terça-feira, 12 de junho de 2018

Pessoal, mas transmissível ,,, (2)



Regresso ao continente (expressão tipicamente açoriana…) dez dias depois de ter vivido uma experiência única. Fui obrigado a uma reflexão exigente para interpretar racionalmente esta comemoração de quarenta e poucos ex-alunos de um curso liceal terminado há cinquenta anos e para a qual fui convidado como seu professor, embora para a quase totalidade delas e deles não mais tivéssemos tido qualquer contacto. Se alguns desses alunos ainda vivem no Faial, outros vieram de ilhas vizinhas (Pico, S. Jorge, Terceira, Flores) e outros de bem mais longe - não falo de Lisboa, mas de Toronto, por exemplo! A simpatia, carinho, as manifestações de amizade para comigo, evocando o passado, foram tão sinceras que me tocaram profundamente.


Independentemente das conclusões a que possa ter chegado, ou venha ainda a chegar, a verdade é que este reencontro foi muito emotivo. Eu tinha memórias, algumas muito vivas, desse passado distante, mas é evidente que enquadrar nessas memórias de jovens que éramos (eu tinha 32 anos, eles à volta dos 18) os adultos (alguns verdadeiramente idosos…) que somos, obriga a uma ginástica mental por vezes complicada. Houve muitos cabelos e barbas brancas, a par de calvícies e gorduras inoportunas. Mas também houve quem de imediato reconheci; às vezes não ligava o nome que me ocorria à pessoa que me abraçava, mas algum tempo depois como que refiz o meu quadro mental de há cinquenta anos.

O ponto alto das comemorações foi a reposição da peça “A Longa Ceia de Natal”, que hoje estou certo foi o cimento que nos uniu a todos – alunos e professor. Há cinquenta anos fui o encenador e ensaiador do grupo de alunos que a levou ao palco, e ela foi o “prato forte” da festa dos finalistas, tendo tido tanto êxito que foi exibida mais três vezes. Não foi possível manter todos os mesmos actores, mas os substitutos estiveram à altura. Antes da exibição da peça, fui entrevistado por um actual professor da Escola Secundária Manuel de Arriaga, o Dr. Victor Dores, tendo como tema uma comparação entre os anos 60 do século passado e a actualidade, com foco na educação.

Nos outros dois dias, a confraternização abrangeu no sábado uma ida à ilha do Pico, com almoço em S. Roque, e no domingo mais um almoço na Praia do Varadouro, no Faial, a que se juntou uma visita ao Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos.

Acrescentei a estes mais cinco dias de visita aos Açores, que será motivo para um outro post, a publicar em breve.



(Fotografia do grupo de alunos comigo, depois da exibição da peça)

3 comentários:

  1. Esse mesmo! Neste momento é professor na Escola Secundária da Horta. Eu não o conhecia, creio que foi convidado a ser meu entrevistador por ter interesse em teatro e, claro, por ser professor na escola que substituiu o "meu" liceu de há cinquenta anos. Conheces?

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    1. Conheço. É amigo do meu pai, fez-me uma visita guiada extraordinária ao Faial.
      Tem também alguma obra publicada e é um estudioso dos vários sotaques das ilhas. E consegue falá-los todos. Só no Pico há três sotaques diferentes.
      Tem alguns livros de poesia.
      Algumas das melhores críticas que li sobre os livros do meu pai foram escritas por ele. E quando digo melhores não no sentido de serem elogiosas é mesmo pela profundidade da análise.

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