizados, desconectados, solitários. Além disso, no século XX, como sublinhou Hannah Arendt, tornou-se evidente que as massas eram também, de forma aparentemente paradoxal, crédulas e cínicas. Num mundo em constante mudança e incompreensível para o comum dos mortais, as massas chegaram a um ponto em que acreditavam em tudo e em nada, achavam que tudo era possível e nada era verdadeiro. Uma mistura explosiva. A propaganda das massas descobriu que o seu público estava sempre disposto a acreditar no pior, por mais estapafúrdio que fosse. Os chefes totalitários perceberam, correctamente, que os seus públicos engoliam as maiores aldrabices sem protestar. Podiam mentir descaradamente num dia e serem desmentidos com factos irrefutáveis no dia a seguir. Não havia problema. É aqui que entra em cena o cinismo das massas. Em lugar de abandonarem o chefe que lhes havia mentido, as massas diriam que sempre souberam que a afirmação do chefe era falsa e admirá-lo-iam pela grande esperteza táctica. Hannah Arendt escreveu estas coisas nos anos 50 a pensar nos totalitarismos. Hoje, vivemos em democracias, mas as suas intuições estão mais actuais do que nunca.


Economia desencantada

Nota prévia: este poema é estatisticamente insignificativo com 1% de grau de desconfiança.

Um por cento de mil pessoas
não são dez
mas um bocadinho pequenino
infinitesimal
de todos nós.

A nossa vida é uma estimativa
rodeada de graus de desconfiança
e probabilidades tão importantes
que muitas vezes são frações
minúsculas
de quase nada.

O nosso lavor é feito de números
e projeções esperançadas
muitas vezes questionadas
inconclusivamente confirmadas.

O nosso trabalho não é ajudar o próximo
é apenas um palpite educado
um esforço desencantado
de ajudar 1% de todos os outros
que no fundo são quase nenhum
e, na melhor das hipóteses,
representam apenas um bocadinho mais do que ninguém.


Dili, Setembro de 2019

sábado, 14 de setembro de 2019

Evaporação para leigos

O ciclo da água é matéria da escola primária, que parece que agora se chama primeiro ciclo. Nele aprendemos todas as vias e formas em que a água circula no planeta Terra. A EPAL tem um gráfico giro na sua página de educação infantil:

sábado, 7 de setembro de 2019

Uma dick na Dicklândia

Enquanto eu dormia, a Joana Amaral Dias, que é a MILF (mãe irresistível, logo fodível) de Portugal, decidiu que a melhor maneira de educar os homens a não lhe enviar dick pics por mensagem privada é tornar estas mensagens públicas para que assim as namoradas, esposas, etc., dos ditos homens lhes tratem da saúde. Ou seja, torna-se o espaço público português numa Dicklândia e assim livramo-nos de todos e de todas as dicks.

domingo, 1 de setembro de 2019

Histórias

No evento de ontem da minha vizinhança, uma festa ao ar livre num dos pequenos parques da nossa aldeia de mais ou menos 100 casas, confessei a uma vizinha que tinha a minha casa ainda desorganizada e nem todas as divisões estavam mobiladas. Ela respondeu que na casa dela também não estavam todos os quartos mobilados, mas há uns três anos ela tinha decidido adoptar o minimalismo e gostava muito de não ter muita tralha, isto porque já se tinha mudado umas seis vezes e dava muito trabalho mudar tudo. Depois sugeriu-me que comprasse mobília na Restoration Hardware. Mas não há em Memphis, disse-lhe; mas há em Nashville, respondeu-me. E há online.

Na altura senti o universo parar porque fiquei sem resposta imediata, mas ocorreu-me dizer que gostava mais da Pottery Barn. Realmente, gosto mais da Pottery Barn e não é que desgoste da Restoration Hardware, mas aquele estilo não é o meu, nem sequer se encaixa bem no meu porque eu gosto de tralha, gosto de livros, de louças, de muita cor, e o RH é um estilo beige monocromático. A mobília é enorme e parece-me pouco confortável porque sou muito pequena.

Ir a uma loja e comprar toda a mobília também não se coaduna com a minha ideia de viver porque gosto de coleccionar coisas e de ter uma história para o que tenho. Onde é que arranjaste esse banco, Rita? Fui eu que fiz no sétimo ano, na aula de madeira. E essa secretária estilo mid-century modern? Um Sábado, em Fayetteville, por volta de 2005, regressava do Farmer's Market, quando vi que uma vizinha estava a ter um "garage sale". Fui lá ver o que tinha e comprei a secretária por $40, é Drexel de 1957. Anos mais tarde vi online que a dita secretária é um design de John Van Koert e cheguei a vê-la à venda por mais de $2000 porque entretanto o estilo mid-century modern entrou em voga...

Há umas semanas, quando estava a montar as cadeiras para a varanda, uma outra vizinha minha passava na rua e convidei-a para vir cá a casa para ver como estava. Foi por volta da altura de em que decorei o quarto de hóspedes à pressa porque ia ter visitas. Quando essa vizinha entrou no quarto, que é super-colorido, mas há uma atmosfera serena, ficou um pouco pensativa e disse-me que estava a tomar nota mental de como eu tinha organizado o espaço porque estava muito acolhedor.

Nesse quarto guardo a maior parte dos livros de poesia que tenho. Na parece há uma aguarela que uma amiga minha me fez depois de ambas lermos o livro Succulent Wild Woman e há um quadro com dois cisnes que eu bordei a meio-ponto no sétimo ano e que foi exposto na escola depois de terminar o trimestre. Na cama está uma colcha em crochet feita pela tia da minha mãe. Depois de eu a trazer, há mais de 15 anos, a minha mãe perguntou-me se usava a colcha e respondi-lhe que não, era demasiado pequena para a minha cama. Ralhou comigo porque devia ter dito alguma coisa para se poder aumentar.

Em vez de aumentar, a minha mãe pediu-me as medidas da cama e começou a fazer-me outra colcha, mas morreu antes de a terminar. Tentei continuar o trabalho, mas não tenho muita paciência para o crochet e o meu ponto não é tão consistente como o da minha mãe. Na estante do quarto de hóspedes há uma caixa que tem uma etiqueta que diz crochet e onde guardo as agulhas da minha mãe, as linhas, e o princípio da colcha.

A minha casa está cheia de histórias e não é só por eu ter muitos livros, as coisas têm histórias, umas curtas, outras mais longas. Não há muitas histórias para contar quando se vai ao RH comprar toda a mobília; há apenas a história original: eu gostava muito de tralha, mas há uns três anos adoptei o estilo minimalista.

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Farol ou canário

No dia 20 de Agosto, o Financial Times publicou uma pequena notícia acerca dos imigrantes em Portugal. A peça, escrita por Peter Wise, dizia que o país estava com falta de mão-de-obra, especialmente a qualificada, e o que valia em muitos sectores eram os imigrantes e cito: os filipinos, nepaleses, asiáticos, brasileiros... Pessoas que ajudavam o país a andar para a frente porque com esta restrição populacional será difícil o país crescer acima da média da UE.

Isto é generosidade do Sr. Wise porque em Portugal estar abaixo da média é um grande desempenho, senão o país não estaria "estagnado" há uns 20 anos. Mas há que observar que num país em que os cidadãos dominassem minimamente a língua que usam diariamente, "estagnado" não seria bem a palavra adequada porque implica que os portugueses estariam na mesma, mas se a roupa que se usa está mais velha, perde-se mais tempo para ir ao médico, e os telemóveis e carros que se compram não são tão sofisticados, não se está estagnado, está-se a empobrecer.

Esse artigo também falava do programa Regressar do governo, que diz ser um programa muito generoso, deve ser por causa do 6,5 mil euros em benefícios fiscais que dá para aliciar os portugueses a regressar. No outro dia estavam a discutir esse programa num grupo de emigrantes portugueses no Facebook do qual pertenço. Muitas pessoas achavam o montante ridículo, mas aquela malta é quase toda emigrada nos EUA e aqui tudo custa muito dinheiro porque se ganha melhor do que aí e paga-se relativamente menos em impostos. Ou seja, como me diz frequentemente uma amiga minha emigrada no Reino Unido: Portugal é bom para se passar férias, não para trabalhar.

A notícia mais recente sobre Portugal no FT diz que o país tem um futuro brilhante pela frente e vai ser o farol para o resto da Europa. A metáfora mais adequada é capaz de ser a do canário na mina, dado o avançado envelhecimento da população, dívida pública elevada, e a chata da corrupção, que serve para canalizar dinheiro para sectores não produtivos da economia, ao mesmo tempo que asfixia os que poderiam gerar crescimento.

O artigo do FT termina com uma frase fantástica: "Portugal must have a clearer vision for its future direction and economic strategies." Agora que vocês estão prestes a votar, expliquem lá que visão e estratégia económica cada partido oferece para o país. Os partidos não têm plataformas políticas, os jornalistas não estão interessados em fazer perguntas, e o resto dos comentadores discutem sondagens e projecções de resultados eleitorais, como se a política fosse um desporto em que se contam golos.

Mas gosto de puzzles e, de vez em quando, aparece uma peça: em Fevereiro, o Público publicava o seguinte a propósito da ligação Coimbra-Lousã:

"Para o primeiro-ministro António Costa, o atraso explica-se com a necessidade de “garantir o financiamento da solução” prevista. Isto porque “a história das últimas décadas está cheia de projectos, designadamente neste corredor, que seguramente eram encantadores, mas que pura e simplesmente não eram viáveis”. Era preciso “desenhar o modelo” e “negociar em Bruxelas, no quadro da reprogramação” de fundos comunitários."

Fonte: Público, 4/Fev/2019

Ou seja, o líder do PS acha que vai manter o país à custa de fundos comunitários da UE e o Financial Times acha que a UE é capaz de não ter grandes razões para estar contente com o futuro, logo tem comprometida a capacidade de gerar fundos comunitários. Vá, usem lá as celulazinhas cinzentas para ver se a bota bate com a perdigota...




quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Coimbra

No Domingo, com o propósito de ir à procura de um livro de poesia para a minha colecção de Everyman's Library Pocket Poets, fui ao Barnes and Noble, uma rede de livrarias americana. Eu e as livrarias é um perigo porque saí de lá com mais de $100 exercendo extrema contenção e depois de já ter comprado uns quatro livros este mês. Bem sei, bem sei, que o pior é quando mudo de casa.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Uma enorme pena

Muita pena que não tenhamos um Presidente da República que tenha noção do cargo que ocupa e que não tenha defendido a Constituição no episódio da greve. Bem sei que prescindiu do salário, mas, que raio, precisa de fazer mais do que aparecer nas fotos e dar abraços. E dar entrevistas na praia de calções de banho ridiculariza a Presidência.

Como as eleições estão à porta, tenho uma sugestão: que tal tornar público que não dará posse a governos que violam a Constituição? Até o Professor Cavaco obrigou a Geringonça a assumir que não iria violar os compromissos externos antes de lhe dar posse. Infelizmente, esqueceu-se de de pedir à Geringonça que honrasse a Constituição, mas o Professor Marcelo está a tempo de o fazer.

domingo, 18 de agosto de 2019

Estudos étnicos

Estudos étnicos é uma área que só é dada na faculdade, mas a Califórnia quer que os alunos K-12 (pré-escola até décimo-segundo ano) tenham estudos étnicos e anda a tentar desenvolver um currículo para a área. Só que é difícil porque vivemos num período em que ser factual não combina com ser politicamente correcto e muitos dos tópicos são tudo menos politicamente correctos. E há também o problema de ser um tópico com uma enorme carga política.

Para além disso, os EUA têm uma longa história de ostracisarem pessoas de certos grupos. Houve os irlandeses, os alemães, os chineses, os japoneses... e, claro, os negros e os americanos nativos. O Ron Elving publicou no mês passado uma pequena lista de ofendidos.