quarta-feira, 16 de setembro de 2015

'Sound vai-te's

Vasco: "Não fales como se me conhecesses há anos."
Joana: "Anos são múltiplos de meses."
Vasco: "Vai-te."
Joana: "Palavrões truncados, gosto tanto"

~ Pedro Mexia, "Nada de Dois"

Segundo relata o Expresso, no Domingo, António Costa disse que Portugal não tinha desistido dos jovens emigrantes, que queria que eles regressassem. Antes de convidar as pessoas a regressar, convinha reunir as condições necessárias ao seu regresso porque não há nada mais chato do que um emigrante mal-disposto. Eu sei por experiência própria.

Esta coisa dos jovens confundiu-me um bocado porque eu não sabia se estava incluída ou não no convite. Percebi que não estava por duas razões. A óbvia é que eu não emigrei há quatro anos, aliás não sou o produto do último governo, sou o produto do primeiro governo de António Guterres. Apesar de, aos seis anos, eu ainda não saber colocar bem os sapatos nos pés--confundia o direito com o esquerdo; a minha vizinha que era um ano mais nova é que me ajudava a calçar--no que diz respeito à emigração, eu sou o que se chama precoce!

A outra razão é que, se calhar, eu já não sou jovem em Portugal. Segundo me contam, profissionais de quarenta anos já são considerados velhos. Ainda bem... Antes ser uma jovem de 43 anos na América, do que uma velha de 43 anos em Portugal! Para além disso, na América, de vez em quando ainda me pedem a carta de condução quando eu peço um copo de vinho num restaurante para o empregado se certificar que, realmente, eu tenho 21 anos. Quem disse que ter 1,53 m não tinha vantagens, para além de não apanhar com ramos na cara quando passeio os cães?

Por falar em quarentões em Portugal, António Costa não os costuma tratar muito bem, como é evidente pela forma como tratou o jornalista da RTP 1, o Vítor Gonçalves, que nasceu em 1969--bom ano, até tem direito a uma canção do Bryan Adams. A meu ver, isto é uma má mensagem para os "jovens emigrantes". Ficam logo com a impressão de que, quando eles chegarem aos 40, não merecerão respeito nenhum.

Nessa entrevista, Costa aponta os problemas da Grécia, um dos quais é ter tentado negociar com a Troika unilateralmente. Na altura que isso foi feito, Costa até foi um grande proponente dessa estratégia. Agora que a estratégia não funcionou tão bem, é um exemplo do que não seguir. "Hindsight is 20/20!"--a vida vivida em retrospectiva seria perfeita...

Estas ideias todas ficaram a macerar na minha cabeça até que cheguei a um ponto e pensei: "Caramba, este Costa é só 'sound bytes'!" Depois, outro pensamento atracou: "Qual 'sound bytes'?!? Estas coisas do Costa são mais como 'sound vai-te's!!!"

2 comentários:

  1. A entrevista do dão sebastião Costa também passou nos EUA?

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    1. Suponho que se pode ouvir pela Internet. Eu não tenho TV cabo, nem satélite. Só consumo Internet e rádio.

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