sábado, 26 de novembro de 2016

Cortar ou não cortar...

Os cortes de cabelo recordaram-me de das aulas do Frank Steindl, antigo professor de Economia na Oklahoma State University. Dizia ele para as pessoas terem cuidado com os exemplos que davam. A ideia de que quanto mais o preço desce, maior a quantidade procurada não é verdade para os cortes de cabelo. Se alguém cortar o cabelo e o preço baixar logo a seguir, a pessoa não volta ao cabeleireiro só para aproveitar a descida de preço. Então quem tem o cabelo curto, tem uma procura potencial de cortes de cabelo ainda mais reduzida do que alguém com o cabelo comprido.

A propósito do post dos cortes de cabelo, um leitor enviou-me um e-mail acerca do Efeito de Balassa-Samuelson. O que me chateou no exemplo do Carvalho da Silva é que ele citou preços que não fazem sentido nenhum: os coeficientes de ajustamento PPP publicados pela OCDE, mostram que $1 PPP vale $0.786 na Alemanha e $0.593 em Portugal, ou seja, o rácio Alemanha-Portugal não é 4, como ele disse, logo os dois preços que ele mencionou não se referem ao mesmo corte de cabelo.

Se forem à página da Expatistan, têm um ponto de partida acerca da comparação Lisboa-Berlim; no entanto, a informação dos preços é recolhida de contributos dos próprios utilizadores, logo há, pelo menos, enviesamento de selecção. De acordo com os dados fornecidos, um corte de cabelo normal para homem custa €12 em Lisboa e €18 em Berlim, ou seja, um rácio de 1.5. E até ficarão surpreendidos em saber que a categoria de cuidados pessoais é 9% mais cara em Lisboa do que em Berlim, mas julgo que parte da explicação deve-se à taxa de IVA em Portugal ser ligeiramente mais alta do que na Alemanha e haver diferenças de isenção.

Achei realmente difícil que o rácio fosse 4 -- é verdade, encalhei logo nos números escolhidos, nem consegui pensar em mais nada.

1 comentário:

  1. Acho que a lição a tirar é: não ver programas de TV em que participem pessoas como Carvalho da Silva e clones afins :P

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