terça-feira, 15 de novembro de 2016

A semana despesista

No último dia da Presidência Bush, 20/1/2009, Terça-feira, a dívida nacional americana era de $10,626 triliões curtos; na Segunda-feira seguinte, a dívida estava em $18 triliões curtos. O Presidente Obama conseguiu gastar $8 $7,4 triliões curtos numa semana apenas. Neste momento, estima-se que a dívida seja de $19,8 triliões curtos. Ora digam lá se o Obama não é um grande despesista? É absolutamente genial, pois é...

11 comentários:

  1. Há qualquer coisa que claramente estás a ver mal, Rita.

    Como disse, para este tipo de coisas, uso o site de estatísticas da St Louis Fed por ser super intuitivo e fácil de usar. O gráfico da dívida pública federal pode ser visto em:

    https://fred.stlouisfed.org/series/GFDEBTN

    É absurdo o que vou fazer agora mas parece-me necessário dadas as discrepâncias. Abaixo coloco a tabela com a dívida pública federal no fim de cada FY desde 2000 até 2016 directamente do Treasury:

    https://www.treasurydirect.gov/govt/reports/pd/histdebt/histdebt_histo5.htm

    Como é evidente os valores directamente da origem, ou seja, do Treasury, coincidem com os da St Louis Fed. Esquisito seria o contrário.

    Em simultâneo li a notícia que puseste do Washington Post. Ora, no fim do Q1 2009 a dívida pública Americana estava em US$11126941*10^6. Muito longe dos "$18 triliões curtos" da notícia. Portanto os tais oito triliões de USD sumiram algures entre 27 de Janeiro e 31 de Março.

    Desculpa, Rita, mas estás a ver algo mal nesta história toda.

    Tentando deslindar o mistério pareceu-me que o adequado seria ir consultar as Daily Treasury Statements em busca da solução. Podem consultar-se em formato pdf em https://www.fms.treas.gov/dts/index.html. Consultei os diários de 20 a 30 de Janeiro de 2009. E não encontrei rasto dos oito triliões de USD. Os valores, aliás, são consistentes com os encontrados no final do Q1 2009.

    Há algo aqui que claramente não joga.




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    1. Realmente, não joga porque a dívida da St. Louis Fed não é publicada semanalmente e como relata o artigo do Washington Post, que linkei no post, o aumento de $8 triliões ocorreu na primeira semana da administração Obama. Se não quiseres ler, diz que te recusas a ler. Não vale a pena eu estar a discutir contigo. Let's agree to disagree...

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    2. Não leste o meu comentário até ao fim. Se leres um bocadinho mais adiante descrevi os meus passos seguintes, para além do gráfico da St Louis Fed, precisamente devido à exactidão das datas.

      Precisamente por causa das datas tão precisas tive que ir a um nivel mais micro e fui ver os diários do Treasury, todos, de 20 a 30 de Janeiro de 2009, e não encontrei rasto desse dinheiro. São publicados diariamente e não semanalmente. Sendo que, em todo o caso, nem sequer seria preciso ir tão longe. Se houve um aumento de 8 triliões na primeira semana de Obama, forçosamente estariam reflectidos no Q1 2009. Mas não estão, portanto, algo se passou. O que é facto é que nem nos diários do Treasury eles estão reflectidos.

      A sugestão, porém, parece-me adequada. Let's agree to disagree.

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    3. Pois, efectivamente não li. Acho que o problema principal é o facto de a Administração Bush ter tido uma contabilidade tão farrusca e isto foi escolha própria. Podíamos estar aqui a discutir quem gastou o quê até vir a senhora da fava. No entanto, fico na minha, quem recebeu uma economia em muito bom estado e a entregou em péssimo estado ao Presidente seguinte foi o W. Neste momento, a economia americana está melhor do que o que estava quando Obama entrou. As pessoas podem ter a opinião que quiserem, mas eu já tenho a minha formada.

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  2. Não quero "chover na vossa parada", mas o artigo do WaPo diz textualmente "On January 20, 2009, it stood at $10.6 trillion; on Monday, it was at $18 trillion. "

    On Monday. Last Monday.

    O artigo é de 7 de Janeiro de 2015, 5ª-feira, refere-se ao 1º dia útil do ano fiscal de 2015, 2ª-feira (Monday...), 4 de Janeiro.

    No site da St Louis Fed podemos ver que o valor de 18 trilhões bate certo com o final do Q4 2014. Estamos, pois, a falar de Mondays (e de Januarys) separadas por 6 anos.

    Enfim...

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    1. Sim, parece-me que essa interpretação está mais correcta.

      De qualquer forma, é obvio olhando os gráficos que a divida cresceu MUITO durante os primeiros 2 anos do primeiro mandato do Obama. Se podemos considerar que provavelmente uma parte consideravel do primeiro ano foi assumir "défice encoberto" do W, sim, possivelmente é verdade. Mas a maior parte terá sido mesmo devido a acções (corretas, na minha opinião) tomadas para lidar com a grande recessão de 2008/2009. Desde então o crescimento do défice não tem sido particularmente grande ou rápido.

      Por outro lado, é preciso não esquecer que embora o presidente controle nominalmente as despesas correntes (o défice anual) apenas o pode fazer com anuencia do congresso (que tem de autorizar um determinado limite para o défice - ou o seu crescimento). Ou seja, dificilmente se poderá assacar a culpa do défice unicamente ao presidente. O Congresso autorizou (de novo, na minha opinião, corretamente) o aumentar do défice para lidar com a crise.

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  3. Caro Terry Maloy, BRAVÔ! Tiro-lhe o chapéu pelo excelente exemplo de ovo de Colombo que acaba de dar. É tudo isto, portanto, um não assunto.

    Muito obrigado por ter resolvido a questão. E eu não posso senão penitenciar-me pela minha indesculpavel falta de perspicácia.

    Bem Haja!


    Caro iv, o gradiente da linha é mais ou menos constante até 2013. Aí surgem umas inflexõezitas. No meu comentário ao outro post da Rita mostrei numericamente (em agregado do mandato até ao Q1 2016) precisamente o que pode ver-se, ou seja, que a administração Obama foi a que menos resultados obteve com a dívida que contraiu. Podemos falar sobre a bondade das medidas mas isso são contas doutro rosário. Há, porém, algo que cabe aqui e tem relação directa com este post e com aquele que lhe deu origem que é se as decisões de assumir esse gasto foram boas não por elas em si mas sim em função da dívida e obrigações já existentes e aos quais os das novas decisões acresceram. Ou, mais prosaicamente, se havia dinheiro para pagar o que queria fazer-se. E aqui o cenário enegrece muito. As medidas para debelar a crise e que tiveram efeitos nos FY2009, 2010 e 2011 têm, sem dúvida, defesa neste contexto. A sua real dimensão, porém, está aparente no parágrafo seguinte. Mas daí para a frente não. Foi tão somente e apenas mais um governante a gastar dinheiro por conta do futuro. Um perdulário como vários outros. Com a agravante de ter gasto mais do que os anteriores obtendo menos resultados. Na Europa viu-se isto, quer-me parecer... O que faria, caro iv, se fosse accionista duma companhia e a administração lhe apresentasse uma coisa destas? O maior crescimento na dívida e a menor eficiência no seu uso? Quer-me parecer que corria com essa gente, não é verdade? Aqui é o mesmo.

    Revisitemos as medidas tomadas em 2008 e 2009. Uma parte do dinheiro dispendido pelo Estado Federal foi-o sob o guarda-chuva do TARP – Troubled Asset Relief Program. O TARP foi criado no fim da administração Bush para responder aos efeitos da débacle de 2008. Foram-lhe destinados US$700 billion tendo, no fim, sido usados apenas US$426,4 billion. Os gastos no âmbito do TARP terminaram em Outubro de 2010. Só que os dinheiros desembolsados foram sendo devolvidos e o Estado Federal teve um lucro que vai, nesta altura, em quase US$8 billion. Ou seja, houve efectivamente desembolsos com efeitos nos FY2009 e 2010 mas nos anos seguintes o Estado Federal recebeu os proveitos o que, para o total do mandato da (ainda) actual administração leva a que os impactos do TARP na dívida pública federal sejam positivos. O outro programa criado para lidar com os efeitos da crise de 2008 foi o ARRA – American Recovery and Reinvestment Act criado pela administração Obama em 2009. Este não está sujeito a reembolsos como as ajudas no âmbito do TARP. Os seus impactos na dívida pública, porém, são relativamente reduzidos no bolo total. Foram de US$833 billion entre 2009 e 2015 (dados do CBO) ou seja, menos de 10% do total do acréscimo de dívida pública durante a administração Obama.

    É muito certo que o orçamento é aprovado pelo Legislativo como é normal em todo o lado. Porém o Orçamento é feito pelo Executivo e é o Executivo que toma as opções de política. Numa apreciação global, nos EUA como em todo o lado, os Orçamentos respondem às opções tomadas pelos governos antes e acima de tudo e só numa medida muito reduzida aos Parlamentos. Nos EUA as guerras entre a administração Obama e o Congresso por causa das questões orçamentais foram lendárias tendo mesmo havido um Government Shutdown em 2013. Foi o momento mais crítico mas as guerras entre a Administração e o Congresso foram uma constante a partir do momento em que Obama perdeu a maioria na House of Representatives. E, claro, sempre no mesmo sentido; Obama querendo gastar mais e o Congresso a não lhe autorizar as veleidades.

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    1. Sinceramente, é um grande insulto à minha inteligência toda esta conversa porque eu mandei-te ir ver os dados e tu continuavas com a mesma tanga. É preciso eu recorrer ao ridículo para te ires informar. Detesto conversas deste tipo. É uma perda de tempo discutir com pessoas "religiosas"!

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  4. Rita, só podes estar a brincar. Depois da confusão que geraste e de me teres posto à procura de US$8 trillion que afinal não existem tens o topete de dizer isso? Tantas voltas e revoltas para no fim voltar ao exacto mesmo ponto onde estava? E ainda dizes que o “religioso” sou eu?! Ora bolas! Se alguém aqui podia sentir-se insultado seria eu! Mas, acredita, não me sinto tal, de todo em todo, e nem sequer o pensamento me aflorou ao espírito.

    Se te referes à resposta à crise de 2008, bom, o TARP veio do Bush e acabou a dar lucros ao governo federal portanto não é por aí. Se te referes ao ARRA, olha, representou 10% do total. Grande coisa. Se deduzires os US$833*10^9 e fizeres as contas sem esse valor ficas exactamente na mesma em termos de conclusões. Mas nem isso seria justo.

    Na gestão, seja do que for, uma família, uma empresa, uma comunidade, um país, há sempre situações adversas que todos temos que enfrentar. A qualidade da gestão vê-se também e muito em especial em como é dada a resposta às adversidades que se nos deparam. É normal que os eventos negativos nos impeçam de cumprir integralmente os nossos objectivos conforme os temos programados... embora isto também seja dependente do projecto original e do que prevê para contingências. Sim, Obama teve que lidar com os efeitos da crise de 2008. Tal como Bush teve que lidar com o dot.com, com o 11 de Setembro e com uma Arábia Saudita em risco de tornar-se hostil na sequência da morte do saudoso Rei Fahd. Bill Clinton, do que me lembro, mais ou menos conseguiu ir passando pelos intervalos da chuva e o pior que teve talvez tenha sido a crise asiática de 1997. Bush pai teve que lidar com os efeitos da queda do muro de Berlim, com a implosão da URSS, com a invasão do Kuwait e, mais importante neste campo em particular, com a herança de Reagan nas finanças públicas. Ronald Reagan também herdou os seus problemas de Jimmy Carter, nomeadamente inflacção elevada e uma política externa desastrosa. Gerir é também (e sobretudo, porventura) saber lidar com estes precalços. Obama não soube. E precisamente por isso, cingindo-me apenas a este campo em particular, conseguiu os péssimos resultados que conseguiu e que penso ter demonstrado de forma clara, racional e objectiva.

    Várias vezes tenho escrito que Obama acabará recordado como o pior presidente do pós-guerra, talvez mesmo abaixo de Jimmy Carter. E sei perfeitamente porque é que o digo. Posso não me recordar do que se passou em pormenor sobre tudo e mais alguma coisa destes últimos oito anos. É muito provavel que tenha esquecido os detalhes. Mas em 2008 eu já por cá andava e, na altura, fui conhecendo, vendo e reflectindo sobre o desenrolar dos acontecimentos. Exactamente como faço agora em 2016 em relação aos aspectos do presente. Ao fim de oito anos e muitas mais tralhas na cabeça, as minudências foram sendo esquecidas e ficaram apenas as linhas e conclusões gerais. Bastou, porém, reler uma coisita ou outra rapidamente para relembrar o passado. Exactamente como daqui a oito anos já não me lembrarei em pormenor desta conversa nem dos eventos do actual presente. Não me esquecerei, porém, dos aspectos e conclusões gerais. Exactamente como agora, em 2024 não me lembrarei de quaisquer pormenores sobre 2016. Mas se em 2024 reler algo que me dê alguns pointers sobre a bancarrota de Portugal ou sobre a guerra na Síria ou sobre múltiplos aspectos do presente actual , não duvides, rapidamente recordarei os pormenores. E escrever isto fez-me lembrar que, haverá talvez três ou quatro anos, escrevi um petit-rien qualquer precisamente sobre o TARP e os lucros que isso estava a dar ao governo federal ou, pelo menos, previa trazer, algo assim. Em suma: Tal como a generalidade das pessoas, esqueço os pormenores e os detalhes dum evento com o passar do tempo. Mas as linhas e conclusões gerais que quando foram alcançadas tiveram em conta todos esses matizes, essas, dificilmente me desaparecem da ideia.

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