quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Um mês interessante

O Colégio Eleitoral reúne-se a 19 de Dezembro, mas antes disso muita água pode correr debaixo desta ponte. A contagem de votos ainda não terminou. O New Hampshire, que tinha sido dado como favorável a Trump, foi dado como favorável a Hillary Clinton. A Associated Press ainda não anunciou o resultado final do Michigan. Segundo as estimativas mais recentes que encontrei, talvez haja 7 milhões de votos por contar, como vos disse antes, muitos são na Califórnia (4 milhões), em D.C., e Nova Iorque.

Na Segunda-feira, o Arizona ainda tinha cerca de 125.000 votos para contar, mas não se espera que dêem a vitória a Clinton. David Wasserman, do Cook Political Report mantém uma folha de cálculo com as contagens oficiais à medida que são actualizadas.

Lady Gaga, a tal que recebe mais de $200.000 por discurso, iniciou uma petição para o Colégio Eleitoral votar de acordo com o voto popular, mas já vai um bocado tarde. A decisão de como o Colégio Eleitoral vota depende das leis vigentes em cada estado e só podem ser modificadas a esse nível legislativo. (Até tem lógica. Se o Colégio Eleitoral não tem de respeitar a vontade popular nacional, então também é legítimo argumentar que os representantes de um estado não têm de respeitar a vontade popular do estado.)

Antes de 19/12, Donald Trump tem de aparecer em dois julgamentos: um em que é acusado de fraude na Trump University; e outro em que é acusado de violar uma menor -- esse caso já prescreveu, mas a vítima alega que Trump a ameaçou se ela fizesse queixa às autoridades.

Entretanto, a equipa de transição de Donald Trump não tem rolado sobre rodas. Chris Christie foi afastado de líder da equipa e especula-se que se tenha devido a ele estar envolvido na acusação de evasão fiscal e outros crimes do pai do marido de Ivanka Trump. Newt Gingrich afastou-se. Rudy Giuliani poderá ser Secretário de Estado, mas há quem ache que ele tenha conflitos de interesse; Ted Cruz está a ser considerado para Attorney General.

Na próxima semana, celebra-se o Thanksgiving e já vi alguns dos meus amigos e seus amigos, que vivem fora do Midwest, dizer no Facebook que não estão com vontade de ver os membros da sua família que votaram em Donald Trump. Não sei se alguns americanos se recusarão a visitar a família. Um amigo meu do Arkansas, que vive em Minneapolis, começou um grupo secreto no Facebook para apoiar pessoas cujos pais votaram em Donald Trump.

8 comentários:

  1. Rita,

    Não estou por aí mas tenho notícias de que há amizades de longa data que estão a romper-se de um dia para o outro.
    Muitos convívios, festas de anos, por exemplo, ficam estragadas quando alguém
    faz qualquer observação a respeito de Trump.
    A regra "Bambi if you have nothing nice to say, shut up" nem sempre aguenta o ambiente em tom conveniente.
    Trump, para muitos, para muitos mais do que aqueles que se julgava, passou a ser intocável.

    Foi assim que eclodiu o ovo da serpente nos anos 40 do século passado.

    O que me admira muito é que as suspeitas de irregularidades tributárias (que levaram Al Capone à prisão) levantadas no NYT, por exemplo, e a participação em rede de branqueamento de capitais, reportada pelo Financial Times, há cerca de um mês, pareça não mobilizar a justiça norte-americana.

    Ou será que a maior parte dos norte-americanos é incumpridor em matéria de impostos e considera, à portuguesa, espertos aqueles que escapam?

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    1. Sendo uma possível "espiral do silêncio" é necessário ter presente que, nos EUA, o Ministério Público não tem o monopólio da investigação criminal.

      E, não o tendo, sempre surge, no mínimo, uma associação ou uma universidade que investiguem o que estiver em falta.

      Nem a "Unidade Pericial de Elite do FBI" escapou a esta regra, tendo sido exposta, desde 2013, em relatórios concludentes como tendo cometido erros muito graves, desde 1989 e que em quase nenhum outro país teriam sido detectados e divulgados de modo tão amplo. E, em certas situações, com amplo apoio do próprio FBI que, por si mesmo, começou a informar o que detectara por si mesmo, nas suas práticas bem como o que fizera para prevenir novos erros.

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  2. "O New Hampshire, que tinha sido dado como favorável a Trump..."

    Dado por quem? Todos os mapas que eu vi desde a manhã de dia 9 dão-no "Clinton" ou "provavelmente Clinton" ou "ainda não se sabe".

    "A decisão de como o Colégio Eleitoral vota depende das leis vigentes em cada estado e só podem ser modificadas a esse nível legislativo."

    Mas dá-me a ideia que essas leis são como as leis proibindo o assassínio, não? Isto é, se eu matar alguém, sou punido, mas o assassínio não é anulado e a vítima continua morta; da mesma maneira, tenho a ideia que, se os grandes eleitores votassem maioritariamente em, digamos, Darrel Castle, seria multados ou até processados judicialmente, mas a votação em sí mantinha-se e Darrel Castle seria mesmoo próximo presidente dos EUA, ou não?

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    1. Em 2004 houve um que votou em John Edwards, que era candidato a vice de John Kerry. Sim, se Edwars tivesse 270 votos, Edwards seria o vencedor.

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  3. Pois.
    A votação nos Estados Unidos decorreu segundo determinadas regras pré-estabelecidas, conhecidas por todos, votantes e não votantes.
    Votantes e não votantes tomaram a sua decisão conhecendo essas regras. Presume-se que aceitam essas regras.
    Agora, como 62 milhões não gostam do resultado obtido segundo as regras, querem mudar o resultado na secretaria.
    Ok, então que se lixem os 62 milhões.
    E que se lixem os 61 milhões que são analfabrutos.
    E que se lixem os 50 milhões que não se deram ao trabalho de votar (extrapolação do número de abstencionistas nas eleições de 2014).
    Que o próximo presidente dos EUA seja decidido pelos 7 milhões que não votaram numa corrupta nem num misógino.
    Se é para subverter as regras retroactivamente, então sejam criativos.

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    1. "Que o próximo presidente dos EUA seja decidido pelos 7 milhões que não votaram"

      Não estamos assim tão longe de evitar ignorar o abstencionaismo.

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    2. Atenção que os 7 milhões não são os que não votaram.
      Se seguir o link que a Rita Carreira disponibilizou para o trabalho de David Wasserman, vai encontrar:
      Votantes na corrupta, 62 milhões e picos;
      Votantes no misógino, 61 milhões e picos;
      Votantes em outros candidatos, não discriminados, aprox. 7 milhões.
      Quando o consultei, eram esses os valores. Como está em actualização permanente...
      Para dados sobre a abstenção, a minha fonte é esta:
      http://www.census.gov/data/tables/time-series/demo/voting-and-registration/p20-577.html
      A tabela 10, mais concretamente (é um download de um ficheiro Excel), "Reasons for Not Voting, by Selected Characteristics: November 2014"
      Refere-se, se não me engano, às eleições para o Congresso, com aprox. 48 milhões de abstencionistas.
      Desculpe-me a repetição, mas se querem subverter as regras retroactivamente, sejam criativos.
      Os outros candidatos, os que tiveram 7 milhões de votos, podem até ser tão maus (ou piores) que as duas abéculas que estão to topo do cartaz mas pelo menos não foram (tanto) alvo das campanhas sectárias de ódio.

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