sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Dia 45

Quem acompanhar a imprensa popular especializada em economia, já deve ter notado que uma das questões que mais vem à baila é o timing da próxima recessão americana. Como eu mencionei aqui há uns largos meses, até mais de um ano, se não me engano, se o período de expansão se prolongar para além de Julho de 2019, este terá sido o mais longo período de expansão da economia americana. Há vários modelos que estimam a probabilidade de uma recessão nos próximos 12 meses e estas vão dos 20% até mais de 50%.

A propósito disto, hoje o Paul Krugman disse uma coisa muito engraçada na Bloomberg: “Our current Treasury Secretary is no Hank Paulson!” Ou seja, a pessoa que é responsável por definir a política fiscal americana não é tão boa como passados detentores do cargo. E dado que a política monetária não tem tantas balas como tinha antigamente, pois as taxas de juro ainda estão historicamente baixas e a Reserva Federal ainda tem um balanço bastante sobrecarregado, a situação é preocupante e merece escrutínio. Por isso se fala nela.

Portugal encontra-se num barco ainda pior. Na próxima recessão, a política monetária europeia será ainda mais fraca do que a americana porque as taxas de juro estão mais baixas na Europa, para além de que é direccionada para o Bloco euro e não para países específicos, e muita da dívida pública já é detida pelo BCE. Do lado da política fiscal, temos a dívida pública portuguesa bastante alta comparada com o tamanho da economia e as instituições não funcionam, logo os governos aproveitam situações de crise para gastar dinheiro em coisas que não produzem valor para a economia, mas que permitem a muita gente com o cartão partidário ganhar uns trocos à conta do erário público. Nada nos leva a crer que o futuro próximo seja diferente do passado recente, até porque o PS governou na crise anterior e parece que irá governar na próxima.

Com certeza percebem, então, quais as pergunta mais pertinentes que os governantes portugueses deveriam estar a tentar responder:
  1. Qual a forma de estímulo da economia portuguesa quando esta entrar em recessão?
  2. Qual a garantia de que os fundos de estímulo não serão desviados para favorecer os corruptos do costume?

Estas duas questões deveriam monopolizar a discussão em volta das próximas eleições, mas já sabemos que ninguém passará troco. Por alguma razão discutimos hoje os pecados da última crise, em vez de como minimizar os da próxima.

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