quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Complicado, mas engraçado

Se nenhum dos candidatos presidenciais americanos conseguir 270 votos do Colégio Eleitoral, a eleição passa para a Casa dos Representantes, que tem 435 representantes, onde a delegação de cada estado tem direito a um voto. (DC não vota porque não é estado, duh!) Os candidatos em quem votar seriam Donald Trump, Hillary Clinton, e Evan McMullin (este Evan é castiço: trabalhou na Goldman Sachs e no FBI, let the conspiracy theories begin...).

Já o Vice-Presidente seria eleito pelo Senado, que tem 100 senadores, mas em votos individuais. O Congresso que votaria seria o novo, e não o actual, logo estamos a falar de os EUA terem de esperar mais de dois meses até se saber quem é o novo Presidente.

O Dia da Inauguração é sempre em 20 de Janeiro; 21, se 20 calhar a um Domingo. (Quando Barack Obama foi eleito em 2008, chegou a considerar-se antecipar o Dia da Inauguração porque o país estava em tão má situação -- acho os Republicanos uns trastes*.)

Se quiserem saber mais, a Bloomberg tem uma P&R a explicar o processo que é complicado, mas engraçado.

* Ah vá lá, tenho de insultar os americanos; passo a vida a insultar os políticos portugueses. É igualdade de oportunidade de insulto. A propósito de insultar os políticos portugueses, olhem que eu vivo nos EUA, onde há liberdade de expressão. (Já agora, que estou com a mão na massa, então o idiota do Ministro da Educação parece que mentiu no Parlamento. O Parlamento representa o povo!.) Se me levam a tribunal porque insulto os políticos portugueses, solto o Consulado Americano em cima do político. Pago um balúrdio de impostos ao Tio Sam por alguma coisa. Don't mess with Texas women, darlings!

6 comentários:

  1. Rita, dear, se fores processada em Portugal, o Estado Americano não tem nada a ver com o assunto. És cidadã Portuguesa também, logo, não estás ao abrigo da protecção consular. É a "Master Nationality Rule". Só há lugar a protecção consular quando uma pessoa tem problemas num país que lhe é estrangeiro e sê-lo ou não depende da nacionalidade. Mais, se tiveres problemas num país terceiro não podes ter em simultâneo protecção consular Portuguesa e Americana. Ou uma ou a outra e cabe ao Estado onde tens problemas definir (com critério de residencia) qual a que aceita.

    Foi por isto que o Estado Português não tugiu nem mugiu no caso do Luaty Beirão que é cidadão Português mas também cidadão Angolano.

    O caso que dás, porém, é muito provavel que tivesse defesa mas por outros lados. Não, de todo, pela questão da protecçao consular e seria, acima de tudo, uma questão jurisdicional, parece-me.





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  2. Uma dúvida (ou duas, mas no fundo tem tudo a ver com a mesma questão) - toda essa coisa de se não houver maioria no colégio eleitoral, a Camâra dos Representantes escolhe entre os 3 candidatos com mais votos no CE, refere-se ao colégio eleitoral tal como ele está na noite da eleição presidencial, ou refere-se ao que acontecer no colégio eleitoral quando ele tiver a sua reunião?

    Ou seja:

    - Se no dia 8, nenhum candidato tiver maioria no colégio, a questão passa automaticamente para os Representantes, ou até o colégio reunir há espaço para umas semanas de negociações e/ou especulações do tipo "o candidato Z vai dar os seus votos ao candidato Y"?

    - Se não haver maioria, os 3 candidatos serão necessariamente os 3 candidatos que elegeram mais delegados no 8, ou há possibilidade de alguns delegados ao CE, no momento, votarem em alguém que nem sequer esteja na corrida, e assim essa carta fora do baralho ser um dos 3 candidatos entres os quais os Representantes vão escolher o presidente?

    [Creio que o Evan McMullin trabalhava na CIA, não no FBI, o que é capaz de ser ainda melhor para a teoria da conspiração]

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  3. A Câmara dos Representantes tem 435 membros.

    Evan McMullin trabalhou para a CIA, e não para o FBI.

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  4. Miguel,

    Posso tentar responder às suas questões:

    A decisão da Câmara dos Representantes referir-se-á ao Colegio Eleitoral DEPOIS de este se reunir (o que acontece em Dezembro). Isto não quer dizer que haja qualquer tipo de negociações. Os membos do Colégio Eleitoral estão obrigados a votar conforme o respectivo estado votou (há casos de um outro membro desse colégio não ter cumprido o determinado e votar noutro candidato, mas a raridade de tal ocorrência torna essa especulação largamente despicienda).

    Juntaria que o cenário de nenhum dos candidatos atingir os 270 votos (a maioria)no Colégio Eleitoral dependeria de uma vitória de Evan McMullin no Utah, o que já pareceu possível mas parece fora de hipótese neste momento (as últimas três sondagens naquele estado dão a Donald Trump vantagens de 12%, 6% e 11%, respectivamente).

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  5. Obrigado pelo esclarecimento.

    Imagino outra hipótese de nenhum ter maioria.

    http://www.realclearpolitics.com/epolls/2016/president/2016_elections_electoral_college_map_no_toss_ups.html

    Pegue-se no mapa do RCP sem estados indefinidos (tal como está neste momento, mas pode mudar a qualquer altura), mude-se a Florida para o Trump e ponha-se a Hillary a ganhar nos dois distritos do Maine, e pronto, empate a 269 cada um.

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  6. Hipótese bem amanhada, Miguel, e até possível.

    Seja como for, um empate no Colégio Eleitoral significará decerto uma vitória de Trump, pois a Câmara dos Representantes muito dificilmente não continuará republicana (a decisão é feita, nesse caso, estado a estado, mas mesmo por esse critério os republicanos dominam, pois detêm a maioria da representação na câmara baixa mesmo em termos de estados). E o Vice-Presidente seria escolhido pelo Senado, o que tornaria o candidato democrático ligeiramente favorito, nesta altura.

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