segunda-feira, 29 de julho de 2024

Coincidência ou conveniência?

Joe Biden, o segundo presidente católico dos EUA (o primeiro foi o JFK), votou em 1982, enquanto senador, a favor de que o aborto fosse decidido a nível dos estados, em vez de ser um direito federal como preconizava Roe vs. Wade, quando Orrin Hatch (Senador Repulicano) propôs uma emenda à Constituição que foi a pré-votação no Senate Judiciary Committee, . A Emenda de Hatch nunca chegou a ser votada no Senado; em 1983, quando Hatch voltou à carga, Biden votou contra, mas isso não significou que tivesse mudado de ideias.

Durante décadas, Biden invocou a sua fé de católico para defender a sua posição anti-aborto, no entanto, tal fé não foi impedimento para que se casasse em 1973 com Jill Biden, que era uma jovem divorciada. Depois invocou questões monetárias, dizendo que quem era contra o aborto não devia ser obrigado a pagá-los.

Aquando da oportunidade de se candidatar a Vice-Presidente, ao lado de Obama, a fé católica não o impediu de "suavizar" a sua posição relativamente ao aborto. Mesmo assim, nem era carne, nem peixe: dizia que não podia impor as suas preferências ao mundo. Depois candidatou-se a Presidente e aí teve de ser a favor do aborto, pois era disso que a casa dos Democratas gastava.

Roe vs. Wade cai pelas mãos do Supremo Tribunal dos EUA em 2022, mais de um ano depois de Biden ser presidente. Não havendo uma norma federal, cada estado faz o que lhe dá na telha, que era exactamente o que Biden tinha votado a favor em 1982. Como Presidente, não promoveu qualquer tentativa de passar uma lei federal que garantisse o acesso ao aborto. A situação actual é discriminatória e viola a lei federal: quando uma mulher grávida se dirige às urgências, há hospitais que recusam admissão por medo de que a mulher necessite de um aborto.

Conclusão, Biden falhou uma das promessas mais importantes que fez durante a primeira campanha. Só não sabemos se a sua inacção foi uma coincidência ou foi por conveniência.

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