segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Dejá Vu

Passadas quase duas semanas desde as eleições, já estamos na fase de apatia. A primeira vez que Trump foi eleito, o choque foi bastante maior; agora apenas se sentiu a confirmação de algo de que já se suspeitava. Um dos meus vizinhos que votou em Trump dizia-me hoje que estas eleições eram prova que a América tinha uma boa democracia porque Biden teve o voto popular há quatro anos e agora foi a vez do Trump. Ou seja, vai à vez e cada lado tem pouco tempo para fazer grandes estragos.

As pessoas têm a memória curta, mas vale a pena um sumário do primeiro mandato de Trump que começou em Janeiro de 2017:

  • o Furacão Maria, em Setembro de 2017, com quase 3 mil mortos em Porto Rico, e cuja reposta foi evocativa dos falhanços do furacão Katrina em Nova Orleães durante a administração de Bush II;
  • a guerra comercial com a China iniciada em Julho de 2018, que foi uma mudança radical da política das relações China-EUA que tinha sido cultivada desde a administração de Nixon. Mas Biden continuou a política de Trump;
  • em finais de 2019 a pandemia inicia-se na China e, meados de Março de 2020, globaliza-se e acaba por dominar o resto do mandato;
  • e chegámos a Janeiro de 2021 e tivemos o ataque ao Capitólio duas semanas antes de Trump sair.

Já com Bush II também tinhamos tido uma sucessão de eventos de grande impacto, mas mais espaçados:

  • Janeiro de 2001 entra Bush e em Setembro temos o ataque de 9/11;
  • Bush invade Iraque em Março de 2003;
  • Furacão Katrina aterra em Nova Orleães em Agosto de 2005, causa mais de 1800 mortos;
  • Setembro de 2008 colapso de Lehman Brothers e crise financeira.

Neste novo mandato, claro que vamos ter mais eventos desta envergadura e, se calhar, não nos safamos só com três ou quatro. Talvez finalmente estoure a bolha das criptomoedas e quem sabe causa uma depressão económica mundial, que tal inflação acima de 10%, uma crise da dívida soberana americana, colapso do dólar, colapso da Segurança Social americana, uma nova guerra mundial, quiçá outra pandemia, perseguições e assassinatos políticos, etc. Mas também pode ser tudo isto e mais alguma coisa que me escapa.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Cobertura das eleições na PBS

Finalmente animação!

Chegámos a 5 de Novembro, finalmente. Como a hora mudou no Domingo, decidi colocar o despertador para as 5:45 da manhã, que corresponde às 6:45 antigas. Demorou algum tempo até decidir se ia trabalhar do escritório ou de casa, mas decidi ir ao escritório. O trânsito não estava mal na direcção oeste na autoestrada, mas do outro lado tinha havido um acidente. Na minha imaginação havia a possibilidade do pessoal andar aos tiros, mas tal não sucedeu. Não é exagero da minha parte porque há bastantes relatos de situações dessas. Depois de tarde escureceu e tivemos umas chuvas fenomenais, logo pouca oportunidade para histrionices na via pública.

No trabalho chegámos a falar sobre as eleições, mas foi mais a jeito de piada do que lamento. Eu dizia que esperava que o pessoal tivesse poupanças, pois, se Trump ganha, a agricultura americana e a Segurança Social vão ao ar, mas pode-se sempre fazer dinheiro com as taxas de juro que a inflação das políticas dele irá produzir. Dá um certo calorzinho na barriga saber que quem o elege será mais prejudicado do que quem não votou nele.

E por falar em taxas de juro, em Setembro fui a Oklahoma e tive oportunidade de ir jantar com umas senhoras, algumas já reformadas, mas uma que trabalha num banco local. Dizia ela que as taxas de juro das contas a prazo e dos certificados de depósito estavam ridículas e não cobriam a inflação. Eu disse que não tinha razão de queixa, pois a minha conta de poupança tinha 4.3% de juro e o meu certificado de depósito a 12 meses tinha 5.25% (eu tenho conta no Capital One, mas até há outros bancos que tinham melhores rentabilidades). Ela disse-me que o meu banco não contava porque não era um banco regional e por isso funcionava de outra forma. Preferências--cada um usa o banco que quer. Oklahoma é completamente republicana: não há um único condado púrpura, é tudo encarnado, depois a culpa é dos azuis.

No meu Facebook, quase nenhum dos meus amigos americanos menciona as eleições e eu tenho amigos em ambos os lados. Mas há uma excepção: uma das minhas colegas do emprego que eu tinha há 12 anos, que já está reformada, é muito Republicana e ela acha que se Trump perder vai ser o fim do mundo, então de vez em quando mete uns posts a lamentar a chegada do fim do mundo. Claro que neste momento, Biden é presidente, logo se fosse para haver o fim do mundo por causa de um presidente democrata já não estaríamos aqui. E o mesmo é válido para Trump v. 2.0: sobrevivemos quatro anos, logo podemos sobreviver mais quatro e depois ele vai à vida. Claro que também há a possibilidade de o Vance o despachar para outras paragens ou até ele sucumbir à sua propria mortalidade.

De qualquer das formas, os EUA prometem que os próximos quatro anos irão ser animados.

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Uma semana

Votei no Sábado. Normalmente, vou ao centro cívico de uma igreja baptista perto de casa, mas a minha vizinha postou no Instagram uma selfie depois de ter votado na companhia de teatro local, que eu não sabia ter mesas de voto, e decidi que a partir de agora voto lá. Não apanhei fila, mas havia um fluxo constante de pessoas em que uma saía e outra entrava. No momento em que me preparava para entregar o boletim de voto, a sala explodiu em aplausos porque uma jovem negra ia votar pela primeira vez.

Em conversas com os meus vizinhos, muitos já votaram e alguns apanharam fila, coisa que raramente acontece durante o voto antecipado. Não se sabe se isto quer dizer que haverá mais pessoas a votar ou se apenas reduzirá os votos de Terça-feira, 5 de Novembro. Hoje recebi um cartão postal da comissão eleitoral do condado aconselhando-me a estar regularizada para a eleição. Suspeito que tenha havido manipulação no envio ou na entrega porque o cartão postal devia ter chegado há mais de três semanas, dado que é necessário estarmos inscritos para votar pelo menos 30 dias antes da eleição. A mim não me afecta, pois o meu recenceamento está regularizado, mas decerto que haverá quem se tenha esquecido de tratar da papelada.

As sondagens estão bastante próximas para se saber quem é o favorito, mas com o Trump nunca se sabe se as sondagens são de confiança. Julgo que o mais surpreendente é ver tantas pessoas que ainda o apoiam, especialmente as pessoas mais religiosas. Entretanto, os mercados agrícolas têm estado em queda na expectativa que ele ganhe e recomece a disputa comercial com a China. Quem fica a ganhar é o Brasil, especialmente se Trump for eleito, e a agricultura americana ficará um passo mais perto do fim. Tem piada que Trump receba mais votos das zonas rurais, que acaba por ser quem mais sai prejudicado com a sua política.

Elon Musk anda a aproximar-se de Trump e é natural que fique com um cargo político em caso de vitória dos republicanos. Trump, Vance, e Musk juntos no governo seria demasiado forte e criaria um nível de incerteza tal que o país entraria em parafuso. Mas seria o cenário mais interessante, apesar de ser também o mais caro não só para os EUA, como para o resto do mundo.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Um mês e cinco dias

Amanhã vamos ter o debate entre o Tim Walz e o J.D. Vance e daqui 36 dias talvez já tenhamos uma ideia de como foi a eleição. Normalmente (e ouço na minha cabeça o Peter Mayle a dizer "normalment" no audiolivro "A Year in Provence"), estaríamos agora a debater propostas de políticas e a avaliar o mérito de cada candidato, mas este ano não há propostas, apenas "conceitos de um plano". A minha dúvida para o debate de amanhã é ver se Vance também vai dizer disparates à Trump ou se irá ser coerente.

Há dias, vi um vídeo no Instragram sobre Cincinnatti, no Ohio, cujo nome homenageia George Washington e Cincinattus, ambos considerados virtuosos por não se terem deixado corromper pelo poder. Vance ainda não tem poder, mas parece estar embriagado com a perspectiva de estar perto dele, já que apenas Trump o terá. Ou talvez o plano seja despachar Trump caso chegue a número dois. E essa perspectiva nem é de todo má, porque dificilmente ele seria pior do que Trump.

Mas não sou tão boa pessoa quanto pareço: há uma parte de mim que não se importaria de ver Trump ganhar e governar. Iria ser péssimo, mas talvez quem votasse nele aprendesse qualquer coisa. Claro que estou a ser muito optimista -- não aprenderam à primeira, dificilmente aprenderiam à segunda.

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Pelo campo

Fui a Oklahoma na semana passada, mais propriamente a Stillwater, que é uma cidadezinha universitária que tem pouco mais de 49 mil almas e a área metropolitana tem 78 mil. Como foi o primeiro sítio onde vivi nos EUA, é como um regresso a casa para mim.

A viagem de carro demora umas seis horas e meia pela autoestrada com portagens; se for sem portagens, demora mais 40 minutos. Para lá chegar atravessa-se o Arkansas inteiro, o que tem algum charme na parte oeste, mas a parte leste entre Memphis e Little Rock costuma ter imensos camiões e é uma enorme seca. O Arkansas não tem portagens, todos os turnpikes (autoestradas com portagens) estão em Oklahoma. Não sei porquê, mas o Texas e Oklahoma adoram portagens.

Como estamos em época de eleições, umas das coisas que gosto de ver é se há anúncios políticos. Desta vez vi um no Arkansas e vários em Oklahoma a apoiar o Trump (na zona da I-40, perto de Sallisaw e Muldrow, que ficam na zona sul da Nação dos Índios Cherokee, em Oklahoma). Um dos campos por que passei tinha várias bandeiras americanas e o "Make America Great Again". Eu acho divertido que os agricultores apoiem o Trump porque ele foi péssimo para a agricultura.

Não vi nenhum anúncio pró-Harris, mas os estados por onde passei não são púrpura, logo não deve fazer sentido andar a gastar dinheiro por estas bandas.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Tiro ao Trump

No dia a seguir ao debate, fui finalmente ver o vídeo do Alan Lichtman com as chaves para a Casa Branca. Estava quase a animar com a previsão dele, quando caí à terra e pensei que talvez fosse demasiado cedo para deitar foguetes. Mas tenho duas garrafas de champagne no meu frigorífico que são pau para toda a obra, quer ela seja chorar ou celebrar--a opcionalidade é sempre bem-vinda.

O resto da semana decorreu mais ou menos e houve imensas piadas pós-debate. Talvez as mais engraçadas tenham resultado da insistência de TRump de que há imigrantes ilegais a comer animais de estimação em Springfield, Ohio. Já vi duas memes com o ALF, aquele extra-terrestre da sitcom dos anos 80. Numa o ALF está ao telefone a pedir a alguém para o levar para Springfield. Na outra, vê-se uma mugshot do ALF com uma legenda a dizer que foi apanhado pelo FBI. O ALF era uma das minhas sitcoms preferidas, e teve bastante sucesso em Portugal, apesar de não ser muito popular nos EUA.

Hoje, Trump foi alvo de outra tentativa de assassinato: o FBI encontrou um individuo que disparou tiros no campo de golfe onde jogava o ex-presidente. Se ao primeiro atentado muita gente ficou chocada, desta vez já está normalizada a completa maluqueira. Ninguém achava que a campanha ia ser pacata ou normal.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

A terminar o debate

Nada de novo debaixo do sol. Trump inventou como de costume e disse coisas sem sentido ou falsas. Ele insistiu que Biden e Harris apoiam o aborto após o nascimento, o que não tem ponta por onde se lhe pegue--um bebé que nasce não pode ser abortado por definição, mas definições nunca foram um entrave para Trump. O principal é que o público para quem ele fala ou não entende quando ele não faz sentido ou não fica incomodado.

Kamala podia ter estado melhor. Ela tem um discurso mais sofisticado, o que nem sempre é bom. O ideal é comunicar de forma bastante simples, ao nível do oitavo ano de escolaridade, mas o vocabulário dela é muito mais alto, o que pode afastar alguns eleitores. Na presença física, ela olhou muito para ele e gesticulou bastante, o que pode parecer um sintoma de ansiedade. Ele manteve-se sempre a olhar para a camera, e movimentou-se com bastante calma e exactidão.

No entanto, duvido que haja muitos indecisos nesta altura do campeonato, até porque Trump já governou, logo ninguém está a alimentar ilusões de que ele vai agir de forma "presidencial". Trump continua com a vantagem da geografia pelo facto de muitos dos seus eleitores estarem em zonas rurais, mas há muitas pessoas que votaram nele à primeira vez e que mudaram de ideias; duvido que votem em Kamala, o mais provavel é acabarem abstendo-se.

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Ready to Rumble

No final do último século, um dos jogos de vídeo mais populares era o Ready to Rumble, que se tornou ainda mais popular quando saiu a o GameCube da Nintendo. Agora também é o nome de um filme, diz o Google, mas não é isso que despoleta a minha imaginação. Amanhã é dia de debate entre Harris e Trump e é bom que estejamos "Ready to Rumble". Tenho visto pouquíssimo entusiasmo com esta eleição, apesar de, no dia 5 de Novembro, os EUA não decidirão apenas quem será o Presidente--o que está em causa é o futuro da história mundial e até da raça humana, ou não fosse um dos tópicos caros ao establishment Trumpeta a eliminação da fertilização in vitro.

Ainda estou à espera que alguém tenha o bom senso de propor acabar com o Viagra porque, se Deus quisesse que os homens tivessem ereções, não teria permitido que eles as perdessem. E homens casados com mulheres já na menopausa também não precisam de ereções porque já não têm mulher com quem procriar, logo não faz sentido que tenham acesso a tal tratamento, até porque o divórcio é anti-Deus porque separa o que Deus uniu. Era tão bom ter uma lei que controlasse o corpo dos homens, seria uma prova suprema de que estamos a caminhar para a verdadeira igualdade.

Quando o Brett Kavanaugh estava a ser entrevistado para o SCOTUS pelo Senado, a Kamala Harris perguntou ao Brett se ele conhecia alguma lei que regulasse exclusivamente o corpo do homem; ele não se lembrava de nenhuma. Amanhã o debate deverá ser bastante interessante.

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

A qualidade de vida

No outro dia, alguém postava no Facebook um argumento semelhante ao que o Nicholas Kristof fez há umas semanas no NYT: o PIB per capita europeu está a crescer tão devagar que as comparações com os EUA não são favoráveis.
"France offers almond croissants, luxury brands and an enviable way of life. But if it were a state, it would be one of the poorest per capita, on par with Arkansas.

[...] But by one European calculation, if economies continue to grow at the current pace, by 2035 the average American and the average European will be as far apart economically as the average European and Indian are today (in fairness, assessing the gaps also depends on what exchange rate is used).

Fonte: Nicholas Kristof, "Is Europe a Model for America? Or a Warning?" NYT, 28 de Agosto de 2024

E num dos comentários ao post dizia um português que a qualidade de vida nos EUA não era tão boa como na Europa. Mesmo muitos dos próprios americanos dizem o mesmo. Mas a Europa não é tão diferente dos EUA em qualidade de vida: há uma parte da população que tem dinheiro e consegue ter boa qualidade de vida e outra que nem por isso.

Um dos meus vizinhos é um americano que é médico reformado do sistema militar. Os militares nos EUA podem reformar-se ao fim de 20 anos de serviço activo. Para além da casa na minha vizinhança, ele e a esposa têm uma casa num lago. Todos os anos fazem uma ou duas férias internacionais. No ano passado, estiveram na Alemanha, agora estão no Canadá de férias.

Por falar em viagens internacionais, isto recorda-me o cunhado de uma ex-vizinha, um engenheiro reformado, que teve de cancelar várias viagens à Europa por causa da pandemia e que estava muito chateado porque sendo ele reformado, dois anos era um pedaço de tempo bastante significativo do período que ele tinha delineado para viajar.

Claro que casos avulsos não dão para generalizar, mas pelo que observo não acho que a qualidade de vida dos americanos seja assim tão má, apesar de nem toda a gente viver bem. E a tendência é para as coisas melhorarem.

sábado, 7 de setembro de 2024

A house for free

Daqui a menos de duas semanas, a expectativa é que o Federal Open Markets Committee decida cortar as taxas de juro de referência nos EUA, só não se sabe se vai ser 0,25% ou 0,5%. Também é esperado que o BCE continue a cortar os juros e as taxas de euribor já estão em tendência de queda. Tudo boas notícias para o programa de apoio a aquisição de habitação por jovens com menos de 35 anos e residentes em Portugal, que ganhem menos de 81 mil euros e queiram comprar casa até 450 mil euros.

As agências imobiliárias que lidam com estrangeiros já tomaram nota e estão a promover o programa. Penso que o objectivo desta política será diversificar a idade dos imigrantes, os tais que são conhecidos como "expats" na gíria americana. Com esta coisa do Trump e do Brexit, há muitas mulheres americanas e britânicas com mais de 50 anos a quererem mudar-se para Portugal e que precisam de namorad@s jovens e enxutos para gozarem melhor o sol e a praia. E se tais namorad@s já tiverem casa, tanto melhor.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Com tradição de contradição

Discute-se mais uma vez a privatização da TAP. Não devia ter sido nacionalizada, mas já chega de empatar o país com esta discussão: vem um governo de Esquerda e nacionaliza; um de Direita e privatiza. Tudo isso consome recursos que o país não tem. Se é para andar neste tango, mais vale fechar a companhia porque assim não se gasta dinheiro e os contribuintes não têm de andar a financiar experiências ideológicas. Isso sim, seria corajoso!

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

385

Já há uns tempos que não recordava de termos um tiroteio, mas hoje um miúdo de 14 anos matou quatro pessoas e feriu pelo menos nove numa escola secundária na Geórgia. Claro que deve haver bem mais traumatizados, mas nós não contamos esse tipo de ferimentos.

Não sei se era falha minha, que não prestei atenção, ou se realmente as coisas tinham acalmado. Há uns anos era quase um evento semanal haver tiroteios e parecia que as coisas não iam melhorar, mas ultimamente já não eram tão notícia. Mas consultei os dados agora e acontecem e acontecem com mais frequência do que antes.

A base de dados da Gun Violence Archive indica que desde o início da pandemia a violência com armas aumentou. No ano passado houve 656 tiroteios e, relativamente a este ano, o tiroteio de hoje foi o número 385.

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Dois meses e dois dias

A dois meses e dois dias das eleições, ainda não é muito visível que estamos em campanha. Como esta é a terceira campanha de Trump, deve haver alguma saturação, pois já se sabe que ele diz palermices e poucos já ligam. Vi hoje uma notícia em que ele disse que as escolas faziam operações para os miúdos mudarem de sexo. É irrelevante. Quem acredita em tal coisa não tem os filhos na escola; em vez disso educam-nos em casa. Não é tanto o que acontece que me surpreende. Estou curiosa para saber por onde anda a família de Trump. A Ivanka, o Jared, e a Melania não têm aparecido; mesmo o DJT Jr. anda murchinho.

Do lado azul, tem se falado da Kamala e do Tim terem a mesma idade, mas ele parecer muito mais velho do que ela. A meu ver, ele precisava de uma dietazinha; mas é saudável ver-se um homem a ser julgado pelo seu aspecto físico, dado que esse é o pão nosso a que se sujeitam as mulheres. O Steven Moore, um antiquário inglês, conhecido como o David Attenborough das chávenas, acha que os homens se deviam vestir de forma mais colorida, como antigamente. Isso seria o ideal para Walz, toda a gente iria falar dele.

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Sugestões

Há dias, a revista The Atlantic publicou uma peça de opinião do HR McMaster, onde ele explicou a inovação da Administração Trump ao tratar a China como um adversário, em vez de parceiro. "Explicou" nem é de todo o tom usado, mas não me vem à cabeça uma boa tradução para a expressão que me ocorre "wax lyrical".

A tese é que Trump corrigiu várias políticas que o McMaster considera insensatas. A política da China ser vista como um parceiro social já vem da década de 70, logo subentende-se que McMaster acha que a política dos presidentes desde então, tanto Republicanos, como Democratas, estava errada.

Vindo de um militar de carreira, é natural que lhe seja mais fácil ver inimigos do que amigos: se todas as nações fossem amiguinhas, não haveria necessidade de haver forças militares. No entanto, a Constituição prevê que a máquina militar esteja sob a alçada do Presidente e o poder de declarar guerra caiba ao Congresso, ou seja, a ideia dos Founding Fathers é que a máquina militar é subserviente ao poder civil. O McMaster andou lá às voltas a tentar explicar que isto da mudança de atitude para com a China foi ideia do Trump, mas era uma ideia que ele próprio já tinha há bastante tempo. Ou seja, penso que o mais provável é ele ter sugestionado o Trump.