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sábado, 6 de outubro de 2018
A vida é complicada
A senhora S sabe vestir-se de forma a causar uma primeira
boa impressão, vive sozinha, costuma ir a bares de solteiros, onde bebe sempre bastante
– este último dado é muito importante, porque o álcool suspende a
autoconsciência e introduz nebulosidade e ambiguidade. Alguém puxa conversa e
ela acaba na casa dele ou ele na casa dela. Um dia, numa época em que a comunicação social
estava (e está) cheia de histórias de agressões sexuais, diz ao seu
psicoterapeuta: “Acho que fui violada”. A seguir, acrescenta: “cinco vezes”.
Esta é uma história verídica, contada por Jordan Peterson, psicólogo clínico e
autor do best-seller “12 regras para a vida”. A palavra-chave aqui é “acho”.
Peterson não tem dúvidas de que qualquer psicoterapeuta, com alguns
conhecimentos de Freud, poderia facilmente transformar o “acho” numa certeza
absoluta. E a paciente acolheria rapidamente essa certeza. Tudo passaria a
fazer mais sentido na cabeça da senhora S. Estaria encontrada uma causa clara e
simples para todos os seus actuais problemas. A solidão, ninguém com quem
conversar, uma carreira profissional inconsequente, a atracção e, ao mesmo
tempo, o medo e a desconfiança dos homens – a senhora S foi ignorada pelo pai e
acossada pelos irmãos. Em vez disso, Peterson preferiu ouvir e perguntar à
senhora S a sua opinião. E ela falou, falou muito, e continuou a ter dúvidas
sobre se tinha sido ou não violada, se tinha ou não consentido. Passados uns
tempos, abandonou a terapia. A vida é complicada, diz Peterson.
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