sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Prémio Nobel da Paz

É certo que o Nobel da Paz é um prémio político, mas por isso mesmo é necessário um cuidado adicional ao atribuí-lo. Depois de há uns tempos o terem atribuído a Barack Obama, recém-eleito presidente dos EUA, agora atribuí-lo à União Europeia leva a credibilidade deste prémio para as ruas da amargura. Quem o receberá a seguir? A Adriana Xavier?

16 comentários:

  1. Caro professor,

    desculpe, mas o seu comentário parece-me de um populismo de vistas curtas. A União Europeia não é só a moeda única e a austeridade.

    Antes de haver União Europeia, tivemos 2000 anos de guerras constantes no continente. Nas últimas seis décadas, não houve guerra nenhuma entre os países que constituem a UE.

    É difícil viver em 2012 com salários baixos e impostos altos. Mas era mais difícil viver em 1942 ou em 1916.

    Esse é o mérito da União Europeia. É importante, bem mais importante em termos históricos que a crise atual, e faz bem a academia norueguesa em reconhecê-lo.

    Ou, no tal estilo populista: agora temos que aturar a Alemanha da Angela; antes tínhamos a Alemanha do Adolf. A UE sempre serviu para alguma coisa.

    ResponderEliminar
  2. Dado que as regras do Prémio Nobel impedem que este seja atribuído a mortos, é possível que o Comité Nobel tenha sentido uma certa urgência em homenagear a União Europeia.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. És um pessimista. A UE até pode acabar, mas não é isso que invalida a conclusão que é um dos principais contributos para a paz na Europa. o Gandhi tb morreu, mas guerra entre a Índia e o Paquistão não retira valor à sua acção política.

      Eliminar
    2. Deve ter sido essa a principal razão

      Eliminar
  3. A União Europeia é um morto-vivo. Dado estado comatoso do nobel da paz, é hoje legítimo questionar se foi a UE que permitiu todos estes anos recentes de paz e prosperidade ou o contrário.

    ResponderEliminar
  4. Não sei qual seria contrafactual da Europa (sem a UE). Tens ideia?

    ResponderEliminar
  5. Não conheço nenhum estudo contrafactual mas não tenho dúvidas de que a Europa teria crescido de qualquer maneira. Ao contrário do que reza a lenda, a UE não nasceu dos nobres instintos dos líderes europeus da época, como já num post anterior referi. Os políticos e intelectuais do pós-guerra eestavam apenas preocupados com a resolução dos problemas nacionais e, graças a um conjunto de acasos e circuntãncias felizes, a CECA, a CEE (mais tarde UE) pareceu-lhes a melhor solução para esses problemas internos. A coisa correu bem enquanto a economia cresceu - e só podia crescer dado os 50 anos perdidos do século XX -, mal a coisa começou a correr mal os chamados egoísmos nacionais (que sempre lá estiveram) voltaram logo à superfície.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. "A coisa correu bem enquanto a economia cresceu - e só podia crescer dado os 50 anos perdidos do século XX"

      Por acaso não compro nada esta ideia de o crescimento económico ser inevitável. Nada mesmo.

      Eliminar
  6. A história da UE & já havia FEDER antes de PT entrar no clube

    http://www.dw.de/dw/article/0,,16255235,00.html

    http://www.publico.pt/Mundo/a-historia-da-reuniao-que-acabaria-por-abrir-as-portas-a-fundacao-da-cee_1567069?all=1

    ResponderEliminar
  7. Há, pelo menos, dois factos que dificilmente a história desligará das actuais lideranças da UE: Internamente, o agravamento da desigualdade entre estados. Na política externa, a indiferença, quando não encorajamento, com que assiste ao "dominó democrático" islâmico, banhado a sangue, que cerca a Europa e cuja primeira peça o actual presidente da comissão ajudou a empurrar. O Nobel da Paz tornou-se num cómico concurso de lobbies.

    ResponderEliminar
  8. "Por acaso não compro nada esta ideia de o crescimento económico ser inevitável. Nada mesmo."
    Quando se olha para o futuro, tudo é incerto. Quando se olha para o passado, o desfecho dos acontecimentos ganha maior coerência e previsibilidade. E eu nem sou um partidário incondicional de determinismos típico do marxismo ou dos Annales com as suas famosas "estruturas", segundo as quais há tendências subterrãneas económicas, sociais, sendo a função do historiador identificá-las através de determinados padrões estatísticos, como a evolução da produtividade por exemplo. Acho que os homens têm em cada momento alguma liberdade, alguma margem de manobra para condicionar o rumo dos acontecimentos. Por exemplo, se os líderes franceses, alemães e italianos do pós-guerra não fossem homens com mais de 70 anos e com uma grande experiência de vida(todos curiosamente, democratas-cristãos e todos fluentes em alemão, língua que falavam nos seus encontros) a história podia ter sido outra. O que eu quis dizer, admito que de forma pouco conseguida, é que mantendo-se todas as outras variáveis constantes, a Europa sem União Europeia teria crescido de qualquer maneira. A Eurpa estava arrasada, cansada e traumatizada de de guerras e, portanto, a margem e a disposição para o crecimento económico era enorme - com ou sem União Europeia.

    ResponderEliminar
  9. Para as pessoas que dizem que não houve nenhuma guerra entre membros da UE, também não houve nenhuma guerra entre membros da UE e países europeus não-membros da UE; essa paz foi provavelmente mais o resultado de todos os países da Europa Ocidental estarem perante um inimigo comum na Guerra Fria do que dos méritos intrinsecos da UE.

    ResponderEliminar

Não são permitidos comentários anónimos.