terça-feira, 22 de setembro de 2015

Estou farta de Paris!

Há duas semanas fui ao Museu de Belas Artes de Houston (MFAH) -- tenho de lá voltar, abriu uma exposição do Mark Rothko, que eu quero ver várias vezes. Como é meu hábito, passei pela loja do museu onde encontrei vários livros sobre cidades. E é sempre a mesma coisa, ou c'est toujours la même merde: Paris, Londres, Berlim, Nova York, Los Angeles, Sydney... *bocejo* Desta vez havia Beijing: poluição estilo século XIX, ai que bom! Nunca encontro Lisboa...

Aqui está uma estantezinha de livros do MFAH, na última prateleira, três livros sobre Paris:

Paris é, de longe, a cidade que mais inspira a malta para escrever. E a inspiração às vezes é muito idiota como, por exemplo, ir à loja comprar não sei o quê, e ser insultado pelo merceeiro ou pelo empregado, mas é um luxo ser insultado por um parisiense, logo suspira-se por episódios destes e regressa-se à pátria para escrever um livro sobre Paris. Outro tópico comum é mudar-se para Paris para ir viver num apartamento com uma cozinha minúscula, à la Rachel Khoo. Eu sei isto porque eu tenho vários livros sobre Paris; não estou a falar sem conhecimento da loucura:

Talvez seja o excesso de livros consumidos -- já não consegui ler o último --, mas estou farta de Paris e nunca lá fui. A única razão para ir lá é mesmo ir encontrar-me com alguém de quem eu goste muito (não estou a falar de encontros românticos), de resto não tenho vontade.

Eu tenho vontade é de ler livros sobre Portugal, daqueles com fotos muito giras. Eu sou um bocado infantil e gosto de livros com fotos. Não percebo como é que nós não temos uma indústria desses livros, que sejam depois espalhados pelas lojas dos museus do mundo. Ou alguém faz uns poucos ou eu vou fazer livros desses quando me reformar--só faltam 24 anos, mas já sabem que eu optimizo o longo prazo ou não fosse eu sou uma gaja paciente. E vão ser bilíngues. You can bet your sweet ass...

5 comentários:

  1. Rita, não cheguei a perceber porque razão lê tantos livros sobre Paris. Outra coisa que não percebi é porque existe tanta gente insultada por empregados de Paris. Mas se calhar conheço Paris menos do que esses escritores. Estive lá durante um mês há cinco anos, de férias, e não fiquei com grandes razões de queixa dos empregados. Brutos que nem calhaus pareceram-me os empregados de Roma.

    Pedro

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    1. Porque eu gosto de ler livros sobre comida. Eu leio livros de culinária como quem lê romances--é uma das minhas pancadas. Os meus amigos até me trazem livros de culinária quando vão de férias como prenda. Então pseudo-romances sobre comida é ouro sobre azul, mas estou farta dos sobre França. A propósito, o David Sedaris também tem umas histórias giras sobre França, mas não são todas sobre comida.

      A má atitute dos franceses é bastante conhecida internacionalmente. O Sarkozy, no auge da crise internacional, chegou a pedir aos franceses para tratarem bem os turistas. No ano passado, a Bloomberg escreveu um artigo sobre a forma como os turistas chineses eram mal tratados e eram alvos fáceis de assaltos: http://www.bloomberg.com/news/articles/2014-08-14/the-paris-syndrome-drives-chinese-tourists-away.

      No meu post, eu estava a pensar mais no caso de uma loja que vende artigos de culinária (formas para bolos, etc.) e que tratava muito mal os clientes. Essa loja foi mencionada num dos meus livros, julgo que o do David Leibovitz. O inventário da loja, muito extensivo, compensava a má vontade dos empregados.

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  2. OK. Mas as queixas dos chineses parecem-me ser a segurança e a limpeza, não a má educação dos franceses. (Pronto, ok, roubar é má educação ;)). Eu, sinceramente, acho isso da rudeza dos franceses um bocado mítologia, ou, se calhar, tive uma sorte rara quando lá estive. As cidades mais sujas que conheci foram Roma e Atenas. Esta última até é relativamente segura (era, há uns anos, pelo menos, quando lá estive…). Mas Roma, para além de suja, tinha lugares assustadores, onde eu não entraria outra vez, nem acompanhado por um carabinieri e, realmente, para ver um empregado mal encarado e com ar de frete, nada melhor do que Roma, para mim, pelo menos. Os atenienses, pelo contrário, são uma delicadeza e esforçam-se por falar pelo menos inglês. Falam é todos muito alto nos cafés.

    Pedro

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  3. Rita, se correr bem, mando-te um livro sobre isso... ;)

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    1. Ui, tu sabes que o meu ponto fraco são livros... Obrigada por pensares em mim! Beijinhos...

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